Este artigo é dividido e sete partes: O apóstolo Paulo, mais do que qualquer outro, tornou evidente o padrão do Reino de Deus para o homem e a mulher. Quer fosse com respeito à vida pessoal, quer fosse para o casamento. Paulo tornou-se um dos maiores defensores do Reino de Deus. Assim como Jesus é […]

Jesus e Paulo
Este artigo é dividido e sete partes:
- Divórcio e novo casamento: Jesus e a Lei
- Divórcio e novo casamento: Jesus e os fariseus
- Divórcio e novo casamento: Jesus e a Exceção
- Divórcio e novo casamento: Jesus e Paulo
- Divórcio e novo casamento: absoluto x relativo
- Divórcio e novo casamento: Jesus e o perdão
- Divórcio e novo casamento: Jesus e os Eunucos
O apóstolo Paulo, mais do que qualquer outro, tornou evidente o padrão do Reino de Deus para o homem e a mulher. Quer fosse com respeito à vida pessoal, quer fosse para o casamento. Paulo tornou-se um dos maiores defensores do Reino de Deus. Assim como Jesus é o perfeito modelo do caráter de filho de Deus, Paulo tornou-se um modelo incomparável de caráter de discípulo de Jesus. Ele, a si mesmo trouxe essa responsabilidade quando disse: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” – I Co 11.1.
Se a personalidade forte e original de Paulo é reconhecida como a de um dos mais importantes homens de toda história cristã, maior foi o poder do evangelho que o transformou. Toda sua opulência, sabedoria e conhecimento, aliados ao seu temperamento forte e seu zelo para com a Lei de Deus, não resistiram ao poder daquele que tem todas as coisas debaixo de Seu domínio: Jesus! Desde o seu contato com Jesus na estrada de Damasco ele tem sido o reflexo de Cristo no mundo.
Embora seja o suficiente ouvir de Jesus, “Eu, porém vos digo…”, essa força de expressão foi manifestada de forma bombástica através da vida e do ministério daquele homem de Tarso. Essa influência de autoridade e poder não anulam a capacidade de pensador e análise de alguém, como Paulo. Muito pelo contrário, Deus usa um dom natural e também o produto de uma educação séria.
Paulo, era um estudioso que aprendeu nas escolas rabínicas a coordenar, expor e defender as suas idéias. Basta uma análise de suas cartas para ver o raciocínio e a destreza em formar conceitos. Sem diminuir a eficácia do poder do Espírito Santo que revelou a ele toda essa sabedoria. As suas epístolas exercem influência sobre a igreja cristã até hoje. Ninguém, como ele, conseguiu explicar o cristianismo com a clareza e simplicidade dignas de um profeta. Além do que, sua maneira prática de fazer as coisas e o seu senso de urgência, fez dele um missionário entre os gentios que aliava a capacidade de um grande pensador com a de um consumado trabalhador.
É muito agradável para eu escrever sobre o tema Divórcio e Recasamento tendo como aliado um homem reconhecido como um dos dez mais inteligentes homens da história. Agrada-me, sobretudo por sua humildade e simplicidade.
Humildade para reconhecer a autoridade de Jesus sobre sua vida e ministério. Simplicidade porque não usava de meias-palavras nem de subterfúgios para conseguir a aprovação de ninguém. Era um homem de convicções profundas.
Ao tratar de Divórcio e Recasamento, ele ratifica todo conselho de Deus nessa questão. Sua carta aos coríntios, especificamente no capitulo 7, é uma cartilha simples que substitui todos os compêndios e enciclopédias destinadas ao tema. Ele estabelece uma regra simples de como resolver os problemas de relacionamento, dando conselhos harmonicamente contextualizados com a visão do Propósito Eterno de Deus.
“Mando, não eu mas o Senhor”
“Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido. Se, porém, se separar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher” – 1 Co 7.10-11.
