Capítulo 11 – Os judeus de Alexandria mandam a Caio uma embaixada para falar-lhe de seus sofrimentos; Fílon era o chefe dessa embaixada. Caio recebe-o de maneira que parecia muito favorável. Mas Fílon julgou bem que não podia confiar nele.

Depois de termos feito todo o possível para tornarmos Helicom favorável a nós, vendo que trabalhávamos inutilmente, porque ele era tão insolente e tão cheio de si que ninguém ousava aproximar-se dele, não sabendo além disso se ele tinha algum ódio pessoal e particular contra nós, que o levasse a irritar o imperador para nos perder, julgamos dever tomar outro caminho e resolvemos apresentar um pedido ao príncipe para informá-lo de nossos sofrimentos, o qual continha em resumo o que nós tínhamos escrito mais detalhadamente num memorial manda­do pouco antes ao rei Agripa, quando ele viera a Alexandria, para ir à Síria tomar posse do reino que Caio lhe havia dado. Assim, partimos para Roma na persuasão de encontrar na pessoa do imperador um justo juiz, quando nele tínhamos o mais mortal dos inimigos. Ele nos recebeu no campo de Marte, ao sair dos jardins de sua mãe, com um rosto alegre e palavras afáveis; fez-nos sinal com a mão, de que nos seria favorável e nos mandou em seguida a Homus, introdutor dos embaixadores, para que tomasse conhecimento de nosso assunto. Assim, não havia um só dos que estavam presentes, nem mesmo dos de nossa nação, que conheciam bem as coisas, que não julgasse que nossa embaixada seria bem-sucedida, como podía­mos desejar e todos se alegravam conosco. Mas minha idade e o conhecimento que eu tenho das coisas do mundo faziam-me mais capaz de julgar e o que alegra­va aos outros era-me suspeito, porque eu raciocinava assim: “Como é possível que havendo aqui embaixadores de todas as partes da terra, nós somos os únicos aos quais o imperador mandou dizer que daria audiência? Não sabe ele que sendo judeus, nós ficaríamos assaz contentes se ele nos tratasse como os demais? Poderí­amos pretender sem loucura, favores particulares, de um príncipe que não é da nossa nação, duvidar de que ele não tenha mais simpatia pelos de Alexandria do que por nós e não crermos que é somente para obsequiá-los que ele quer se apres­sar em apressar o seu parecer? Praza a Deus que em vez de ser nesse assunto um justo juiz, ele não fosse o protetor deles e nosso inimigo!”

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