Como achar a vontade de Deus – Parte 2

Como achar a vontade de Deus

Como achar a vontade de Deus

O Alvo: A experiência ou a imagem de Jesus?

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8:14).  E como é que nos tornamos filhos de Deus? “Portanto aos que de antemão conheceu,  também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja  o primogênito entre muitos irmãos” (v.29).

Poderíamos comparar a vontade de Deus a um alvo, semelhante àquele usado em exercícios de tiro. Em se tratar de descobrir a vontade de Deus, é imprescindível que tenhamos, em primeiro lugar, o alvo certo. Os pecadores, por exemplo, nem aceitam o alvo de Deus. Eles estão atirando num rumo completamente oposto e por conseguinte não têm possibilidade alguma de acertar. Os cristãos, por outro lado, têm acertado no alvo, porém alguns mais perto, outros mais longe da “mosca”.
O nosso desejo, porém, é exatamente este: acertar na mosca e descobrir a vontade perfeita do Senhor. Como iremos fazer isto?

Em primeiro lugar, é muito importante que não enfatizemos demasiadamente os detalhes e que não concentremos nossa atenção sobre as conseqüências. Neste assunto de orientação divina é possível ficar tão preocupado em aprender como ser guiado pelo Espírito e tão inquieto sobre cada decisão, que você se torna exageradamente introspectivo e perde a verdadeira direção de Deus.

Por exemplo, muitas pessoas começam a buscar o batismo com o Espírito Santo e logo ficam preocupadas sobre falar em línguas e o recebimento dos dons. Desta forma, elas se tornam tão conscientes de si próprias e introspectivas que é impossível receberem o batismo. O centro da sua atenção deslocou de Jesus para si próprio. E então Deus precisa enviar alguém para falar: “Esqueça-se de línguas estranhas e dos dons. Lembre-se somente do Senhor. Adore-o, pois Jesus é o batizador”. E no momento em que a pessoa tira a sua mente de si própria e coloca a sua atenção sobre Jesus, a glória do Senhor desce e quando ela menos espera, ela está falando em outras línguas e adorando ao Senhor.

A mesma coisa pode acontecer em relação à cura divina. Quando a pessoa estiver preocupada apenas com os sintomas, ela se torna consciente de si e perde a consciência do Senhor. Nem se Jesus estivesse na terra, perto dela, seria possível a cura. Pois quando nos tornamos introspectivos é muito difícil receber alguma coisa do Senhor. Este mesmo fenômeno ocorre muito no assunto de orientação divina. Há pessoas que ficam exageradamente introspectivas, ouvindo vozes e recebendo direções estranhas.

“Será que isto é de Deus?”
“Devo usar um vestido azul ou verde?”
“Será que eu deveria passar agora para o outro lado da rua?”

Isto parece absurdo, talvez, mas acontece. Pois para muitas pessoas, receber orientação deste modo representa a mais alta forma de direção divina. Elas se tornam uma espécie de fantoche ou robô, que vira ali e entra aqui pelas ordens do Espírito, que resolvem se devem jantar com cenoura ou com beterraba, tudo pela direção do Espírito.

“Os outros podem andar pela sua vontade própria, mas eu vou ser guiado pelo Espírito!”

Este tipo de orientação divina é ultra-perigosa. Eu sei, porque pessoalmente experimentei estas vozes e este desejo de querer ser dirigido em cada detalhe. Cheguei ao ponto de sentar na mesa e ouvir vozes contraditórias.

“Coma!”
“Não coma!”
“Jejue!”
“Por que você não jejuou ontem?”

Eu tive de chegar correndo para a mesa, com os dedos enfiados nos ouvidos, e começar a comer bem rápido antes que uma voz me perturbasse!

Às vezes minha esposa preparava uma refeição maravilhosa e eu chegava apenas para dizer: “O Senhor falou comigo que não devo comer!”

E ela retrucava: “Por que ele não falou comigo, então?” Por que tanta tolice? Porque eu realmente queria ser guiado pelo Espírito. Mas este tipo de orientação só produz mais tensão e confusão espiritual. Pode provocar uma decepção forte, especialmente em crentes novos, que querem alcançar a maturidade desta maneira a ser Pedro, João e Tiago tudo ao mesmo tempo! Mas depois de andar por algum tempo assim, eles descobrirão que não funciona. Se não tiver alguém para lhes ensinar a maneira certa de proceder, eles poderão se frustrar ou entrar em situações bem perigosas.

