Este artigo é dividido e sete partes: Quando lemos a respeito de qualquer assunto, sempre ficamos do lado de Jesus. Para a maioria de nós, questionar a Jesus seria uma ofensa. Mas, quando se fala sobre divórcio e recasamento, a maioria prefere ficar do lado dos fariseus. Não podemos cair na armadilha dos fariseus. Eles […]

Jesus e os fariseus
Este artigo é dividido e sete partes:
- Divórcio e novo casamento: Jesus e a Lei
- Divórcio e novo casamento: Jesus e os fariseus
- Divórcio e novo casamento: Jesus e a Exceção
- Divórcio e novo casamento: Jesus e Paulo
- Divórcio e novo casamento: absoluto x relativo
- Divórcio e novo casamento: Jesus e o perdão
- Divórcio e novo casamento: Jesus e os Eunucos
Quando lemos a respeito de qualquer assunto, sempre ficamos do lado de Jesus. Para a maioria de nós, questionar a Jesus seria uma ofensa. Mas, quando se fala sobre divórcio e recasamento, a maioria prefere ficar do lado dos fariseus.
Não podemos cair na armadilha dos fariseus. Eles advogavam uma causa própria, uma artimanha para pegar Jesus em alguma falha. Portanto, considerar esse fator na análise do texto de Mateus 19, é fundamental para ver que o assunto é muito mais simples do que a polêmica que alguns procuram fazer.
A simplicidade era tão grande que os discípulos não tiveram nenhuma dúvida a respeito e nem mesmo questionamentos contra. A única observação que eles fizeram sobre o tema foi com respeito a possibilidade de não casarem, fugindo assim da responsabilidade de manterem-se fiéis à mulher com quem casassem.
No episódio narrado em Mateus 5, 6 e 7 vemos que Jesus foi muito mais enfático e amplo na interpretação da lei de Moisés e acrescenta a frase; “EU PORÉM VOS DIGO”. Essa frase não é para fariseus, mas sim para discípulos. Da mesma forma quando ele fala: “Um novo mandamento vos dou.” não o faz para fariseus, mas para discípulos.
Portanto, se quisermos ser fiéis a alguém, temos que ser fiéis a Jesus e não aos fariseus. E, cuidemos, para não sermos nós mesmos “fariseus”.
Jesus e Suas Respostas
Alguns me perguntam porque estou seguindo esta linha de argumentação e eu respondo que o melhor seria começar analisando os textos mais claros, que não necessitam de interpretação, que definem com poucas palavras o final disso tudo. Todavia, resolvi fazer o caminho oposto porque, salvo os que buscam com sinceridade conhecer a verdade, a maioria tem na mente muitos sofismas, inverdades e argumentações tendenciosas. Portanto, resolvi usar o método do leão quando sai à caça: Os leões nunca vão a favor do vento. Para um bom entendedor…
O capitulo nevrálgico de Mateus 19.1 tem sido a grande plataforma dos defensores do divórcio e do recasamento.
Vejamos cuidadosamente esse texto observando os mínimos detalhes:
Esse texto não pode ser analisado isoladamente. Ele precisa do contexto de Marcos 10.1-12. Jesus nesse episódio está com seus discípulos na Judéia. Como sempre ocorria, uma grande multidão O seguia. Uns para ouvir seus ensinos, outros por causa dos milagres, outros por que haviam sido chamados e eram seus amigos, mas havia também aqueles que tentavam pegá-lo nalguma falha. Entre esses estavam os fariseus.
Vemos a intenção dos fariseus no versículo três: “Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o”. Eles sempre buscavam uma forma para pegar Jesus nalguma falha. E, nessa ocasião não foi diferente.
É preciso entender a atitude daqueles homens para não sermos engodados nem cair nas suas armadilhas. A intenção maléfica pode usar de argumentos verdadeiros para induzir alguém a cometer um erro. Qualquer motivo é motiva para quem quer ter motivo. E, os fariseus queriam um motivo para atacar a Jesus.
O objetivo deles não era a verdade a respeito de Divórcio e recasamento, nem mesmo resolver casos pendentes. A verdadeira intenção dos fariseus era atacar a Jesus.
Embora houvesse uma discordância entre eles a respeito desse assunto, porque havia duas correntes de pensamento e prática entre eles, a verdadeira intenção não era resolver a questão dessa divergência. A intenção era colocar Jesus numa posição inconfortável diante da lei, dos discípulos e da multidão. Eles precisavam de algo para acusar a Jesus.
Assim, seguindo uma estratégia astuta, eles fazem duas perguntas a Jesus.
Primeira pergunta: “É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?”.
Aparentemente é uma pergunta simples e objetiva. Mas ela vem carregada de malícia e um sofisma perigoso.
