Capítulo 1 – Os chefes dos exércitos de Alexandre, o Grande, dividem o império depois de sua morte. Tolomeu torna-se de improviso senhor de Jerusalém. Manda várias colônias de judeus ao Egito e confia neles. Guerras contínuas entre Jerusalém e os samaritanos.

Alexandre, o Grande, morreu, depois de vencer os persas e tratar Jeru­salém do modo como falamos. Seu império foi dividido entre os chefes de seu exército: Antígono recebeu a Ásia; Seleuco, a Babilônia e as nações vizinhas; Lisímaco, o Helesponto; Cassandro, a Macedônia e Tolomeu, filho de Lago, o Egito. Houve divergências entre eles com relação ao governo, as quais causa­ram sangrentas e longas guerras, desolação em várias cidades e a morte de um grande número de pessoas.

A Síria sofreu todos esses males sob o reinado de Tolomeu, de quem acaba­mos de falar e ao qual se dava o nome de Sóter, isto é, “salvador”, mas ele mostrou que não o tinha por justo título, pois veio a Jerusalém num dia de sába­do com o pretexto de oferecer sacrifícios, e os judeus — como não desconfiaram dele, pois era dia de descanso — receberam-no sem dificuldade. Então esse prín­cipe tirou vários habitantes dos montes da Judéia, dos arredores de Jerusalém, da Samaria e do monte Cerizim e enviou-os para o Egito. Agatarchide, cnídio, que escreveu a história dos sucessores de Alexandre, censura por esse motivo a nossa tradição, dizendo que ela nos fez perder a liberdade. Disse ele: “Um povo, que traz o nome de judeu e que habita numa cidade grande e forte de nome Jerusa­lém, não tendo querido, por uma longa superstição, tomar as armas, permitiu que Tolomeu dela se tornasse senhor e rude dominador”.

Tolomeu, sabendo da resposta que os judeus tinham dado a Alexandre de­pois que vencera Dario — o que lhe deu a certeza de que eles observavam muito religiosamente os seus juramentos — confiou-lhes a guarda de diversos lugares, deu-lhes em Alexandria direitos de burguesia iguais aos dos macedônios e os obrigou, por juramento, a serem fiéis a ele e à sua posteridade. Vários outros judeus foram de boa mente estabelecer-se no Egito, para onde se dirigi­am atraídos pela fertilidade do país e pelo afeto que Tolomeu testemunhava aos de sua nação.

Os descendentes desses judeus fizeram contínua guerra aos samaritanos, por­que nem uns nem outros queriam deixar os seus costumes. Os de Jerusalém sustentavam que somente o Templo de Jerusalém era santo e que não se deviam fazer sacrifícios em outros lugares. Por outro lado, os samaritanos sustentavam que era necessário oferecê-los no monte Gerizim.

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