Mas Romanos 8:29, citado acima, nos dá o princípio básico de qualquer direção divina. Podemos enunciá-lo assim: O alvo da vida de todo cristão é ser conforme à imagem do Filho de Deus. Não existe outro alvo! Falamos sobre o céu. “Eu quero ir ao céu”. Mas o céu não é seu alvo, é seu destino. Quando você morrer, você tem que ir ao céu, pois não há outro lugar para você ir! Se você for salvo e conhecer ao Senhor, quando morrer não pode haver outro destino senão o céu. Portanto o céu não é seu alvo. É o lugar para onde você vai, depois que tudo já acabou!

O alvo da vida cristã é ser, isto sim, conforme a imagem do Filho de Deus. Medite neste fato que vou declarar agora: Você será julgado no último dia pela medida ou grau de conformidade à imagem do Filho de Deus que você alcançou! É sobre isto que você vai dar conta a Deus. Até que ponto você é semelhante a Jesus?

Você conhece alguém que o faz lembrar de Jesus? Há alguns irmãos e irmãs que se assemelham a ele. Quando você encontra com um deles, você pensa: “Como eu gostaria de estar sempre perto daquele irmão! Só ficar com ele, parece me trazer vida. Há algo diferente nele”.

Portanto, se o alvo for realmente este; e se o nosso julgamento na eternidade depender do nosso grau de conformidade à imagem de Jesus Cristo, então você não tem tempo a perder! Hoje é o dia da salvação – não salvação como experiência única, mas salvação como experiência progressiva.

Às vezes os outros se assustam quando eu digo: “Senhor, eu não estou com vontade de ir para o céu. Não tenho a mínima saudade do meu ‘lar’!” Você sabe por que isto é verdade? Porque eu sei que quando o Senhor me levar, eu não terei mais oportunidade de crescer e amadurecer. E eu não estou pronto para encontrar com o meu Senhor. Isto é, estou pronto se ele me quiser levar, pois ele tem este privilégio. Mas é importante reconhecer que depois da colheita, depois que ele ceifa uma vida, não há mais oportunidade de crescer. Já passou. E por isto, eu dou graças a Deus por cada dia que ele concede nesta terra, a fim de fazer a sua vontade. Pois é em fazer a sua vontade que eu me conformo à imagem do seu Filho.

Cada dia se torna, assim, uma nova oportunidade de fazer a sua vontade e me conformar à sua imagem. Por isto, não tenho tempo a perder. Se a minha vida tiver este alvo, cada dia que passa me amadurecerá mais um pouco. Mas, se daqui a um ano, eu estiver no mesmo nível que estou hoje, é porque estou vivendo para um alvo diferente.

Para que ser guiado?

Portanto, todo o assunto de orientação divina gira em torno deste alvo central da vida cristã. Eu posso falar com o Senhor: “Ó Senhor, eu quero ser guiado por Ti”.

Ele diz para mim:

“Por que você quer ser guiado?”
“Eu quero ser guiado para que eu possa ser mais espiritual que a minha esposa!”

Ou então:

“Eu quero ser guiado porque todos os irmãos estão esperando em mim”.

Há muitos motivos diferentes que podem estar nos nossos corações quando pedimos orientação ao Senhor. É algo muito estranho e poucos realmente reconhecem.

“Eu quero ser guiado para não errar, para que a vida se torne mais fácil!”

Alguns querem ser guiados para se tornarem muito espirituais e assim influenciar os outros e mostrar a eles o que é certo e errado. E tantos outros motivos podem estar misturados nos nossos corações.

Agora, Deus tem um método para separar esta mistura. Ele colocou na sua palavra um alvo bem definido. Este alvo é muito desejável, mas é também muito doloroso. É justamente quando este alvo começa a aparecer no horizonte que os crentes superficiais desaparecem.

