Capitulo 11 – O profeta Jonas prediz a jeroboão II, rei de Israel, que ele vencerá os sírios. História desse profeta, enfiado por Deus a Nínive para predizer a ruína do império da Assíria. Morte de feroboão II. Zacarias, seu filho, sucede-o. Excelentes qualidades de Uzias, rei de Judá, que faz grandes conquistas e fortifica Jerusalém. Sua prosperidade o faz esquecer de Deus. Deus o castiga de maneira terrível. Jorão, seu filho, sucede-o. Salum assassina Zacarias, rei de Israel, e usurpa a coroa. Menaém mata Salum e reina dez anos. Pecaías, seu filho, sucede-o. Peca assassina-o e reina em seu lugar. Tiglate-Pileser, rei da Assíria, faz-lhe cruel guerra. Virtudes de fotão, rei de fudá. O profeta Naum prediz a destruição do Império Assírio.
2 Reis 14. No décimo quinto ano do reinado de Amazias, rei de Judá, Jeroboão II sucedeu a Jeoás, seu pai, no reino de Israel e durante os quarenta anos em que ele reinou sempre teve, tal como os seus predecessores, sua residência em Samaria. Nada se poderia acrescentar à impiedade desse soberano e à sua inclinação para a idolatria, que o levou a fazer coisas extravagantes, atraindo sobre o seu povo males infinitos. O profeta Jonas predisse-lhe que ele venceria os sírios e levaria os limites do reino até a cidade de Hamate, do lado norte, e até o lago Asfaltite, do lado sul, que eram os antigos limites da terra de Canaã, fixados por Josué. Jeroboão II, animado por essa profecia, declarou guerra aos sírios e conquistou todo o país, conforme Jonas havia predito, do qual se tornaria senhor.
Como prometi narrar sincera e fielmente tudo o que está escrito nos Livros Santos, não devo passar em silêncio o que eles referem acerca desse profeta. Deus ordenou a Jonas que fosse anunciar aos habitantes de Nínive, grande e poderosa cidade, que o império da Assíria, de que era a capital, seria destruído. Essa ordem pareceu-lhe perigosa a ponto de ele decidir não a executar. Como se pudesse esconder-se dos olhos de Deus, ele embarcou em Jope, a fim de fugir para a Cilícia. Porém se levantou uma tão grande tempestade que o piloto do barco e os marinheiros, vendo-se em perigo de naufragar, faziam votos pela sua salvação.
Jonas era o único que, retirado a um canto e coberto com a sua capa, não imitava o exemplo deles. A tempestade crescia cada vez mais, e eles imaginaram logo que alguém dentre eles atraíra aquela infelicidade. Para saber quem era, tiraram a sorte, e ela caiu sobre o profeta. Perguntaram-lhe quem ele era e que motivos o levavam a empreender aquela viagem. Ele respondeu que era hebreu e profeta do Deus Todo-poderoso, e, se queriam evitar o perigo de que estavam ameaçados, teriam de lançá-lo ao mar, porque era o único culpado.
De início, não quiseram fazê-lo, pois julgavam desumanidade atirá-lo às águas, expondo assim a uma morte certa um estrangeiro que lhes havia confiado a vida. Quando se viram prestes a morrer, todavia, o desejo de salvar as próprias vidas e a insistência do profeta fizeram-nos decidir lançá-lo ao mar. No mesmo instante, a tempestade cessou. Diz-se que um grande peixe o engoliu e, depois de ele ter passado três dias em seu ventre, ele o restituiu vivo e sem ferimento algum à praia do Ponto Euxino, de onde ele partiu para Nínive, depois de pedir perdão a Deus, e anunciou ao povo que eles perderiam bem depressa o império da Ásia.
2 Reis 14 e 15. Voltemos agora a jeroboão II, rei de Israel. Ele morreu depois de reinar feliz durante quarenta anos, e foi enterrado em Samaria. Zacarias, seu filho, sucedeu-o. Uzias, do mesmo modo, no quarto ano do reinado de Jeroboão II, sucedeu a Amazias no reino de Judá. Nasceu este de Jecolias, mulher de Amazias. Ela era de Jerusalém.
