A Restauração da Unidade

Uma aliança com e entre os irmãos. Então nós temos as duas principais idéias ou maneiras que a unidade deve se manifestar em nós: primeiro entre mim e o Pai, segundo entre mim e meu irmão, o meu próximo.

A unidade é um assunto que está no coração do Pai. Aqui na terra ainda não compreendemos o que é ser um e o andar pleno em unidade. Embora pareça simples, este assunto é tão complexo quanto o mistério acerca da Trindade. Quantos de nós pode dizer que compreende plenamente a trindade? E a trindade nada mais é, segundo o próprio Jesus, do que a expressão perfeita e única de UNIDADE que precisa haver entre nós, Jo 17.21. Só que ao morrer na cruz, Jesus não só nos deu um acesso ao Pai, mas também nos conferiu uma eterna aliança entre nós e o Pai. Além disso, Ele nos conduziu a uma família espiritual e também eterna, que já existia antes de nós. Dela nos fez participantes, e nos conferiu uma aliança de uns para com os outros.

Uma aliança com e entre os irmãos. Então nós temos as duas principais idéias ou maneiras que a unidade deve se manifestar em nós: primeiro entre mim e o Pai, segundo entre mim e meu irmão, o meu próximo. É sobre isto que queremos falar hoje.

Unidade: De que falamos ao dizer “unidade”?

Antes de falarmos sobre a unidade, creio que a primeira coisa a fazer é falar sobre o que queremos dizer ao usarmos a expressão unidade. Ao falar de unidade não estamos falando necessariamente de sermos iguais uns ao outros. Unidade do tipo: “Agora quem é branco deve ser preto para ter unidade com eles”, por exemplo. Ao falarmos de unidade estamos falando de um relacionamento, de um compromisso, de uma aliança de andarmos juntos com o Pai e com o nosso irmão. Ao falar de unidade falamos de comunhão. Em abril estivemos no encontro do CMT 2012 em Bauru, lembro de que o Abílio nos falou sobre a unidade apesar da diferença. Ele nos citou o exemplo do relacionamento entre ele e seu irmão mais velho, eles não eram iguais: eles dividiam o mesmo quarto, e ele gostava de dormir tarde e acordar tarde, seu irmão gostava de dormir cedo e acordar cedo ouvindo um radiozinho. Isto criava certos atritos entre eles, mas não quebrava a unidade que foi criada entre eles. As diferenças não impedem a unidade, podemos ser um, apesar das diferenças que há entre nós.

Trindade: A primeira demonstração de unidade

Em Gênesis 1 temos a primeira demonstração de unidade, já no princípio da criação. Em Gn 1.26 temos a seguinte expressão: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra”. Mas como é possível ler “E disse Deus: façamos…”, ao invés de “E disse Deus: faça”? É que no original hebraico aparece a palavra Elohim que foi traduzida para Deus em português. Esta palavra (Elohim) tem ideia de pluralidade, de coletivo. Sua expressão no singular hebraico é a expressão “El”, que compõe as palavras Dani-El (Deus é meu juiz), Migu-El (Aquele que é parecido com Deus) e Emanu-El (Deus conosco). Já a palavra Elohim expressa um substantivo coletivo de Deus. O coletivo de uma palavra em português tem a idéia de um grupo, como por exemplo: o coletivo de peixe é cardume, o coletivo de lobo é alcatéia, e ramalhete é para flores. O substantivo coletivo é uma palavra no singular, mas que traz a idéia de plural. O
coletivo de El (Deus) é o Elohim (Deus), já deixando claro que não se trata de um só. Assim é a trindade.

Unidade: Uma revelação para o Novo Testamento

Na minha pesquisa sobre Unidade no Antigo Testamento só encontrei esta expressão que aparece em Gênesis 1. Talvez haja alguma outra, não fui exaustivo em minha pesquisa. Mas creio que unidade é uma revelação para o Novo Testamento, no qual este assunto não é tratado entre sombras e escuridão, mas é claro e direto nas palavras de Jesus e dos apóstolos. E como já foi dito a unidade tem duas expressões principais: a unidade entre mim e Deus e a unidade entre os homens. Jesus foi enviado ao mundo com intuito de que Deus através dEle, restaurasse o que se havia perdido. Não só o objetivo desta restauração é o homem perdido nos seus pecados, mas também restaurar o homem que estava separado de Deus. Mas
não só restaurar o homem para Deus, assim também restaurar o homem para o seu próximo. Vejamos:

a) Unidade entre nós e Deus:

Já sabemos que Adão ao pecar foi expulso do paraíso. Não só por causa do pecado fazer separação entre ele e Deus. Mas também por causa da quebra do relacionamento entre ele e o Pai. Adão, na virada da tarde, se encontrava com Deus, Gn 3.8. Agora, expulso do paraíso, teve este relacionamento quebrado, teve sua unidade com o Pai desfeita.
Em Cristo esta unidade é refeita. A bíblia fala que fomos reconciliados com Deus, Rm 5.10-11. No dicionário diz que reconciliar é pôr de acordo duas pessoas ou grupos em desacordo. É restabelecer a confiança, a estima após um afrouxamento de relações, é pôr-se de bem com alguém. É fazer a paz, ou “as pazes”, como preferimos dizer. Quando crianças brigávamos e nos reconciliávamos muitas vezes. Era um tal de ficar de mal e ficar de bem. Assim mesmo era a nossa relação com Deus: antes estávamos de mal com Deus, mas Cristo veio e hoje estamos de bem com Ele, Aleluia. Outros textos que falam da restauração de nosso relacionamento e comunhão com Deus: Rm 5.1-2; 2Cor 5.18-20

b) A unidade entre os homens

Esta unidade também é fruto do que Deus fez na Cruz em Cristo. Com a obra da cruz Deus desfaz duas grandes divisões que haviam entre os homens: A divisão entre judeus e não-judeus (uma divisão religiosa e baseada na lei do Antigo Testamento) e a divisão entre os próprios homens, divisões que existem desde o mais simples motivo até chegar aos motivos mais absurdos.

