Precisamos lembrar que o Senhor conta conosco para que nossos filhos cumpram o mandamento de Efésios 6, e para isso há um grande trabalho, muita oração e dependência do Espírito Santo.


Quando abordamos o assunto “filhos”, a intenção é que o sentimento de grande zelo encha nossos corações e nos faça entender a necessidade de revermos princípios, cumprindo a vontade do Senhor para as nossas vidas.

Precisamos sempre lembrar que tudo que fizermos em palavra ou ação deve ser para glória de Deus, como fruto de nossa obediência a Ele. Tudo que fizermos no Reino de Deus deve ser conseqüência de um coração que deseja obedecer. A importância da obediência é que estamos incluídos em um Reino, onde Jesus é Senhor desse reino.

Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.” Col.1:13-14

Como entendemos no texto, existem dois reinos no mundo: Império das trevas x Reino da luz. Em cada um desses reinos há um governo, e nós quando “fazíamos a vontade da carne e dos pensamentos” (Ef. 2:3), vivíamos debaixo do governo de satanás. Hoje nosso viver diz respeito a apenas um Senhor, que é Jesus, e mais a nenhum outro. Podemos dizer que o Reino de Deus é o governo de Deus sobre as nossas vidas.

Como discípulos de Jesus precisamos “crer em tudo que Ele diz e fazer tudo o que Ele manda”. No período do Império romano dizia-se ser o soberano da nação “o Kyrios”, que significa senhor. Em qualquer lugar que o imperador chegasse todos levantavam as mãos e diziam: “César é o Kyrios”. Essa era uma prática comum da época. Muitos cristãos não aceitavam endossar esse tipo de reconhecimento e diziam: “Jesus é o Kyrios”, e por essa declaração muitos foram perseguidos e executados. Em nossa vida Jesus é o Kyrios; Ele não veio apenas para nos salvar, mas para governar todas as áreas da nossa existência.

Nós temos aprendido que para viver no reino de Deus deve haver em nós uma total e absoluta entrega, e que nossa vida não é mais para nós mesmos, mas para aquele que por nós morreu e ressuscitou (II Cor. 5:15). Viver com o Senhor é colocar fim a toda nossa independência, dependendo totalmente do Espírito Santo; não há mais espaço para o que achamos, para o que sentimos e todas as nossas opiniões.

Quando nos posicionamos como discípulos, a Palavra de Deus passa a ser nossa referência e o Senhor Jesus nosso modelo de vida e obra. A dependência de Deus para tudo gera em nós um coração quebrantado e cheio de temor, gera em nós mansidão, humildade e submissão – características necessárias e indispensáveis a alguém disposto a obedecer ao Senhor e às suas autoridades delegadas.

As verdades que serão compartilhadas acerca da criação de filhos, só poderão ser guardadas no coração e se transformar em prática se seguirmos duas considerações:

– Desejarmos fazer a vontade de Deus e não a nossa

– Compreendermos que temos como mães, um chamado ou missão que não pode ser delegada a nenhuma outra pessoa.

Os quatro pilares na formação de filhos

Antes de conferimos na Palavra acerca desses quatro pilares, devemos ter em mente que o padrão do Senhor para a vida de nossos filhos é o mesmo para as nossas próprias vidas, não podemos pensar que as crianças por não terem o mesmo entendimento que os adultos não podem ser ensinadas desde pequenas a conhecer os princípios do Senhor e praticá-los. Em algumas questões os nossos pequenos terão dificuldades, mas isso não quer dizer que o padrão deve ser trocado para atender as conveniências de cada idade.

Não se trata de colocar responsabilidades ou muitos pesos numa criança de quatro ou cinco anos! Podemos exigir que uma criança de nove anos fique atenta a uma pregação que um adulto estiver ministrando, mas não poderemos almejar o mesmo para uma de dois! Os princípios do Senhor acerca de falar a verdade, andar na luz, controlar a língua, não viver a contender, serviço ao próximo devem não apenas ser ensinados, mas que nossos filhos estejam buscando praticar essas realidades.

Não nivelamos o caráter que nossos filhos devem ter pelo que as pedagogas e psicólogas desse século atestam, mas a nossa expectativa é que toda nossa família tenha um coração tratável, um andar manso, submisso e disposto a ouvir, como verdadeiros discípulos de Jesus.

