Verdades sobre a graça de Deus

Alguma vez em sua vida você já deu a alguém um presente que para você era muito especial, mas a pessoa não “deu a mínima”, não valorizou? Certa vez, um irmão comprou uma joia para sua esposa e, quando lhe deu, ela só olhou, não comentou nada e também não usou. Ele tinha uma expectativa que ela usasse. Quando alguém nos dá um presente, o faz com a intenção de nos alegrar, abençoar, agradar e espera que usemos.

Em outra ocasião, este mesmo irmão estava comigo em outro país e, ao passar por uma vitrine, viu um lindo conjunto de porcelana chinesa e pensou: “Minha esposa vai ficar maravilhada com esse conjunto!” e o comprou, uma caixa pesada. Quando fomos embarcar ele não quis despachar e acabamos levando a caixa dentro do avião, debaixo dos nossos pés e nos atrapalhando na longa viagem. Quando chegamos à sua casa, ao abrir a caixa sua esposa disse: “Hum…não gosto dessa cor!”. Ele ficou tão indignado que na mesma hora deu o presente para outra irmã que estava ali presente.

A pergunta que desejo fazer é: “O que você tem feito com o presente que Deus lhe deu?” Talvez, em uma escala de valores, você pense que esse “o” presente é a vida. Realmente a vida é um grande presente que o Senhor nos deu para vivermos nesta terra. Entretanto, existe algo que é melhor do que a vida.

“Porque a Tua graça é melhor do que a vida.” – Salmos 63:3

Por incrível que pareça, em algum momento dessa nossa jornada podemos estar passando por uma tribulação tão grande que talvez até queiramos morrer. Olhamos para a vida e achamos que ela está sem graça. Alguns dizem: “Se isso é viver, então é melhor morrer.” Outros até oram: “Senhor, me leva!” Isso porque têm sofrimentos que nos levam a pensar que é melhor morrer do que continuar aqui sofrendo. Outros, ainda, chegam ao cúmulo de tirar sua própria vida. Mas o salmista diz que a GRAÇA é melhor do que a vida.

Talvez quando ele escreveu isso as pessoas não entendessem bem, pois ainda viviam no tempo da Lei. Era o tempo do “fazer para receber”. “Se você obedecer, será abençoado; se desobedecer, será amaldiçoado.” Assim, as pessoas não tinham luz ou clareza da Graça. A Graça é incompreensível ao homem em muitos aspectos. Exemplo disso temos na parábola dos trabalhadores na vinha (Mateus 20:1-16) e na parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32). A Graça é muito difícil de ser entendida e aceita, inclusive em muitos ambientes religiosos. Alguns dizem: “Não é possível, fulano chegou agora e já está desfrutando da bênção!” Graça é um favor imerecido. Recebemos por causa da bondade de Deus e não porque fizemos algo digno ou por merecimento. A Graça é melhor do que a vida porque por ela nós fomos salvos.

“… e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos…” – Efésios 2:5

A salvação que recebemos não foi obra de nenhum esforço humano e, sim, da graça do Senhor. Deus chegou a nós e disse: “Você estava morto e eu te dei vida. Você era aquele galho seco de uma árvore e eu te enxertei na videira, te trouxe para dentro de mim; a seiva de vida que estava em mim entrou em você te fazendo florescer!” Isso é a Graça, vida em meio da morte. Nada fizemos para recebê-la; quem fez tudo foi Jesus. Fomos salvos por uma ação soberana e exclusiva Dele, que pagou todo o preço necessário por nós. A única coisa que fizemos foi crer e isso, também, por obra da graça Dele em nós. Tivemos fé de que Ele fez tudo, porque nada podíamos fazer. Todo o nosso esforço humano de alcançar Deus é religião pura. O dia em que a Graça nos alcançou foi porque a religião não tinha mais efeito.

Pela Graça fomos comprados da nossa escravidão, resgatados e livres do cativeiro do pecado. Se alguém conseguiu sair do adultério, da prostituição, das drogas, da mentira, de qualquer tipo de pecado, isso foi por obra da Graça. É ela que nos faz vencer, obedecer, mudar de vida.

