Reflita num momento sobre a infinita extensão de tempo antes do princípio da criação. Sem galáxias, anjos, terra, peixes, pássaros, homens, nada – só DEUS. Tente imaginar o que deve ter sido para Deus existir sem ninguém nem nada mais. Sintetizar numa única palavra o que se pode imaginar. Muitas palavras podem-se imaginar: Alguns podem […]


Reflita num momento sobre a infinita extensão de tempo antes do princípio da criação. Sem galáxias, anjos, terra, peixes, pássaros, homens, nada – só DEUS. Tente imaginar o que deve ter sido para Deus existir sem ninguém nem nada mais.

Sintetizar numa única palavra o que se pode imaginar. Muitas palavras podem-se imaginar:

  • Majestade
  • Extraordinário
  • Pacífico
  • Harmônico

Alguns podem pensar tédio e solidão

A minha palavra é “deleite”.

Imagine o absoluto “deleite” que é desfrutar de relacionamentos perfeitos com duas outras pessoas sem medo de que as coisas azedem.

  • Uma comunidade de três pessoas talhadas no mesmo tecido, porém distintas.
  • Sem sombra de competição
  • Empolgadas com a singularidade das outras duas
  • Uma querendo exibir a glória das outras
  • Uma comunidade sem sequer sombra de mal
  • Um relacionamento de perfeita bondade
  • Cada membro pode ser plenamente Ele mesmo sem temer provocar rivalidade ou gerar algo mal.

O Pai pretende submeter todas as coisas a Cristo e dar a Ele um nome que sobressaia a qualquer outro.

O Filho não vê prazer maior que agradar ao Pai.

O Espírito adora sussurrar “Aba” aos filhos sem pai e apresentar Cristo como o perfeito amor para os desamados e mesmo para os que não merecem ser amados.

Imagine a alegria de Deus por ser tal comunidade e você tem um vislumbre daquilo que deve ter sido ser apenas Deus num vazio.

Acrescente, agora um grupo enorme, que entra nessa comunidade sem atrapalhá-la.

Depois de criar os anjos, o sol, a lua, a terra e todos os animais, pássaros e peixes, após expulsar os anjos rebeldes quando eles se transformaram num inimigo poderoso, a comunidade Eterna convocou uma reunião e disse:

– Criemos seres vivos dotados da capacidade de desfrutar plenamente de nós, o modo como nós nos relacionamos é excelente. (Gn. 1:26 a 28) Mas até aqui não criamos nenhum ser que pudesse participar profundamente das alegrias singulares de um relacionamento íntimo conosco, de um relacionamento em que nós nada soneguemos a eles. Criemos seres pessoais como nós, a quem possamos revelar as próprias profundezas da nossa natureza gloriosa.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES

Esses novos seres precisam ser criados com a liberdade de nos amar e, portanto, de experimentar a vida “CONEXÃO”.

Ou de amar mais a si mesmos e experimentar a miséria da “DESCONEXÃO”.

Eles, é claro, tomarão a decisão errada.

Nós os criaremos aptos a desfrutar das profundezas da nossa graça. Mas isso os fará vulneráveis à tentação do inimigo, tentação de querer mais do que podemos lhes dar no seu estado caído, de ansiar a graça que não pode ser revelada ainda.

Portanto eles acreditarão na mentira de que nós lhes sonegamos algo bom, que eles poderiam alcançar pelos próprios esforços. (Independência)

Mas podemos tirar proveito dessa decisão infiel.

Ela nós dará oportunidade de revelar o que de outro modo permaneceria oculto, que somos “tão bons” e nosso “amor tão profundo” que sacrificaremos a alegria da nossa comunidade para recebê-los para tê-los conosco.

Filho, no momento oportuno te enviarei à terra “como um deles” aceitando a culpa do seu pecado (a voz do Pai está embargada) romperei a nossa “conexão” e permitirei que passes pela morte da separação de mim, que todo pecado merece.

Quando eles virem os extremos a que chegamos para trazê-los à nossa comunidade, o anseio que plantaremos nos seus corações de ser amados assim acabará por atraí-los de volta, fazendo que nos amem plenamente e que confiem em nós com suas próprias almas.

O FILHO

– Pai, o que me pedes é indescritivelmente doloroso que nem posso concebê-lo. Não posso imaginar o que seria viver sem ver a tua face. Mas ao mesmo tempo o teu plano muito me agrada. Pois me dará a chance de fazer ver as pessoas como Tu és maravilhoso. A alegria de ver-te glorificado faz todo o sacrifício valer a pena. Não há outro caminho?

– Não.

– Então irei de bom grado.

– Espírito, descerás às várias pessoas que cuidarão dos meus desígnios até que meu Filho morra como homem e ressuscite. Então passarás a habitar cada pessoa que atraíres a mim, e inclinarão seus corações que me amem para que a obediência se torne alegria e não mera obrigação.