Os quatro pilares que está sendo referido acima são pontos que nos ajudarão a compreender quais são as bases na formação de filhos:

1. Disciplina

“Não retires da criança a disciplina, pois se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno” Prov. 23:13-14

Estamos vivendo em tempos de muita confusão, inversão de valores, e demasiada preocupação com prazer, e um prazer imediato. Todos estão em busca de felicidade, realização e conforto. Até mesmo muitos jornalistas e pensadores seculares têm ficado intrigados com o comportamento da sociedade moderna, com a falta de idealismo dos jovens e adolescentes, com a desvalorização da família e dos valores a ela embutidos.

Para muitos a Palavra de Deus está cada vez mais desconectada com a nossa realidade. Hoje “não podemos” nos posicionar contra o homossexualismo, mas qualquer pessoa pode humilhar a fé e os ideais cristãos sem que seja vista como preconceituosa!

Se realmente vivermos a Palavra, podemos esperar que seremos perseguidos, mesmo que seja apenas na nossa própria casa. Quando lemos um texto como este de cima percebemos a seriedade com que o Senhor trata este assunto, e percebemos o quanto esse pensamento é contrário ao mundo de hoje. Precisamos desejar obedecer ao Senhor, e não a ideais e filosofias mundanas. O nosso compromisso é com a Palavra de Deus, e não abriremos mão dela, seja em assuntos referentes aos filhos, seja em qualquer outra situação de decisão.

“(…) criai-vos na disciplina e admoestação do Senhor” Ef. 6:4

A disciplina que o texto de Efésios se refere está associada à aplicação da vara. Existem pessoas que ensinam que essa mesma disciplina diz respeito à simplesmente conversar com a criança e explicar o que é o certo a fazer. Entendemos que a Palavra de Deus nos orienta que toda criança é estulta, ou seja, insensata, e apenas a vara da disciplina afastará a criança desse coração e permitirá que a sabedoria de Deus encontre o espaço necessário.

“A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina, a afastará dela” Prov.22:15

O Senhor nos mostra a importância da correção, quando Ele mesmo nos diz que usa esse mesmo recurso para tratar conosco (Heb. 12:6). A Palavra de Deus não nos dá opção de usarmos a vara ou não.

2 “O que retém a vara aborrece ao seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina.”Prov.13:22

Quando devemos corrigir nossos filhos? Sempre que ele desobedecer a uma ordem expressa ou quando ele expressar atitudes erradas, como pirraças, cara feia, reclamações constantes.

Com o que corrigimos? Com uma vara, ou seja, um instrumento separado para esse fim. Não se corrige com chinelo, ou cinto, nem muito menos com palavras.

De que maneira corrigimos? Sem ira, nem gritarias, num local reservado. Que a criança sinta dor o suficiente para pensar duas vezes antes de cometer alguma falta.

“Castiga seu filho enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo” Prov.19:18

Não podemos permitir escândalos no momento da correção, chorar é uma consequência óbvia, mas gritarias, pulos e correrias são um pouco além da conta! A correção não é punitiva, é corretiva; o objetivo é restaurar, não gerar inimizades e mágoas entre pais e filhos. Deve ficar claro para o filho a razão daquele momento, com toda firmeza e amor.

Depois da correção é muito produtivo incentivarmos a criança a pedir perdão para nós (mencionando seu erro), orarmos com ela e demonstrarmos para ela claramente o quanto a amamos, voltando tudo a ficar como antes. A criança precisa temer a vara ou nos temer, mas não deve ter medo nem muito menos raiva de nós. E o incrível é que uma criança bem conduzida é extremamente amorosa grata e feliz com os pais.

“Corrige o teu filho, e te dará descanso, dará delícias a tua alma.”Prov.29:17

“A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe.”Prov.29:15

O nosso trabalho de aplicar a vara deve começar cedo, e precisamos entender que realmente é um trabalho cansativo e difícil. Mesmo a criança de índole tranqüila e pacata precisa ser corrigida de modo firme e constante.

Cerviz é uma palavra usada nos textos bíblicos, e é sinônimo de nuca. Deus diz a respeito do povo de Israel como um povo de dura cerviz, ou seja, um povo que não se curva, que mantém a cabeça erguida numa atitude de rebeldia e altivez. O nosso trabalho com as crianças começa a se tornar mais tranqüilo apenas no momento em que percebemos estar essa cerviz quebrada, ou melhor, dizendo, quando a atitude da criança é mais associada a um coração sábio – aquele que ouve, acata, obedece se submete a governo.