Eu digo para o Senhor: “Põe a tua mão na minha, Jesus, porque quero andar contigo pelo caminho todo!”
Então ele responde: “Está bem. Tome a minha mão”.
Começamos a andar e eu exclamo para Jesus: “Como é bom andar contigo, Jesus!”
De repente, eu olhos para frente e vejo o alvo. E pergunto apavorado: “SENHOR, PARA ONDE TU ESTÁS ME LEVANDO?”
E ele responde: “Para o Calvário! Ca – cal – calvário! Ah – Senhor, espere um pouco. Até logo!”
E corro embora, dizendo: “Desta vez escapei por um triz! Este negócio é de matar!”

Veja, então, que é o alvo que determina a sua direção. Se você aceitar o alvo de Deus, sua vida será colocada no propósito de Deus. “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho”. Portanto o nosso alvo já foi predeterminado. Se estivermos caminhando para este alvo, podemos vai nos dar (profecia, sentimento, conselho, etc). Pois se o nosso alvo for certo, Deus tomará a iniciativa para nos dar a forma de orientação adequada para nos conduzir neste caminho.

Tipos de orientação

Deus tem usado várias maneiras para me orientar. Primeiramente, ele me concedeu visões maravilhosas, coloridas, com faíscas e efeitos sonoros! Depois ele me deu uma profecia. E à medida que eu prosseguia, o Senhor me dava uma palavra bem direta para mim das Escrituras e várias outras formas de direção. Mas é a iniciativa de Deus, nos dar o tipo ou forma de direção do qual precisamos e não o que queremos. Pois Deus conhece a nossa personalidade e sabe o que nos ajudará no nosso caminhar com ele e o que nos prejudicará.

Para algumas pessoas Deus concede visão após visão. Ele realmente guia algumas pessoas através de visões. Outras nunca tiveram uma visão sequer. Por isto começam a orar, pedindo insistentemente uma visão do Senhor. Por que isto? Porque elas estão mais interessadas na experiência do que no alvo. De repente perdem a visão daquele alvo e começam a se preocupar exclusivamente na experiência.

O caminho que nos leva ao alvo certo pode ser um caminho doloroso, cheio de obstáculos e experiências que você gostaria de evitar. É muito fácil receber uma direção para ir onde você quer e quando você quer. É fácil receber direções e impressões subjetivas que parecem ser a voz de Deus. Mas quando o seu alvo for certo, Deus é quem vai escolher a hora e o lugar. A iniciativa da sua vida passa das suas mãos para as mãos de Deus. Ele toma as decisões e seleciona o que você deve fazer.

Deus pode dizer: “Eu vejo que o irmão Mumford está precisando de um pouco mais de sofrimento no caminho dele”. E eu reclamo: “Mas, Deus, isto não é direção divina! Que está acontecendo?” Deus me responde: “É direção minha, sim! Pode crer!”

Você sabia que nós aprendemos muita coisa a respeito de Deus e passamos a conhecê-lo melhor, quando passamos por sofrimento? Não estou me referindo ao complexo: “Estou sofrendo para a glória de Deus!”, mas estou falando de uma experiência educadora, disciplinadora, em que Deus nos ensina os seus caminhos através de amarguras e sofrimentos. Muitas vezes Deus tem lições geográficas para nos ensinar. De repente, ele fala com você: “Quero que você mude para a Amazônia!”

“Por que eu vou para a Amazônia?” você pergunta.

Deus pode ter alguma coisa esperando por você na Amazônia que não existe em nenhum outro lugar. Agora, você não é obrigado a ir para lá. Mas se você quiser ser conforme a imagem do Filho de Deus, então a situação que o espera na Amazônia é a situação perfeita para você, produto de encomenda, feita especialmente para as suas características e necessidades. Quando Deus começa a tratar geograficamente com você, guiando-o a mudar de lugar, é porque ele está preparando para você um conjunto especial de circunstâncias que não existe em nenhum outro lugar. Por isto ele exige que você vá justamente para aquele lugar, e não para um outro qualquer. E é importante lembrar que você não é obrigado a obedecer. Se não for, Deus não o rejeitará. Mas você perderá a oportunidade que Deus lhe oferece para ser conforme à imagem do seu Filho.