O ESPÍRITO

– Para mim será incomparável deleite cuidar dos teus desígnios e criar dentro de todos os que aceitarem a tua oferta graciosa de perdão o desejo de te conhecer. E cultivarei esse desejo até que se torne mais forte do que todos os outros. Não descansarei enquanto não viverem eles na minha força, superando todos os desejos de encontrar vida longe de ti.

O PAI

– Já é hora de começarmos. Vejamos o que fazer com esse punhado de barro. Já tenho uma visão do que poderá acontecer.

Deus queria que nós participássemos dessa festa.

A oração do Filho era que na festa nós nos relacionássemos uns com os outros, assim como o Pai e o Filho se relacionam.

3 ocasiões durante a vida do Filho na terra em que o pai puxou de lado o véu do céu e do espaço:

2 delas direcionadas diretamente para o nosso Senhor e a outra a pedido d’Ele mesmo.

Ocasião 1 – o batismo de Jesus (Mt. 3:13-17)

Ocasião 2 – transfiguração de Jesus (Mt. 17:1-13)

Ocasião 3 – quando alguns gregos curiosos queriam conhecer Jesus

(Jo. 12:20-28)

Ocasião 1

O pecado principiou quando surgiu a suspeita de que Deus não era bom, de que seria mais vantajoso procurar algo melhor que Deus.

Desde então, o âmago do plano divino foi revelar seu caráter “por meio de uma pessoa”, alguém que poderíamos admirar e dizer: é assim que Deus é!

Nesse momento imagino o Pai, tomado de emoção, rasgando os véus celestiais e, com arroubos de alegria, gritando:

– “Você é meu Filho Amado. De você muito me agrado!” (v. 17)

Será que você pode sentir a paixão que se derrama do Pai quando Ele vê realizar-se a visão de Cristo concebida ainda antes da fundação do mundo?

“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e d’Ele não fizemos caso.” (Is. 53:3)

Ocasião 2

O segundo brado do céu foi dirigido a Pedro no monte da transfiguração.

Aquele homem desprovido de qualquer traço de beleza que pudesse impressionar, para os olhos mortais nada mais que um “mero carpinteiro judeu”, subitamente se revelou a Pedro, Tiago e João “em toda glória divina”. 

Pedro ficou pasmo, mas ao mesmo tempo disse, ele afinal disse algo:

– “Jesus, vamos aproveitar a presença de Moisés e Elias erigindo “três monumentos”, cada qual em homenagem a um deles”.

Imagino o Pai estremecendo de fúria divina e gritando: “ Este é o meu Filho Amado… prestem atenção ao que Ele diz!” (Mt. 17:5)

Pedro, Moisés vai te colocar de novo debaixo da Lei. E a Lei te condena. Você simplesmente não vai conseguir fazer o que ela exige.

Pedro homenageia somente a Jesus.

“Prestem atenção ao que Ele diz, pois Ele tem palavras de vida eterna”.

Ocasião 3

Jo. 12:20-28

Alguns gregos querem me ver. E verão, pendendo de uma cruz, morrendo, depois sepultado e ressuscitado para arrastar comigo “uma multidão de judeus e gentios, qualquer um que creia que vim do Pai para carregar a condenação do seu pecado. Quando me virem crucificado, sepultado e ressuscitado, verão a Ti em toda a sua compaixão paternal, e não terão mais “medo”.

Pai, glorifica o Teu nome.

E na terceira vez em que uma voz veio do céu, ouviu-se: “Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei.” (v. 28)

Na penúltima conversa privada com o Pai (Jo. 17), antes de morrer, Jesus exprimiu o desejo de que nós, seus seguidores, construíssemos uma comunidade que fosse como o relacionamento entre Ele e o Pai.

Uma comunidade cheia do poder e da unidade do Espírito Santo.

É a verdadeira vida de Deus, a energia com que o Pai e o Filho de relacionam entre si, um conjunto de tendências plantadas no nosso coração pelo Espírito, e conservadas vivas pela sua presença. É um poder que se libera mais plenamente à medida que cultivamos uma visão convincente e impressionante de quem é a outra pessoa e do que ela poderá vir a ser por causa do Evangelho.

Conexão é um tipo de relação que acontece quando a poderosa vida de Cristo incutida numa pessoa se encontra com a boa vida de Cristo que há na outra.

O que estamos esperando para que esse poder em nós seja liberado?

É o desejo de ser santo nas relações com os outros, o impulso de bem dizer, de oferecer a outra face, de viver responsavelmente, de saber sofrer, de ter esperança, de se alegrar nos momentos difíceis. Esse conjunto de impulsos, que regeram a vida de Jesus enquanto Ele viveu na terra, “nos foi dado no evangelho do Reino de Deus”.

Por Luiz Lemos