Uma criança de cerviz quebrada vai continuar desobedecendo, mas o espírito rebelde e obstinado será removido. Por essa razão a disciplina deve ser constante, com alvos claros e com bastante firmeza, para que não venhamos a colher no futuro filhos parcialmente submissos, que mudaram o comportamento e não os corações. Filhos submissos não são filhos perfeitos, mas são filhos que temem e respeitam os pais na mesma disposição que o fazem ao Senhor.

2. Instrução

Filho meu, não te esqueças dos meus ensinos, e o teu coração guarde os meus mandamentos; pois eles aumentarão os teus dias e te acrescentarão anos de vida e paz. ”Prov.3:1-2.

Quando falamos em instrução ou ensino devemos nos lembrar que ensinamos muitas coisas sem perceber, principalmente as atitudes que temos que são hábitos e comportamentos arraigados. A instrução é repetição, sendo no nosso falar ou agir!

Precisamos estar atentos a uma questão:

Se nosso filho é rebelde na correção física, ou seja, não a aceita e mantém um coração fechado, é quase inútil instruí-lo, pois como diz em Provérbios 12:1 “Quem ama a disciplina ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é estúpido”. Se o nosso filho não nos obedece nas ordens básicas, não o fará nas direções e/ou conselhos mais importantes.

O que devemos ensinar aos nossos filhos? Ensinamos desde o comportamento à mesa, cumprimentar as pessoas, dar descarga no banheiro e lavar as mãos, cuidar de seus pertences, respeitar os mais velhos, aprender a ser independentes; enfim, todo comportamento de bons modos ensinamos para as crianças com a real intenção de que elas obedeçam. Podemos também ensiná-los a ter atitudes de bondade e consideração a outros e incentivá-los a servir. Além disso, ensinar simplesmente tudo que está na Palavra de Deus. Abaixo está selecionado um pequeno quadro retirado do livro “Como criar filhos obedientes e felizes” que vai nos ajudar a entender o que precisamos dar e esperar de nossos filhos.

O que Deus quer de meu filho:Portanto não permitirei:
Obediência (Ef. 6:1) Desobediência
Respeito pelas autoridades (Ef. 6:2)Atitude de rebeldia, linguagem irreverente, respostas prontas, olhar de desprezo, maus modos
Autocontrole (Prov.14:29, 16:32, 25:25)Raiva desenfreada, acessos de raiva, longas crises de autopiedade
Paciência (ITs. 5:14)Impaciência, irritação
Diligência (Prov.15:19, Rm12:11)Preguiça, indiferença, desinteresse
Bondade (Ef.4:32)Rudeza, egoísmo
Coragem e confiança (Js.1:10,, ITm1:7)Medo, timidez
Alegria e felicidade (IPe.3:10, Fl.2:14, 4:4)Depressão, lamúrias
Amor aos outros (Rm 12:10, Tg.4:11, Tt.3:2)Críticas
Capacidade de relacionar-se com as pessoas (Mt.5:9, Rm12:18, Ef.4:31, Pv.17:14)Brigas
Sinceridade (Rm 12:17, Ef. 4:24, Prov.11:1)Mentiras, trapaças, roubo
Sabedoria e conhecimento (Prov 2:4-9, 8:33)Ignorância, falta de instrução
Pureza (IITm. 2:22)Pensamentos impuros, instrução sexual errônea
Afabilidade (Prov. 18:24, IITm 1:7)Timidez excessiva
Honestidade, lealdade, responsabilidade e fidelidade (Prov.11:13, 25:19)Irresponsabilidade

Ensinamos baseados num padrão bastante elevado e às vezes pode parecer que isso fará a criança desanimar, pensando ser muito difícil trilhar tal caminho. No entanto, devemos entender que os filhos, como nós, precisam do Senhor Jesus para cumprir os mandamentos.

É necessário que entendamos o nosso papel de orientadores dessa criança na direção da dependência de Deus e levá-los a reconhecer sua falibilidade e necessidade de Deus em tudo. Se apenas ensinarmos o que é possível para eles cumprirem, eles crescerão pensando que não precisam de Deus, e nunca serão confrontados com seus próprios corações, fraquezas e pecados.