Como já disse, havia duas correntes de pensamento. Havia duas escolas que divergiam quanto ao assunto relativo à mulher e ao divórcio. Os mais liberais, que eram seguidores das idéias do rabino Hillel, sustentavam que o homem podia repudiar a sua mulher por qualquer motivo. Os mais conservadores e ortodoxos, esses seguidores do rabino Sammai, afirmavam que o homem só poderia deixar a mulher se encontrasse “alguma coisa indecente” nela.
A pergunta dos fariseus, embora tenha a intenção de colocar Jesus entre as duas opiniões, o que levaria Jesus a se por do lado de uma ou de outra, também dá a chave para uma resposta radical de Jesus. Para Jesus, a primeira parta da pergunta é a mais importante e deve ser respondida: “É lícito ao homem repudiar a sua mulher?”.
Não é estranho que eu faça essa distinção porque, ao lermos outros evangelhos vamos observar exatamente esse detalhe. Vejamos!
Marcos 10:2 E, aproximando-se dele os fariseus, perguntaram-lhe, tentando-o: “É lícito ao homem repudiar sua mulher?”.
Como podemos ver, a pergunta a ser respondida é a que está isenta de sofisma e malícia. E foi essa a pergunta que Jesus respondeu.
Resposta de Jesus à primeira pergunta
A resposta de Jesus poderia ser dita de uma forma direta e isso bastaria. Poderia dizer simplesmente, Não! Não é lícito o homem repudiar a sua mulher! E, assim estaria encerrada a discussão.
Todavia, Jesus dá uma resposta mais ampla voltando ao princípio de tudo. Ele busca nas Escrituras a base para o casamento e o conceito da indissolubilidade do mesmo. Ele diz: “Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne” – Mt 19.4-6ª e Mc 10.6-8.
Aqui temos três importantes detalhes a serem considerados:
a) “Deixará o homem pai e mãe” Não é preciso ser um grande exegeta para admitir que somente uma pessoa “solteira” estaria ainda debaixo da guarda e da autoridade de um pai e mãe. Assim, estabelecesse que para que haja um casamento, os envolvidos devem deixar esse estado civil, solteiros, e sair da casa dos pais. Esse é um detalhe que vai contra o que normalmente acontece nos casos de divórcio que é: “deixará a mulher ou o homem com quem está casado”.
b) “Se unirá a sua mulher” Aqui temos um detalhe simples a considerar. A mulher não pode ser de nenhum outro homem. Não se pode casar com uma mulher casada, que tenha sido de outro homem. Isso vai contra o que normalmente ocorre nos casos de divórcio e recasamento que é: “se unirá à mulher que foi de outro homem”.
c) “E serão dois numa só carne” Aqui está a liberação para a relação sexual como um selo para o casamento. Não existe casamento sem que haja essa união sexual. Entretanto, é preciso considerar que qualquer relação sexual torna os dois envolvidos sexualmente em “uma só carne”. Mas, o fato de se unirem sexualmente não significa que já estejam casados. A união sexual define a situação moral das pessoas envolvidas no conjunto de outros fatores. Por exemplo, Paulo diz que “aquele que se une a uma prostituta se torna uma só carne com ela” – 1 Co 6.15-16. Nem por isso está casado com ela.
Em síntese, o casamento ocorre entre duas pessoas solteiras, que deixaram a casa de seus pais, se uniram num pacto mútuo selado com a relação sexual. Obviamente essa seqüência de fatos deve estar respaldada pelos pais e pela sociedade.
Bem, esse detalhe preliminar da resposta de Jesus à primeira pergunta dos fariseus ainda não responde completamente o questionamento: “É lícito ao homem repudiar a sua mulher?”. Os três aspectos expostos acima mostram o que é e como se processa um casamento. A resposta de Jesus vem de uma declaração única nas escrituras, descrita tanto por Mateus como por Marcos.
É a declaração que responde a primeira pergunta dos fariseus, ele disse: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” Mt 19.6b e Mc 10.9. Essa declaração de Jesus faz parte do “EU, PORÉM VOS DIGO”.
Quando um homem solteiro e uma mulher solteira deixa pai e mãe, se unem num pacto mútuo e selam esse pacto numa relação sexual, Deus, que os fez “macho e fêmea”, também os considera casados e, o que Deus ajuntou, não o separe o homem. Assim, a resposta de Jesus aos fariseus é: Não é lícito ao homem repudiar a sua mulher! Não é permitido! Não pode! Não deve! Seja qual for o motivo, não é lícito ao homem repudiar a sua mulher! Ponto Final!
A seguir vamos analisar a Segunda pergunta dos Fariseus e a sábia resposta de Jesus:
Quando separamos as duas perguntas que os fariseus fizeram a Jesus, eliminamos por parte os sofismas embutidos nas argumentações a favor do divórcio e recasamento. É preciso considerar que Jesus respondeu a primeira pergunta dos fariseus e concluiu dizendo: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”. Em outras palavras Ele está impondo a Sua definição como sempre fizera: “EU, porém vos digo, o que Deus ajuntou, não o separe o homem”.
Essa expressão de Jesus foi dita uma única vez respondendo a uma única pergunta dos fariseus que queria saber se era lícito o homem repudiar a sua mulher. A conclusão de Jesus foi: NÃO! Não é lícito o homem repudiar a sua mulher.
Mas, os fariseus tinham uma “carta marcada” escondida na manga. Vamos então para a segunda pergunta dos fariseus:
Segunda pergunta: “Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la?”.
Essa pergunta também vem carregada de armadilhas. Essa pergunta tem uma trama, uma distorção da verdade e uma indução ao erro. Obviamente eles evocam a lei e trazem à tona o assunto que sempre foi motivo de discussão entre as escolas de Hillel e Sammai. Não fujamos dos motivos dos fariseus. Eles queriam pegar Jesus numa falha. Era como se agora eles tivessem encurralado Jesus num canto e dissessem: “Como é que você diz que não é lícito ao homem repudiar a sua mulher, quando Moisés afirmou que sim?”. Dá pra perceber a intenção dos fariseus?
Se eles citam Moisés, é óbvio que Jesus teria que dar uma resposta a isso. Mas Jesus não caiu na armadilha e novamente impõe a Sua autoridade nessa questão. Ele responde a essa pergunta revelando a intenção do coração dos fariseus e corrigindo a pergunta.
Resposta de Jesus: “Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim”.
Há uma sabedoria em Jesus ao responder a essa pergunta maliciosa dos fariseus. Ele insiste em frisar o desejo de Deus ao criar o homem e a mulher. O desejo de Deus ao constituir a família não estava sujeito à força do pecado ou da dureza de coração do homem. Deus não mudaria Seu propósito e o adequaria ao estilo humano. Embora muito achem que Deus foi forçado pelas circunstâncias a mudar as regras do Seu Eterno propósito.
Jesus revela a intenção do coração dos fariseus quando disse: “Por causa da dureza dos vossos corações”. Ele ataca a motivação dos fariseus. Ele não atacou a Moisés, nem desfez da lei, nem foi a favor de Hillel ou de Sammai. Ele estava diante de acusadores e de homens cujo coração era duro com pedra. Insensíveis e incapazes de perdoar.
Jesus também corrige a pergunta dos fariseus, dizendo: “Moisés permitiu repudiar as vossas mulheres”. Não era um mandamento! Era uma permissão e isso por causa da dureza de coração dos homens. E reafirma a realidade do casamento afirmando: “Mas ao princípio não foi assim”.
A tendência do coração endurecido pelo pecado é valer-se das brechas da lei para estabelecer um motivo para seus próprios desejos e ambições. Para os fariseus a “suposta exceção” descrita em Deuteronômio 22 e 24, (analisaremos esses textos depois) deixou de ser uma exceção e passou a ser quase como uma regra geral para o casamento, exatamente como acontece em nossos dias. Hoje se divorcia por qualquer motivo!
Ao vir a este mundo, Jesus não veio colocar ordem na confusão que havia se instalado entre os homens. A humanidade como um todo havia se desviado completamente do propósito de Deus. Jesus não veio melhorar este mundo. Não veio reformá-lo ou dar um “jeitinho” nas coisas. Jesus veio trazer “de volta” o governo de Deus sobre a vida dos homens.
Jesus veio trazendo o Reino de Deus. E, esse Reino não passou por uma adaptação para ser coerente com este mundo. O Reino de Deus continua sendo o que sempre foi, um Reino de justiça, amor e santidade. Portanto, quando Jesus vem a este mundo vem restaurar o Propósito Eterno do Pai. Isso implica em fazer valer todos os princípios do Reino de Deus para o homem, para a família e para a humanidade.
Quando Ele começou Seu ministério, começou dizendo: “Arrependei-vos, porque chegou o reino de Deus”. Esse arrependimento (metanóia – no grego) é mais do que um remorso ou tristeza por haver cometido uma coisa errada. Arrependimento é uma mudança de governo. É uma decisão voluntária em submeter, a vida e tudo o que esteja relacionada a ela, ao governo de Deus.
Mas, como fica a sequencia do texto de Mateus 19? Isso é o que veremos em seguida.
 
         
		      	 
		      	 
		      	 
           
           
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                     
                                    