Capítulo 10 – Conclusão destas palavras que confirmam ainda o que já foi dito em favor de Moisés, e da estima em que se deve ter a lei dos judeus.

Penso ter cumprido plenamente o que tinha prometido, pois contra o que dizem esses caluniadores eu mostrei que nossa nação é muito antiga e que vários dos mais antigos historiadores fazem menção de nós em seus anais.

Os egípcios querem fazer crer que nossos antepassados eram originários de seu país e eu mostrei que eles para lá tinham ido procedentes de outro lugar. Dizem que eles tinham sido expulsos por causa de doenças corporais e eu mos­trei que eles o fizeram, com coragem e decisão, para regressar ao seu país. Eles se esforçaram maliciosamente por fazer mau e eu mostrei outrossim que o mesmo Deus quis prestar testemunho de sua virtude e que ela foi louvada em todos os séculos.

Quanto às nossa leis, seria inútil estender-me mais a esse respeito, pois basta considerá-las para se ver logo que elas inspiram uma verdadeira piedade para com Deus e uma grande caridade para com os homens; convidam os que a professam a tornar comuns seus bens; são amigas da justiça e inimigas da injus­tiça; rejeitam o luxo e a ociosidade; recomendam a frugalidade e o trabalho; não incitam à guerra com o fito de enriquecer, nem de se aumentar o território, mas, por uma verdadeira generosidade, e não nos ensinam a pagar o mal com o mal, nem a usar de dissimulação, mas querem que nossas ações sejam sempre confor­mes às nossas palavras.

Assim, eu digo com sinceridade que nenhum outro poderia dar tão bons conselhos e preceitos como nós. Que pode haver de mais louvável que uma piedade constante, de mais justo do que obedecer às leis e de mais vantajoso que viver numa perfeita união, sem que a adversidade nos torne insolentes? Que não termos na guerra medo da morte, ocuparmo-nos na paz da agricultura e das artes e em qualquer tempo e em qualquer lugar, estarmos sempre fortemente persuadidos de que Deus vê nossas ações, e que nada acontece no mundo, que por sua ordem e por sua determinação?

Se outros povos escreveram ou observaram estas coisas antes de nós, considerá-los-emos como nossos mestres e reconheceremos que muito lhes devemos. Mas se eles ao contrário as receberem de nós e eu demonstrei, como penso, que nenhum outro as pratica tão exatamente, que os Ápios, os Molons e todos os outros, que sentem prazer em inventar contra nós tantas imposturas e calúnias, deixem de nos atacar. Quanto a vós, virtuoso Epafrodita, que tendes tanto amor pela verdade, é para vós e para aqueles que desejam como vós ser instruídos no que se refere à nossa nação que eu realizei este trabalho.

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