E em que momentos devemos ensiná-los? Será que o ideal é somente separarmos um tempinho e fazermos um “cultinho doméstico”? É sempre bom separarmos um tempo de ensino ou ler histórias, são tempos preciosos e podem realmente marcar a vidas desses pequeninos, mas a Palavra nos traz uma orientação um pouco mais ampla:

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que hoje te ordeno estarão em teu coração; tu a as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão e te serão por frontal entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais da tua casa, e nas tuas portas.” Dt. 6:4-9

O ensino aos filhos não é uma palavra de bronca numa hora de irritação, precisamos entender que bronca não ensina ninguém de maneira devida. A admoestação que a Palavra nos diz em Efésios 6:4 significa nas palavras do dicionário: “repreender benevolentemente, com brandura, advertir, aconselhar, fazer ver, observar”.

Toda vez que vemos nossos filhos terem comportamentos em desacordo com a Palavra de Deus, eles precisam ser admoestados, ou seja, é necessário que a Palavra seja ministrada ao coração deles. Além de falarmos com eles nos momentos em que eles erram, precisamos estar atentos às situações à nossa volta que são grandes oportunidades para ensinarmos valores e princípios do Senhor. Devemos clamar para que Deus nos dê sabedoria, graça e uma grande dose de paciência a fim de aplicarmos a Palavra nas circunstâncias necessárias.

Para concluir, a instrução deve ser feita, como na correção física, de maneira tranqüila, sem pressa. Deve haver da parte do filho total confiança em seus pais. Essa confiança é transmitida através de uma orientação segura, firme e cheia de temor dos pais. Os filhos amam ser instruídos nessa base!

3. Ser Exemplo

Os filhos quando são pequenos costumam depender muito de nós e nos olhar de uma maneira especial, nos admirando e garantindo para nós um amor eterno. Mais tarde, conforme os filhos vão crescendo começam a compreender cada vez mais o que se passa em sua volta, às vezes até antes de nós começarmos a nos dar conta disso!

E, em muitas situações, eles começam a perceber os hiatos entre o que dizemos e fazemos e então nós ficamos desacreditadas diante deles. Nesse momento, ao invés de seus corações se converterem aos nossos (Ml 4:6), nossos filhos se tornam cada dia menos interessados naquilo que falamos, e isso não diz respeito apenas aos ensinamentos bíblicos, engloba qualquer área. Todo nosso ensino pode ir para o “ralo” se não estivermos dispostas a praticar aquilo que ensinamos!

A nossa postura firme e amorosa (como a de Jesus) gera segurança e confiança em nossos filhos e os leva a querer nos ouvir. Se percebemos, desde pequenos, que nossos filhos resistem a nos ouvir, quer sejam ordens quer sejam opiniões ou conselhos, é necessário parar e refletir, reavaliando o modo como os tratamos.

Devemos ser exemplo em tudo, mas vejamos alguns pontos:

  • Ser uma mulher que busca ao Senhor quando está só, e também quando esta junto com seus filhos
  • Ser bondosa com os de dentro e com os de fora. Com relação às crianças necessitamos servir-los além daquilo que é unicamente necessário (às vezes um simples momento de consertar ou procurar um brinquedo perdido é de grande valia para a criança)
  • Amar as prioridades do Senhor
  • Ser verdadeira, honrada, submissa ao marido
  • Ser boa ouvinte

o estamos tendo a ilusão que só podemos ter filhos ou ensiná-los quando estivermos perfeitas, isso seria impossível; mas precisamos agir em coerência com o que cremos e praticamos. Os filhos precisam ver nos pais um coração cheio de zelo e fervor pelo Senhor, fervor esse que nos leva a optar mais pela obediência. Quando não somos exemplo do que falamos acontecem, pelo menos, duas situações em nossa casa:

  • acabamos abaixando o padrão do Senhor na vida deles
  • os filhos se tornam confusos na obediência, ou seja, perdem o referencial

Sede meus imitadores como eu sou de Cristo” I Cor 11:1

Que tremendo podermos dizer isso aos nossos filhos!

Assim como o Senhor nos deixou exemplo para que seguíssemos os seus passos, assim também Ele esperaque nós façamos o mesmo com nossos preciosos discípulos: deixar mais do que palavras!