Não há nada a ser interpretado aqui. É claro, simples e muito enfático. Não se trata de divórcio, nem de recasamento. Aqui também podemos ouvir o Senhor Jesus dizendo através de Paulo: “Eu, porém vos digo”. E Ele o diz aos casados. Não aos solteiros, nem aos “recasados”. A todos aqueles a quem Ele considera casados, de acordo com o que Ele considera casamento: “Portanto”, disse Jesus, “deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher e, serão os dois uma só carne, e o que Deus ajuntou, não o separe o homem” Mt 19.5-6.
Aqui não temos um conselho, nem uma opinião, mas sim um mandamento. Um mandamento como qualquer outro que Jesus dera a Seus discípulos. Um mandamento que direciona a obediência daquele que tem a Jesus como Senhor absoluto de sua vida. Um mandamento que serve de direção para quem quer fazer a vontade de Deus.
Não é uma obrigação, mas sim uma proteção para o casamento para todos os discípulos de Jesus, que casaram de acordo com a vontade de Deus e para cumprir seu Santo Propósito. Jovens que se prepararam e se mantiveram puros e santos enquanto aguardavam o grande e maravilhoso dia do casamento. Para esses, o mandamento não necessitaria do complemento “SE PORÉM SE SEPARAR”. Esse complemento não é para um discípulo, mas sim para um incrédulo, o que veremos mais adiante.
Aqui fica muito claro que a mulher não deve se separar do Marido e que o marido não deve deixar a esposa. As razões expostas por Paulo no verso 5 e 6, nos dão uma idéia dos muitos perigos que rondam a estabilidade do casamento.
“Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois vos ajuntai outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência. Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento” – I Co 7.5-6.
Por quê se exporem ao pecado? Por quê darem brechas ao diabo? A segurança do casamento está em manterem-se casados. É preciso fazer tudo o que for necessário para que o casamento esteja protegido contra as influências do mundo, da carne e do diabo. Todos conhecemos como o casamento é vulnerável às influências deste mundo.
A maior proteção que uma mulher pode ter, é a presença do marido e, a maior segurança que um homem pode ter, é estar com sua mulher.
“Se, porém vier a separar-se…”
Seria maravilhoso se todos os casados, tanto os maridos como as esposas, fossem discípulos de Jesus. Nesse caso não precisaríamos do complemento, “se, porém vier a separar-se”. Entretanto, essa não é a realidade. Há milhares de casais cujos maridos são incrédulos. Também há um número muito grande, embora menor, de maridos com esposas incrédulas. Nesse caso, temos uma situação circunstancial em que, sem diminuir o padrão “criacional” de Deus para o casamento, o Senhor determina o que fazer caso ocorra uma separação. Vejam que não se diz divórcio!
Esses textos não podem ser desassociados dos versos 12 a 16. Ali Paulo estabeleceu a pastoral em casos de separação por parte do incrédulo. A separação, abandono, repúdio, nunca deve ser de iniciativa do discípulo. Se o cônjuge incrédulo quiser separar-se, que o faça, porém por sua escolha e decisão. Nunca deve partir do cônjuge discípulo. Isso está explicitado no mandamento de Jesus nos versos 5 e 6. Ali está estabelecido o princípio. As únicas condições estabelecidas pelo Senhor para Seus discípulos que, infelizmente tenham se casado com incrédulos, antes ou depois de se converterem, e foram abandonados por seus cônjuges são:
“Fiquem sem casar…”.
Essa é a condição principal. Não é permitido pelo Senhor o recasamento. Um “segundo” ou “terceiro” casamento teria que ter uma constante prática de adultério (relação sexual ilícita entre pessoas casadas). E também disse o Senhor: “os adúlteros não herdarão o Reino dos Céus”. Portanto, a ordem do Senhor é: “Fiquem sem casar”.
Para os discípulos de Jesus, tanto o homem como a mulher que se encontram nessa condição, a saída é serem “eunucos por causa do reino de Deus”. Eles ficam impedidos de manterem relação sexual com outra pessoa que não seja seu cônjuge. Mas isso não é um voto de castidade, pois o Senhor coloca uma abertura de reconciliação.
“…ou que se reconciliem com o marido”.