Direção inconsciente

Há dois tipos distintos de direção divina. Um é a direção consciente e o outro é a direção inconsciente. Nem sempre Deus o guiará através de soprar uma palavra no seu ouvido! Às vezes, é necessário olhar para trás na sua experiência para descobrir como foi que Deus o guiou! Sem que você percebesse, Deus organizou todas as circunstâncias para você, no lugar certo e na hora certa. Esta é a direção inconsciente. E nós dependemos muito dela. Por causa dela eu não preciso ficar tenso e ansioso em cada passo, com medo de errar o caminho. Se você ficar num estado constante de preocupação, insegurança e medo, sempre à procura de uma revelação ou visão clara para garantir-lhe que você não vai errar, um dia você vai explodir ou ter uma crise nervosa! Deus é perfeitamente capaz de dirigir os seus passos e coordenar os acontecimentos na sua vida para guiá-lo no caminho certo, mesmo sem você saber o porquê de cada decisão e sem receber uma revelação da vontade de Deus em cada coisa.

Certa vez, eu estava orando no meu quarto de hotel. De repente comecei a sentir sede. Levantei-me e saí para tomar água. Lá fora uma senhora estava sentada. Quando ela me viu, seu rosto se iluminou e ela começou a chorar. “Irmão”, ela disse, “eu estava sentada aqui orando ao Senhor: ‘Deus, eu preciso do irmão Mumford. Ó Senhor, manda-o para cá!’ E naquele momento você apareceu na porta!”

Agora, eu poderia perguntar por que o Senhor não falou comigo para falar com esta senhora. Mas não agiu assim. Eu não saí por causa da voz de Deus – eu estava com sede! Nós precisamos aprender a descansar no Senhor e a gozar da sua presença. Deixemos de ser tão místicos e super espirituais! Descanse no Senhor e diga-lhe: “Senhor, quero ser conforme a tua imagem!” Ele vai lhe dizer: “Você realmente deseja isto?”

Se você responder afirmativamente, ele vai lhe dizer: “Neste caso, eu tomarei as rédeas daqui para frente!” Porque é assim que Deus opera. Se você puder chegar neste ponto de aceitar e abraçar o alvo de Deus, você se qualificará para ser guiado inconscientemente.

A casa dos andaimes

O que é direção consciente? É quando Deus fala no seu ouvido: “Faça isto”. “Não faça aquilo”. “Vá ali”. “Pare com isto”. É quando você experimenta muitos tipos de fenômenos espirituais e formas diferentes de direção, como anjos, visões e sonhos. Direção consciente pode prejudicá-lo ao invés de ajudá-lo. Para mostrar esta verdade, usaremos a ilustração de uma casa em construção. Quando se está levantando as paredes, usa-se construir ao redor da casa uma espécie de palanque rústico para os pedreiros, chamado andaime. Os andaimes são muito importantes, pois sem eles é impossível construir edifício algum. Mas os andaimes não representam o alvo da construção. Depois de terminada a casa, eles são desmanchados. A casa é o alvo, os andaimes simplesmente nos ajudam a alcançá-lo.

Na vida cristã, é a casa em construção que representa o nosso alvo, enquanto que os andaimes representam as experiências. Durante muitos anos eu não conseguia entender porque tantos cristãos recebem experiências sobrenaturais e maravilhosas, contudo permanecem lamentavelmente imaturos. Aparentemente as experiências não alteravam o interior das pessoas.

Tantos sonhos, visões e profecias, tudo aguardado e registrado, mas sem nenhuma utilidade aparente.
Mas depois eu descobri uma coisa. Ao receber uma experiência sobrenatural, como um sonho, visão, palavra do Senhor em profecia ou até por voz audível, ou outra experiência semelhante, eu tenho diante de mim duas alternativas. Primeiro, posso usar aquela experiência para edificar a casa, ou a minha vida no Senhor. Ou, sem segundo lugar, posso dirigir a minha atenção exclusivamente ao andaime, às experiências em si, e me esquecer da casa.

Qual é a alternativa certa? Voltando à nossa ilustração, é claro que o construtor não faz do andaime seu objetivo, mas apenas usa-o para edificar a casa. E assim eu devo usar cada experiência que o Senhor me conceder como uma oportunidade de me conformar à imagem de Jesus Cristo. Seja uma experiência boa e agradável, seja uma experiência triste e desagradável, tanto uma como outra serve para conformar-me à imagem do Filho de Deus. Pois a Bíblia nos ensina que a vida consiste de experiências doces e amargas e nós as aceitamos como um todo. E desta forma eu aprendo a tomar todas as experiências da vida como um andaime através do qual edificarei a minha casa.