4. Amizade

A amizade com o filho não está associada à idéia do mundo sobre a amizade, onde os pais se colocam de igual para igual com o filho, permitindo muitas vezes que o filho seja a autoridade. Na revista VEJA de fevereiro deste ano está escrito na capa: “Eles é que mandam: Um retrato dos adolescentes de hoje- são os reis da era digital, decidem o que a família vai comprar, custam caríssimo, mas estão mais desorientados do que nunca.”

É o preço de uma “amizade” e excesso de autonomia que os pais de hoje tem dado aos filhos, causando estragos na formação de jovens e crianças: pessoas imaturas, exigentes e sem ambições virtuosas.

A autoridade é à base do nosso relacionamento com o nosso filho, e toda a amizade e companheirismo deve estar associado a essa base. Entendemos que os pais são mais do que amigos do filho, são pastores de seu filho. O pastor é aquele que conduz, dá a direção, e a ovelha ouve tranquilamente a sua voz, pois sabe que este a protege e auxilia. Tedd Tripp comenta:

“O pai é o guia do filho. Este processo de pastorear ajuda a criança a entender a si mesma e ao mundo em que vive. O pai pastoreia o filho através da avaliação deste e de suas reações. Ele o pastoreia para que este entenda não apenas o “que” de suas ações, mas também o “por que”.

Como o pastor de seu filho, você quer ajudá-lo a entender a si mesmo como uma criatura feita por Deus e para Ele. Você não pode mostrar-lhe estas coisas somente pela instrução; deve guiá-lo no caminho da descoberta. Precisa pastorear seus pensamentos, ajudando-o a aprender o discernimento e a sabedoria.

Esse processo de pastorear é uma rica interação com seu filho, mais rica do que simplesmente dizer o que fazer e pensar. Pastorear envolve investir sua vida em seu filho, através de uma comunicação aberta e honesta que expõe o significado e o propósito da vida. Não é simplesmente direção, mas sim direção em que há autorevelação e compartilhamento. Valores e vitalidade espirituais não são simplesmente ensinados, mas assimilados.

Provérbios 13:20 diz “quem anda com os sábios será sábio”. O objetivo de um pai sábio não é simplesmente discutir, mas demonstrar o frescor e a vitalidade de uma vida dedicada a Deus e a sua família. Ser pai e mãe é pastorear o coração dos filhos nos caminhos da sabedoria de Deus”.

O pastoreio de um filho envolve tempo, dedicação e um coração sempre atento. Quando olhamos a formação de filhos por essa ótica, percebemos o quão impossível é delegar essa missão a qualquer outro!

A amizade a ser desenvolvida deve ser gerada num ambiente de grande aceitação, respeito e confiança.

Ninguém se interessa por ser amigo de outro onde não há esses três pilares. Um pastor de ovelhas não deve ser o dominador delas, ainda que tenha um domínio e autoridade evidentes. Ele as conduz com firmeza e graça, atento às suas necessidades, levando sempre a sua vara e o seu cajado!

A palavra nos diz que as mulheres devem “amar seus maridos e seus filhos” (Tt. 2:4). Parece até um mandamento óbvio. Mas não é! Muitas vezes amamos com um amor humano e esse amor é falho tanto na intensidade como no seu caráter.

Ás vezes o que achamos que fazemos por amor, é puro amor humano e o Senhor não está nele. “Amor” que protege demais, “amor” que encobre, “amor” que é cego, “amor” que renuncia o que não deve ser renunciado (marido, etc.). Em contrapartida há a negligência! Deixar de trabalhar não é suficiente quando queremos estar com nossos filhos. Não adianta não trabalharmos e vivermos envolvidas em muitas atividades, nos ausentando constantemente dos nossos lares.

O pastoreio é amor, e para amarmos precisamos estar atentas a tudo em nossos filhos – seus mais profundos sentimentos devemos procurar conhecer. Amar é estar atentas às necessidades da criança. Pensar nos seus sentimentos, estar observando o seu coração, emoções, valorizar suas conquistas e ser sincero com relação às suas dificuldades.

Busquemos situações para cultivar momentos de conversas livres e francas, quer seja depois da correção em que estão mais aquietados, ou um pouco antes de dormir, ou em momentos de lazer. Nem sempre essas situações surgem, nós precisamos torná-las possíveis.