“… para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça…” – Efésios 1:6,7

“… sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus…” – Romanos 3:24

A Graça é melhor do que a vida porque ela nos salvou, justificou, redimiu, libertou… Se formos estudar tudo o que a Bíblia diz sobre a Graça ficaremos maravilhados. É o dom, o carisma, o maior presente de Deus para nós. Mas a pergunta é: “O que temos feito com essa Graça que Ele nos deu?”.

A Graça é suficiente. Paulo experimentou isso em sua vida

“E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte.” – 2 Coríntios 12:7-10

A Graça é tão poderosa que se alguém de fato experimentá-la não vai se achar necessitado de coisa alguma, se sentirá suprido em tudo. A Graça me consola, me sustenta e, mesmo na fraqueza, faz com que o poder de Deus se aperfeiçoe ainda mais em mim. Quanto mais fraco e quebrantado sou, maior a Graça sobre mim.

Certa vez, falando com seus discípulos (Mateus 16), Jesus alertou-os sobre o fermento dos fariseus dando-lhes o exemplo das duas multiplicações de pães. Na primeira, Jesus pegou 5 pães e multiplicou para 5.000 pessoas e sobraram doze cestos. Na segunda, Jesus pegou 7 pães e multiplicou para 4.000 pessoas e sobraram sete cestos. Desta feita, ele tinha mais pães e menos gente; entretanto, sobraram menos pães. Por quê? Porque assim é a Graça de Deus. Quanto menores, mais fracos e mais insuficientes somos, maior é a Sua Graça em nós. Quando uma pessoa tem muita Graça sobre si é porque é muito quebrantado e já descobriu que nada pode por si mesmo. Não é alguém complexado, com autocomiseração, mas alguém com uma compreensão que sem Jesus ele não é nada e não consegue fazer nada; é alguém que já foi totalmente quebrado e rendido nas mãos do Senhor.

Mas a Graça também é muito perigosa. Muitos problemas que existem hoje nas igrejas são porque as pessoas querem ‘entender’ a Graça e caem em desgraças. Na verdade, a meu ver, as igrejas mais desviadas da verdade hoje são justamente as que enfatizam demasiadamente a Graça.

Um pastor chamado José Luís de Jesus Miranda (já falecido), autointitulado “Jesus Cristo Homem”, foi um homem de Deus no passado. Era um homem muito honrado, um pastor muito sério. Ele tinha um ministério chamado “Crescendo em Graça” e passou a considerar a Graça com tanta ênfase e importância que começou, por exemplo, a desprezar o Antigo Testamento que fala de exigências, juízos, justiças etc. Ele anulou completamente toda a parte da Bíblia que Jesus e os apóstolos usaram. Tempos depois começou a tirar algumas cartas do Novo Testamento – Tiago, Hebreus e outras – ficando apenas com as treze cartas de Paulo. Em seguida, parou de usar a Bíblia e se autodenominou Jesus Cristo, o próprio verbo de Deus. Multidões o seguiram, prestando-lhe culto e adoração. No auge da sua loucura assumiu um número para ele: 666. Dizia ser o próprio anticristo, mas que isso era algo bom, pois era alguém que “estava no lugar de Cristo”. A seguir se declarou imortal, vindo a falecer pouco tempo depois.

A Graça, então, tem esse risco. Mas a vida também é cheia de riscos. Tudo que precisamos para viver neste mundo envolve riscos; por exemplo, o fogo, a eletricidade, as ferramentas e utensílios domésticos etc. Sendo assim, não podemos deixar de falar sobre a graça por medo dos perigos que ela pode nos trazer. Mas que perigos são estes?

Existe o perigo de incorrermos em uma Graça falsa

“Por meio de Silvano, que para vós outros é fiel irmão, como também o considero, vos escrevo resumidamente, exortando e testificando, de novo, que esta é a genuína graça de Deus; nela estai firmes.” – 1 Pedro 5:12

Se existe uma Graça genuína é porque existe uma falsa. A verdadeira Graça exige de nós uma resposta. Vivemos em um tempo onde as pessoas cruzam os braços achando que tudo é automático, mas a vida com Deus não é assim. A única coisa automática é a salvação: quando cremos, a recebemos. Mas, para todas as demais coisas, Deus espera que respondamos; do contrário, a Graça se torna vã.