2 Crônicas 26. O rei Urias tinha tanta bondade e amor pela justiça e era tão corajoso e previdente que essas excelentes qualidades, unidas, levaram-no a realizar grandes empreendimentos. Venceu os filisteus e tomou-lhes muitas cidades, entre as quais Gate e Jabné, da qual abateu as muralhas. Atacou os árabes, vizinhos do Egito, e construiu uma cidade perto do mar Vermelho, onde deixou uma forte guarnição. Ele também subjugou os amonitas, tornando-os tributários. Reduziu ao seu domínio todos os países que se estendem até o Egito e empregou em seguida todo o seu cuidado na restauração e fortificação de Jerusalém.
Mandou consertar e refazer as muralhas, que estavam em muito mau estado, pela incúria de seus predecessores, inclusive aquele espaço de quatrocentos côvados que Jeoás, rei de Israel, mandara derrubar ao entrar triunfante na cidade, após aprisionar o rei Amazias. Mandou também reedificar várias torres com altura de cento e cinqüenta côvados e construiu fortificações nos lugares mais afastados da cidade. Fez ainda vários aquedutos.
Ele criava um número enorme de cavalos e de gado, porque a região é rica em pastagens. Como amava muito a agricultura, mandou plantar uma grande quantidade de árvores frutíferas e toda espécie de plantas. Mantinha trezentos e setenta mil soldados, todos escolhidos, armados com espadas, arcos, fundas, escudos e couraças de bronze, distribuídos em regimentos e comandados por dois mil bons oficiais. Mandou também fazer uma grande quantidade de máquinas de atirar pedras e dardos, grandes ganchos e instrumentos semelhantes, próprios para os ataques e as guerras.
O orgulho de tão grande prosperidade envenenou o Espírito do soberano e corrompeu-o de tal modo que esse poder passageiro e temporal o fez desprezar o poder eterno e subsistente de Deus. Não observou mais as suas santas leis e, em vez de continuar a praticar a virtude, procedeu à imitação do pai na impiedade, entregando-se ao crime. Assim os seus felizes empreendimentos e a glória de tantas ações beneméritas só serviram para destruí-lo e para fazer ver o quanto é difícil aos homens conservar a moderação na prosperidade.
No dia de uma festa solene, ele revestiu-se dos paramentos sacerdotais e entrou no Templo para oferecer a Deus as incensações no altar de ouro. O sumo sacerdote Azarias, acompanhado por oitenta sacerdotes, correu e disse-lhe que aquilo não era permitido. Proibiu-lhe passar além e ordenou que saísse, para não irritar a Deus com aquele incrível sacrilégio. Uzias ficou de tal modo encolerizado que o ameaçou de morte, bem como a todos os outros sacerdotes, se não permitisse que ele fizesse o que desejava. Mal pronunciou essas palavras, sentiu-se um terrível tremor de terra. O alto do Templo abriu-se, e um raio de sol feriu o ímpio rei no rosto. No mesmo instante, ele ficou coberto de lepra. O mesmo tremor de terra dividiu também em dois, num lugar próximo da cidade, de nome Eroge, o monte que está voltado para o ocidente, do qual uma metade foi levada a quatro estádios dali contra outro monte, que está voltado para o levante, o que barrou toda a estrada principal e cobriu de terra os jardins do rei.
Os sacerdotes, vendo o rei coberto de lepra, imaginaram facilmente a causa. Disseram que aquele castigo era um sinal visível da justiça de Deus e ordenaram que ele saísse da cidade. A sua extrema confusão tirou-lhe a ousadia de resistir, e ele obedeceu. Assim, foi castigado pela sua impiedade para com Deus e pela temeridade que o levara a se elevar acima da sua condição humana. Ele passou algum tempo fora da cidade, onde viveu como um homem qualquer, enquanto Jotão, seu filho, dirigia os destinos da nação. Urias morreu de desgosto por ver-se reduzido àquele estado. Tinha sessenta e oito anos, dos quais reinara cinqüenta e dois. Foi enterrado em seus jardins, em um sepulcro separado, e Jotão sucedeu-o.