Não amamos também quando irritamos ou desanimamos os nossos filhos. “E vós pais não provoqueis vossos filhos à ira”. Ef.6:4

Em primeiro lugar irritamos os nossos filhos quando não o corrigimos devidamente, e eles se tornam pessoas sujeitas às suas próprias emoções. Não corrigir devidamente é, por exemplo, corrigir fraco demais (a criança se mantém endurecida), sem critérios definidos, falar (falar, falar e falar) e não agir, forçar a fazer o que queremos sem tratar com o coração (dar remédio, cortar unhas e cabelo, etc.). É o oposto de criá-los na disciplina e admoestação do Senhor!

Muitos pais não querendo disciplinar, passam para os seus filhos sua frustração, seus aborrecimentos, seu stress e acabam provocando seus filhos a ira e deixando-os desanimados como recomenda as Escrituras para não fazê-lo (Ef. 6:4 – Col.3:21).

Vamos alistar uma série de atitudes reprováveis e que nada contribuem para a formação deles, muitas vezes nos tornamos viciados em coisas que precisamos mudar.

  • Ser impaciente
  • Ser desatenciosa para com suas necessidades
  • Contar vantagem (eu fazia melhor)
  • Ser arrogante “Vamos fazer do meu jeito, porque sou mais esperta e mais velha que você”
  • Envergonhando e rebaixando o filho, comentando os erros e fracassos na frente dos outros
  • Impondo “sempre” sua vontade ao marido e aos filhos
  • Mantendo um registro de ofensas “Eu já te disse uma centena de vezes”
  • Desprezando, criticando, ou negligenciando o seu filho porque ele não preencheu com perfeição suas expectativas
  • Duvidar do que o filho diz, sem conhecer todos os fatos
  • Ser intolerante, falar com ira e aborrecimento
  • Hipocrisia (Cobrar o que não faz)
  • Mentir ao filho
  • Zombar dele por estar com vergonha, ou porque fracassou em algum empreendimento
  • Usar palavras torpes
  • Ser parcial no tratamento com os filhos (Dar preferência a um dos filhos)
  • Comparar o filho com você ou com outros
  • Não cumprir sua palavra dada
  • Falhar em ouvir pacientemente o filho
  • Falhar em disciplinar o filho biblicamente por não estar com vontade e deixando acumular
  • Nunca aborreça seu filho com “sermões” e discursos infindáveis. (se tem que corrigir, corrija-o, mas não o desanime falando… falando… falando)
  • Ordens demais e desnecessárias, sem sentido, nem coerência, usando dois pesos e duas medidas, voltadas para interesses pessoais.
  • Perseguir e insistir com o filho em assuntos irrelevantes. Possui o hábito de reclamar e não instruir. A reclamação constante é um grande fator de desânimo para uma criança. É muito triste vermos um filho sempre criticado, num ambiente de repetidas reclamações.
  • Ser uma pessoa irritadiça ou impaciente
  • Exigir mais do que a criança é capaz de fazer

Esses tópicos são uma ajuda para pensarmos na nossa prática, porém cada um de nós sabe quando e em que momento não estamos sendo agentes de motivação na vida dos nossos filhos. Para isso contamos com a ajuda do Espírito Santo, que nos guia sempre a toda verdade.

“Melhor é morar numa terra deserta do que com uma mulher rixosa e iracunda” Prov.21:19

Conclusão

Precisamos lembrar que o Senhor conta conosco para que nossos filhos cumpram o mandamento de Efésios 6: “filhos obedecei em tudo aos vossos pais”, e para isso há um grande trabalho, muita oração e dependência do Espírito Santo.

Não se conforme ou fique contente se seu filho te “obedece” depois de três berros, um chinelo ou vara na mão ou algum outro tipo de ameaça. O padrão de Deus exige obediência imediata, sem chantagem, sem ameaça, gritaria ou negociação. Obediência imediata depois de falar uma única vez, em tom normal de voz, ciente da importância de conduzir os filhos no caminho do Senhor.

A porta é estreita e apertado é o caminho que conduz à vida, mas em Jesus o que nos era impossível se tornou possível. Temos acesso ao Pai, pelo novo e vivo caminho, e nos alegramos em dizer que podemos todas as coisas naquele que nos fortalece! Aleluia!

Recomendações de leitura:

Pastoreando o coração da criança

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Disciplina: Um ato de amor

Autor: Roy Lessin

Como criar filhos obedientes e felizes

Autora: Barbara Cook

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