  • Deus restaurando a unidade entre judeus e não-judeus, Ef 2.11-22
  • Deus restaurando a unidade entre os homens (não só na igreja), Mt 5.38-48, Rm 12.10-21

Unidade: um novo tempo de graça

Hoje temos um novo tempo, um tempo de graça e favores divinos. Hoje o Senhor nos pergunta quem é o teu próximo, Lc 10.25-37(v.29)? É com o meu próximo, com o meu irmão, que Deus tem efetivado uma aliança também. E o Pai espera que eu possa agir como o samaritano da parábola, e meu próximo possa saber que pode contar comigo. É interessante notar que o segundo pecado citado na bíblia é o assassinato de Abel, Gn 4.8. O primeiro pecado, a desobediência, quebra a unidade entre o homem e Deus, o segundo pecado, o homicídio, mostra a quebra da unidade entre os homens (que é uma consequencia do primeiro pecado).
Esta aliança entre os homens faz parte do projeto de unidade universal de Deus descrito em Jo 17.6-26, que só é possível quando cada um percebe que está ligado ao outro e a todos, Rm 12.4-5 (a NVI diz: “formando um só corpo, e cada membro está ligado a todos os outros”).

Em Jo 17.20-23 vemos o padrão desta aliança:
a) v. 20-21a – Não só estes, mas também aqueles, para que todos sejam um e não dois grupos, Ef 2.13-18;
b) v. 21a – O objetivo supremo é que sejamos um segundo o modelo de unidade que há entre o Pai e o Filho;
c) v. 21 – O efeito desta unidade na terra como no céu (igual) é aumento da fé no mundo;
d) v. 22 – E isto é possível, pois temos recebido de sua glória (força e capacitação) para que esta unidade aconteça, Jo 1.14 e 16, Col 1.27 e Fp 4.13;
e) v. 23a – E o segredo é que é Cristo em nós, e o Pai em Cristo, e isto não nos torna completos agora, mas sim capazes de nos aperfeiçoar em unidade e nos afeiçoar uns aos outros (1Tes 2.8, 1Sm
19.1), superando brigas e intrigas, Satanás e o mundo, para sermos UM; e
f) v. 23b – A manifestação-operação de todas estas coisas acima descritas irá operar o conhecimento no mundo de que Jesus não é apenas um ser histórico, mas que de fato houve alguém entre nós enviado por Deus, e que este mesmo Deus nos ama, assim como amou a este Filho, Hab 2.14.

Unidade: Considerações finais

Diante do que foi exposto há algumas considerações a serem feitas:
A primeira consideração é que nós devemos destruir qualquer barreira entre nós e o Pai:

a) Pecado – Antes de nos convertermos havia uma barreira entre nós e o Pai que era o pecado, e esta barreira ainda nos perturbará enquanto estivermos nesta carne, a solução para isto é o andar na luz. O andar na luz é manter comunhão, é o estar ligado, se relacionando. 1Jo 1.5-9, 2.1-6; O andar na luz não é só o confessar pecados, é o tipo de vida que Jesus viveu, Jo 8.29; 4.34. Devo lembrar que a prática do pecado quebra a unidade entre mim e o Pai, 1Jo 3.2-10.
b) Engano – Heb 12.1-4
c) O mundo – Pois ser amigo do mundo é ser um com o mundo, Tg 4.4-5; 1Jo 2.15-17.
d) Idolatria – um apego muito forte a qualquer coisa que não seja o Senhor. Qualquer coisa que concorra com o meu amor pelo Senhor, como o futebol e compras no shopping, 1Co 10.14-23. Também entra aqui o querer namorar alguém que não é do Senhor, pois não há comunhão entre luz e trevas, 1Cor 6.14-18.
e) Unidade virtual – Precisamos entender que a unidade da igreja é factual, precisa ser de fato e não de palavras. Precisamos entender que a igreja está no mundo para fazer toda a vontade de Deus, e vontade de Deus também passa pela unidade, o ter de fato tudo em comum, At 2.44-47; 4.32 e 5.13

E a segunda consideração é que eu devo destruir as barreiras entre mim e meu irmão, pois agora todos nós somos um em Cristo. Entre estas barreiras, destaco a raiz de amargura, pois ela:
a) Quebra a unidade entre mim e meu irmão, Heb 12.12-15;
b) Faz inaceitável a minha oferta, Mt 5.21-24; e
c) Contribui para que o Pai se afaste de mim, 2Co 13.11.

Conclusão

Diante do esforço empreendido pelo próprio Pai, devemos viver e nos relacionar entre nós de modo que o agrademos, conforme Col 3.12-15: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos”.
Não qualquer misericórdia, mas de entranháveis misericórdias para com meu irmão. Não só de paciência, mas de um longo-ânimo. Não só o suportar como se não houvesse outra opção, mas ser suporte, apoio. Não só perdoar apenas, mas perdoar conforme o modelo de Cristo. Revestindo-se de amor (1Cor 13.1-7), que é o vínculo (elo, conexão) que nos leva à perfeição. Isto nos conduzirá a uma paz entre nós e em nós, que só o Príncipe da paz pode produzir.
Fontes: ASSUMINDO UMA ALIANÇA COM O MEU PRÓXIMO – Um manisfesto em prol da unidade.
A UNIDADE DA IGREJA. Apostila Conselho de Deus, pag. 81-83, Edição de Dez-2001

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