2 Reis 15. Quanto a Zacarias, rei de Israel, ele reinava havia apenas seis meses, quando Salum, filho de jabes, assassinou-o e usurpou o trono. Mas Salum desfrutou somente um mês do governo que tão grande crime lhe outorgara. Menaém, general do exército, que então estava na cidade de Tirza, marchou com todas as suas forças para Samaria, combateu-o, venceu-o e o matou. Por sua conta, pôs a coroa na própria cabeça e voltou a Tirza com o exército vitorioso. Os seus habitantes, porém, não quiseram reconhecê-lo e fecharam-lhe as portas. Então ele devastou toda a área, tomou a cidade à força e matou todos os seus habitantes, não poupando nem mesmo as crianças. Desse modo, foi cruel contra a sua própria nação, tanto que não se teria coragem de agir assim nem mesmo para com os bárbaros. E ele não procedeu com maior humanidade durante os dez anos de seu reinado em Israel.
Pul, rei da Assíria, declarou-lhe guerra, e ele, não se sentindo bastante forte para resistir, deu-lhe mil talentos de dinheiro para conservar a paz. Exigiu em seguida a mesma quantia do povo, por uma imposição de cinqüenta dracmas por cabeça. Morreu logo depois, e foi enterrado em Samaria.
Pecaías, seu filho, sucedeu-o e não herdou menos a sua crueldade que o trono, porém reinou somente dois anos. Peca, filho de Remalias, chefe de campo de um regimento de mil homens, matou-o à traição num banquete com vários outros de seus familiares. Ele apoderou-se do trono e reinou vinte anos, sem que se possa dizer se ele era mais ímpio ou mais injusto. Tiglate-Pileser, rei da Assíria, fez-lhe guerra, apoderou-se de toda a área de Gileade, de toda a região que está além do Jordão e daquela parte da Galiléia próxima de Quedes e de Hazor, aprisionou todos os habitantes e levou-os escravos para o seu reino.
2 Crônicas 27. jotão, filho de Uzias, rei de Judá, e de )erusa, que era de Jerusalém, reinava nessa época. Nenhuma virtude faltava a esse príncipe, pois ele foi tanto religioso para com Deus quanto justo para com os homens. Tomou grande cuidado em restaurar e embelezar essa grande cidade. Mandou refazer o átrio e as portas do Templo e reerguer uma parte das muralhas, que havia caído. A isso acrescentou torres grande e fortes e eliminou todas as desordens do reino. Venceu os amonitas, impôs-lhes um tributo de cem talentos, dez mil medidas de trigo e outras tantas de cevada por ano. Aumentou de tal modo a extensão e a força do país que ele era não menos temido por seus inimigos quanto amado pelo seu povo.
Durante o seu reinado, um profeta, de nome Naum, predisse a ruína do império da Assíria e a destruição de Nínive, nestes termos: “Tal como às vezes as águas de um grande reservatório são agitadas pelo vento, assim se verá igualmente todo o povo de Nínive agitado e perturbado pelo temor, e a sua hesitação será tão grande que num mesmo tempo dirão uns aos outros: Fujamos! Outros dirão: Não! Fiquemos para apanhar o nosso ouro e a nossa prata. Mas nenhum deles seguirá esse conselho, porque eles preferirão salvar a vida, e não os seus bens. Assim, só se ouvirão entre eles gritos e lamentações. O seu terror será tão grande que muito mal sobreviverão, e as suas cidades ficarão irreconhecíveis. Para onde irão então os leões e as mães dos leõezinhos? Nínive, diz o Senhor, eu te exterminarei, e não se verão mais sair de ti os leões aue assustavam o mundo”.
O profeta acrescentou várias outras coisas semelhantes com relação a essa poderosa cidade, as quais não refiro para não aborrecer os leitores. Cento e quinze anos depois, constatou-se a veracidade dessa profecia.
Muito bom esse comentário bíblico, especialmente sobre o o rei Joroboão II e sobre a participação do profeta Jonas, especialmente quando ele decide desobedecer a ordem divina e por fim, ter que passar 3 dias na barriga do grande peixe.