Portanto, como irei me portar em relação aos outros que estão ao meu redor? Posso demonstrar-lhes as minhas experiências, contar-lhes as minhas visões e os milagres que Deus tem operado, e ler para eles as maravilhosas profecias recebidas. Mas logo alguém vai perguntar: “Isto tudo está muito bom – mas onde está a casa?” Que você faria se alguém o convidasse para ver uma construção – e ele só lhe mostrasse os andaimes? Você não quer ver os andaimes – você quer ver a casa!

Ao invés de mostrar aos outros as minhas experiências, que devo fazer? Mostrar uma vida sensível, humilde, mansa, honesta, sincera, aberta, cheia de amor – semelhante a Cristo. Tenho de mostrar uma vida transformada – transformada em virtude das experiências recebidas. Não vou mostrar os andaimes – vou mostrar a casa!

Se você começar a demonstrar a vida de Cristo, sabe o que acontecerá? Alguém vai começar a lhe perguntar: “Como você tem tanto amor? Onde você conseguiu tanta humildade, mansidão, meiguice? Eu gosto de ficar perto de você!”

Depois você pergunta:

“Por quê?”
“Você me faz lembrar de Jesus. Há algo diferente sobre a sua pessoa. Quando fico perto de você, eu me sinto bem, sinto vida, sinto-me atraído”.
“Eu vou lhe dizer o que isto é – é Jesus!”
“E como eu posso tê-lo?”

Agora você pode falar sobre as experiências! Pois, depois que o alvo estiver a vista, as experiências podem ser introduzidas. Eu fiquei conhecendo, certa vez, uma senhora muito usada por Deus no ministério.

Quando ela estava pregando, um dia, no meio da sua pregação Deus a elevou visivelmente a alguns centímetros do chão. Isto ocorreu diante de todo o povo e pessoalmente não creio que foi uma manifestação falsa ou estranha. Que aconteceu? Ela deixou de pregar a palavra e começou a pregar sobre o dia em que todos seriam arrebatados pelo Espírito, assim como Filipe foi em Atos 8. Um ministério que verdadeiramente era do Senhor desapareceu, sua vida foi arruinada, e no lugar ficou uma pregação que tratava apenas de andaimes e experiências. Não havia uma casa em construção, apenas uma preocupação com experiências e acontecimentos sobrenaturais.

O alvo é Romanos 8:29. Esta é a casa a ser edificada. Se você não entender isto, as experiências não o ajudarão. Mas se você vir o alvo, então qualquer experiência que Deus lhe conceder será designada a conduzi-lo, através deste caminho, a um lugar onde ele mesmo pode estabelecer na sua vida o caráter, natureza, e temperamento de Jesus Cristo.

Você vai usar as experiências que Deus lhe dá para edificar a casa – ou você vai concentrar sua atenção sobre as experiências? Um dos maiores erros cometidos, pela quase totalidade dos movimentos e denominações, é que eles enfatizam uma experiência.

Os batistas têm como centro a experiência do batismo nas águas. Os pentecostais têm como centro a experiência do batismo com o Espírito Santo. Outros grupos têm a cura como a experiência central, e quando você os visita, realmente descobre que eles têm esta experiência. Mas o problema é que, ao enfatizar a experiência, perde-se a visão do alvo. Você não é curado apenas para ser são, mas para encontrar-se com o Mestre que cura e ter sua vida inteira aberta para a sua operação. “A ele se congregarão os povos” (Gn 49:10). Nós não podemos reunir em torno de uma experiência – seja libertação, ou cura, ou batismo com o Espírito Santo, ou qualquer outra. Nós reunimos em torno de Jesus, que é a experiência.

Fé e confiança

“Quem há entre vós que tema ao Senhor, e ouça a voz do seu servo que andou em trevas sem nenhuma luz, e ainda assim confiou em o nome do Senhor e se firmou sobre o seu Deus?” (Is 50:10).

Aqui temos uma das lições mais importantes em todo este assunto de orientação divina. Se você não puder aprendê-la, você se tornará introspectivo, com uma vida espiritual girando em torno das experiências.

Há duas palavras na Bíblia que nunca são confundidas entre si: confiar e crer. Confiar é passivo enquanto que crer é ativo. Há ocasiões em que você não pode crer. A fé é concedida por Deus – mas há tempos em que é impossível crer, simplesmente impossível.