Infelizmente o pecado, a carne, o mundo e o diabo são aliados contra o casamento e, uma vez tendo-o atingido com seus tentáculos, deixa sequelas que nem sempre podem ser corrigidas. O pecado do adultério, do repúdio, do egoísmo, da mentira e da avareza encontra espaço num mundo que está posto sob o maligno. É nesse mundo onde se estabeleceu um sistema diabólico contra o casamento. Milhões de casais estão destruídos e impossibilitados de reverem o passado por erros e pecados irreparáveis.
Mas há os que, contrariando a filosofia barata da felicidade humana e da teologia do cristianismo sem cristo e do humanismo egoísta, buscam a reconciliação do casamento, da família e da igreja. Aleluia por esses!
A seguir, vamos analisar com cuidado os conselhos de Paulo aos casados com cônjuges incrédulos. Vamos também procurar quebrar os sofismas evangélicos que se infiltraram nas nossas igrejas e corrompem a sã e maravilhosa doutrina de Jesus, que permitem o repúdio, o abandono, a violência e respaldam o adultério dos casados e a fornicação entre os jovens. Que o Senhor tenha misericórdia de nós!
Paulo e Jesus
“Mas aos outros digo eu, não o Senhor..” (I Co 7.12). A partir de agora vemos Paulo aplicando os princípios do Reino de Deus. Sua posição diante do mandamento do Senhor foi estabelecida ao submeter-se ao conselho do Senhor descrito no verso 10: “Aos casados, mando não eu, mas o Senhor…”. Agora, toda pastoral tem que estar de acordo com esses princípios, e coerentes com o padrão do reino de Deus tão radicalmente defendido por ele.
Antes de trabalhar essa questão pastoral, gostaria de expor algo com respeito aos conceitos absolutos e relativos do aconselhamento.
Muitas vezes, diante de situações complicadas, o conselheiro enfrenta uma grande dificuldade para aplicar os princípios absolutos do Reino de Deus. Ele não trabalha como mecânico de automóveis ou reformador de casas. Seu trabalho é com pessoas que têm sentimentos, história e estão envolvidas com outras pessoas também.
Normalmente ele se envolve com esses sentimentos e é tentado a ceder diante de pressões sentimentais, familiares e religiosas.
Amor e compaixão
Um dos erros mais graves que se comete, é aconselhar alguém ou casais sem conhecer todas as implicações que aquele conselho pode trazer na vida das pessoas. A falta de amor e de compaixão pode ser determinante nessa hora. Portanto, todo aconselhamento tem que estar recheado da atitude de Jesus e tão presente na vida dos apóstolos, sobretudo de Paulo.
Essa era a diferença na vida de Paulo em contraste com os que ele chamava de “falsos apóstolos”. Paulo era convicto do evangelho que pregava e das implicações dessa pregação na vida dos discípulos.
Todavia, não se pode confundir amor e compaixão com sentimentalismo. O amor pela vida de um filho pode levar um pai a autorizar a amputação das pernas do filho se isso salvá-lo.
A pregação de Paulo era cheia de amor e compaixão, mas era também realística com a vida do homem. Sua pregação consistia em mostrar ao homem seu estado miserável diante de Deus e aplicar o remédio certo que era traduzido como “morte” do velho homem! As expressões, renúncia, cruz, morte, sofrimento, angústia, perseguição, entre outras, fazem parte do que ele chama de “o meu evangelho”. Ser radical em aplicar uma medida mais enérgica não é sinônimo de desamor, o contrário poderia ser visto da mesma forma.
Ao escrever a primeira carta à igreja de Corinto, no capítulo 5 ele usa declarações fortes que, se fossem usadas hoje na maioria da igreja criaria um rebuliço muito grande e teríamos muitos pastores desempregados. Estaria Paulo sendo radical demais ao orientar os líderes daquela igreja a entregar a satanás um de seus membros? Chegou ele ao extremo de sua paciência? Agia ele por impulso ou por capricho? É claro que não! Paulo sabia exatamente o que fazia e o por que fazia. E, não tenho dúvida nenhuma de que tudo isso estava recheado de amor e compaixão.
 
         
		      	 
		      	 
		      	 
           
           
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                    