Uma das coisas mais cruéis que um pastor ou ministro da palavra pode fazer é encontrar uma pessoa derrotada, correndo do diabo, aflita, ou doente – e dizer-lhe: “O seu problema é que você não está crendo!” E mesmo que o individuo tenha lido vinte capítulos da Bíblia por dia e jejuado freqüentemente, ele recebe esta palavra e sal suspirando: “Está bem, eu tentarei mais um pouco”.

No entanto, há uma palavra que indica uma atitude passiva: confiar. Mesmo quando você não puder crer, pode confiar. Você não tem condições de usar a sua fé para caminhar e conquistar novos territórios – mas você pode confiar e esperar. Esta atitude significa que você possui uma confiança no caráter de Deus. Você simplesmente não aceita o fato de que Deus seja capaz de prejudicá-lo em coisa alguma. A situação está escura, todas as aparências indicam a aproximação de uma catástrofe. Parece que dificilmente encontraria uma situação pior – mas apesar de tudo, você pode confiar no nome do seu Deus. Você tem uma confiança sólida e inabalável no caráter de Deus. E se você puder se manter firme nesta confiança, será capaz de permanecer neutro no meio de tempestades e situações tumultuosas, nas quais Deus opera algo dentro da sua vida.

O que é Deus está operando na sua vida? Em primeiro lugar, devemos esclarecer que não é uma questão de pecado. Isaías 50:10 fala que aquele que teme ao Senhor é que anda em trevas. Eu pensava que toda escuridão vinha do diabo. Mas por que é que o servo do Senhor está andando em trevas?

Imaginamos uma estrada que atravessa uma região montanhosa e que apresenta no seu percurso, de quando em quando, um túnel. Espiritualmente, quando você atravessa um túnel, você não enxerga coisa alguma. E nem tampouco sente coisa alguma!

Então, quando eu digo para o Senhor: “Ó Deus, eu quero ser conforme à imagem do teu Filho”, eu tenho de lembrar que entre mim e aquele alvo existe um caminho que possui vários túneis – um numero correspondente à minha necessidade deles!

E o Senhor fala para mim: “Filho, se você realmente quiser ser conforme à imagem de Jesus, uma coisa que terá que acontecer na sua vida é o despojamento da sua vida emocional e da dependência sobre as sensações naturais, a fim de que você aprenda a andar pela fé. Você realmente quer caminhar para este alvo? Você está falando sério mesmo?”

“Sim, Senhor, estou falando sério. Quero ser conforme à imagem do teu Filho”.
“Muito bem”, o Senhor responde. “Pode prosseguir”.

Você sabe o que acontece, quase que imediatamente? Depois que você fica realmente sério com Deus, quase sempre você entra num período de escuridão. E quando você entra neste período de escuridão, neste túnel, exclama: “Puxa, mas eu não esperava isto! Eu pensava que quando a gente anda com Jesus, receberia experiências de se arrepiar, que a gente começaria a profetizar e a cantar. Mas está escuro aqui! Mas Senhor, eu tenho fé, eu tenho fé!”

Mas Deus responde: “Não, você não crê. Não engane a si próprio!”

Porque Deus sabe que facilmente nós aprendemos a fazer exercícios mentais, tentando nos convencer que fomos curados, que temos a vitória, ou que realmente cremos.

Agora, quando você entrar neste túnel, e tudo se tornar escuro e você não puder sentir mais a presença de Deus, que deve fazer? Confiar! Confiar no nome do seu Deus. Confiar que muito em breve ele o tirará deste túnel.

O propósito dos túneis

Mas o que está acontecendo neste túnel? Deus o está despindo da vida emocional. Eu não estou me referindo à parte positiva das emoções, eu estou falando de uma vida que depende dos sentimentos. Vivemos pela fé, mas experimentamos sentimentos. A maioria das pessoas vive por sentimentos e procura experimentar a fé – mas isto não funciona!

Então o que acontece no túnel? Eu já experimentei pessoalmente períodos na minha vida em que eu não podia cantar, orar, pregar ou profetizar – quando a leitura da Bíblia era como a leitura de um jornal. Agora isto não significa pecado ou rebelião – é o Senhor guiando-o a um período de trevas na sua vida. Você não precisa se condenar, nem se forçar a praticar atos religiosos. Você deve se manter firme e dizer: “Senhor, eu posso confiar em ti, mesmo no escuro! Assim como na luz, eu posso confiar agora. Eu sei que tu estás aqui”.

Muitas pessoas se encontram em escravidão aos seus próprios sentimentos. Se elas se sentirem espirituais, agem espiritualmente. Se elas se sentirem desviadas, são desviadas. Seus sentimentos ditam as ordens. Jesus não é o Senhor – os sentimentos são.

O túnel no qual você está pode ser prolongado ou abreviado. Como é que se abrevia o túnel? Mantendo-se firme e confiando no nome e caráter de Deus. Você sabe que é o Senhor que está permitindo que você ande em trevas e confie nele. Você não precisa de sentimentos, nem de profecias, nem de outro apoio qualquer – você sabe que Deus é o seu Salvador agora na escuridão, da mesma forma que ele o era, quando você estava na luz. Você não sente bem, mas sabe que tudo está bem.
Desta maneira o seu túnel vai ser abreviado, porque você aprendeu a lição que Deus quis lhe ensinar.

Deus tem vários túneis no seu caminho com trechos iluminados intercalados. Quando você passar por um túnel e caminhar mais um pouco, depois de algum tempo você enfrenta um outro túnel.

“Mas, Senhor”, você exclama, “eu não posso atravessar mais um!”

Porque se você não quiser enfrentar aquele túnel, não poderá prosseguir no seu caminho. Mas, se passar por cada túnel que o Senhor lhe apresentar, você aprende a descansar no seu espírito e a utilizar e aplicar tudo que Deus tem lhe ensinado nos períodos de luz e clareza. Você aprende a guardar nos tempos de gozo e benção tudo que Deus lhe concede, para usar nos tempos de escuridão e provação.

Em qualquer ponto da caminhada é possível voltar atrás. A verdade revela – e fere. Seria melhor nunca ter conhecido a verdade, do que conhecê-la e voltar atrás. E assim, estes túneis que Deus coloca no seu caminho podem ser prolongados ou abreviados, de acordo com a sua atitude dentro deles. Eu conheço pessoas que tem permanecido por meses e até anos nestes túneis, até que, pelo fato de não se submeterem aos tratamentos de Deus, e de não darem a ele uma oportunidade de despi-los da sua independência emocional, ele perecem espiritualmente no túnel; ou então voltam atrás e saem do túnel para nunca mais procurar uma vida mais profunda em Deus. É uma verdadeira tragédia espiritual quando estas pessoas, depois de vagar por tanto tempo em trevas e confusão, sem entender o que Deus está querendo efetuar nas suas vidas, e sem confiar por tempo suficiente para que Deus as transforme, voltam a uma posição de simplesmente ser cristãos superficiais, satisfeitos com um plano inferior,

Mas Deus quer operar um processo de morte dentro daquele túnel – e eu estou aprendendo a morrer bem depressa! Eu chego num túnel, onde não posso orar, ou testemunhar aos outros, ou mesmo ler a Bíblia! Se alguém me chamasse para pregar, eu me apavoraria! Mas eu digo: “Senhor, eu sei que este túnel tem um fim e eu quero chegar lá o mais rápido possível. Sendo bem honesto contigo, eu não posso crer, mas posso confiar.

Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!”.

Deus não pode fazer mal nenhum ao seu espírito! Você pode confiar? Eu repito: não estou me referindo a um estado de escuridão resultante de pecado ou rebelião. Se este for o seu caso, então é diferente. Mas se você examinar o seu espírito e verificar que não há pecado conhecido, mas que, como servo do Senhor, você o tem temido e obedecido, então pode confiar o seu espírito na suas mãos, aconteça o que acontecer. Se você fizer assim, ele o fará atravessar o túnel até que você saia do outro lado à luz brilhante de uma nova revelação.

Firmeza na direção inicial

Um outro princípio muito importante neste assunto de orientação divina e direção inconsciente é a necessidade de manter firme em qualquer circunstância contrária a sua direção inicial. Esta direção inicial deve ser uma palavra recebida através das Escrituras, dos dons do Espírito, e das circunstâncias. Estas três fontes de orientação devem ser alinhadas, ou seja, devem confirmar a mesma palavra. É essencial que você tenha muito cuidado ao receber sua direção inicial, porque se ela não for uma palavra sólida e confirmada, você vai ter problemas. É como um alpinista escalando uma montanha. Antes de pôr o pé num passo acima, ele tem de verificar se é rocha firme. Porque, o que acontece num caminhar com Deus é que geralmente depois de dar o passo, o lugar embaixo de onde você estava, a um minuto atrás, esmigalha-se, de modo que você não pode voltar nem ir adiante! Aí você está! Portanto, seja seguro antes de dar o passo.

É como uma frota de navios. O comandante dá a todos a orientação da trajetória. Quando todos estão vendo o navio da frente, é muito fácil. Mas quando a tempestade vem, cada um tem que manter firme seu curso de navegação, pois a visão é impedida.
Eu tenho observado isto como uma lei espiritual. Depois que Deus nos dá uma direção qualquer, logo após segue um período de confusão espiritual.

Um irmão que eu conheço recebeu uma palavra do Senhor dizendo: “Você terá nas suas mãos o ministério de cura!”.
“Glória a Deus”, ele exclamou, “Deus me deu o ministério de cura!”

Logo depois, ele adoeceu!

Veja como é importante verificar bem nossa direção espiritual. Porque se nós não estivermos seguros de que realmente o Senhor tem falado, quando a névoa de confusão nos cercar, nós vamos duvidar de tudo e abandonar aquela direção. Mas se você estiver firma na palavra que recebeu e não vacilar, mesmo que tudo logo comece a indicar o contrário, quase sempre Deus o levará imediatamente ao cumprimento da sua palavra.

Vou dar uma ilustração verídica deste princípio. Um servo de Deus, chamado Smith Wigglesworth, estava numa cidade da Austrália quando Deus falou com ele: “Atravesse a cidade e ore por aquela senhora.”.

“Obrigado, Senhor,” ele disse, “eu sei que é o Senhor que está falando comigo. Eu obedecerei.”
Ele se levantou de foi até a casa desta senhora. Quando ele chegou lá, foi informado que a mulher havia morrido!
Inabalável, ele falou com as pessoas que estavam lá: “Ela não morreu!”
“Oh, sim” ele responderam, “ela acabou de expirar há uns cinco minutos.”
“Não, vocês estão enganados. Deus falou comigo para vir orar por ela e ele vai curá-la.”
Agora, se eu estivesse no seu lugar, eu teria perdido minha direção inicial!
Mas ele disse: “Deus me falou”. Ele estava seguro na sua direção recebida.
Circunstâncias contrárias não o abalaram. Sem pré é assim. Depois que você recebe uma palavra e se levanta para fazer a vontade de Deus, de repente surge toda espécie de oposição satânica.
E então, Smith Wigglesworth entrou no quarto da mulher, tirou-a da cama, pô-la em pé contra a parede, e disse: “Em nome de Jesus, ande!” E ela andou!

Na minha própria experiência também tem sido assim. Cada vez que eu me firmo na minha direção inicial, a palavra se cumpre. Mas cada vez que eu perdi a minha direção, entrei num período de confusão e tive que começar aquela lição toda novamente. Deus tem falado algumas coisas comigo que tive de esperar por quinze anos para ver o cumprimento. Mas ele está cumprindo!

Queremos ser conforme a sua imagem. “Tu és digno, Senhor e Deus nosso, de receber a glória, a honra e o poder, porque todas as coisas tu criaste, sim, por causa da tua vontade vieram a existir e foram criadas“ (Ap 4:11). Precisamos ter os alvos certos na nossa vida. Qual é o nosso alvo? Dar prazer e glória para o nosso Deus.

“Senhor, recebe prazer do teu povo. Acha um povo que te abençoe e que alegre teu coração. Faze-nos sair da névoa, da confusão, dos túneis, do nosso mundo centrado em experiências, para que nos relacionemos com o Deus Todo-poderoso. Mostra-nos o teu propósito eterno!”.

por Bob Mumford
Esta mensagem foi traduzida de uma fita por Bob Munford, intitulada “Steady as She Goes”.
É a quarta numa série de 5 mensagens sobre Orientação Divina (Guidance Series)

Seja o primeiro a comentar!



* Ao comentar você concorda com os termos de uso. Os comentários não representam a opinião do site e passarão por aprovação do administrador.