“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.” – 1 Coríntios 15:10

Considerando que a salvação não é um fim, mas o meio que Deus usou para nos incluir no Seu eterno propósito, a graça de Deus coopera com o desenvolvimento desta salvação. Se uma coisa é completa por si só ela nunca se tornará inútil. Como, então, ela pode se tornar vã ou inútil? Paulo explica que “sou o que sou” e “trabalhei muito mais do que todos eles” unicamente por causa da Graça. Trabalhar é um esforço concentrado e nem todo trabalho acontece no emprego. Aliás, muitos querem apenas emprego e não trabalho. Trabalhar também é fruto da Graça. Nosso trabalho não deveria ser orientado por resultados, mas por propósitos. Quando queremos apenas resultados corremos o risco de descartar pessoas que não correspondem como queremos. Quando trabalhamos por resultados nos tornamos semelhantes à algumas escolas que trabalham os alunos apenas para passarem nas provas, mesmo sem aprenderem. As auto-escolas podem ilustrar melhor o que estou dizendo: A maioria é treinada para prestar o exame de direção e não aprende a dirigir de verdade. O trabalho por resultados muitas vezes nos faz terceirizar a formação dos filhos biológicos e até dos filhos espirituais. Mas, quando temos uma meta, um propósito, quando sabemos onde queremos chegar, trabalhamos com uma visão correta, dependendo da Graça de Deus que nos dá força para o trabalho.

“O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano. Plantados na Casa do SENHOR, florescerão nos átrios do nosso Deus.” – Salmos 92:12,13

A Palavra compara o justo ao cedro do Líbano. Dizem que esse cedro do Líbano cresce devagar, mas chega a atingir a altura de até 40 metros. Nos primeiros três anos de vida, as raízes crescem até um metro e meio de profundidade, enquanto a planta tem somente cerca de cinco centímetros. Somente a partir do quarto ano é que a árvore começa a crescer. Outro fato interessante é que o cedro do Líbano é muito resistente e suporta vento e calor. Suas raízes profundas buscam água nos lençóis freáticos e por isso ele não depende de chuva. Há informações de que toda raiz quando cresce muito e atinge a rocha para de crescer. No caso do cedro do Líbano a raiz continua a crescer em volta da rocha, abraçando-a. Enquanto algumas raízes vêem na rocha um impedimento para a sua expansão, para o cedro, justamente o contrário. Quanto mais abraçado à rocha mais firme ficará. Para muitos o encontro com a rocha fará cessar o seu crescimento. No caso do cedro, suas raízes abraçam as rochas que encontram no caminho tornando-se mais firme ainda. Fomos comparados por Deus aos cedros e precisamos olhar nossas obras ou trabalhos como propósitos de longo prazo e não com imediatismos. Formar pessoas e líderes não é algo para poucos dias ou anos – isso é olhar apenas para resultados e não para o propósito final. Paremos de pensar apenas de forma rápida, imediata, temporal e passemos a visualizar metas, alvos, independente do tempo que demore. Não estamos plantando alface ou batata, mas cedros. É com anos que veremos os resultados de nosso trabalho, e isso envolve o indivíduo, a família, a igreja, o trabalho etc. Nesse aspecto é salutar ser ambicioso – contemplar as coisas lá na frente.

Estamos edificando pessoas que crescem e se multiplicam com força; pessoas que, quando vierem as tempestades, não caiam, mas fiquem firmes na rocha. Não estamos fazendo discípulos para qualquer vento derrubar, mas para suportar todo tipo de pressões e tempestades. Pessoas que passam pelo fogo e, ao invés de saírem queimadas, se tornam melhores. É assim que devemos trabalhar e viver. Por isso Paulo diz que “sou o que sou” e “trabalho mais do que todos”. Ele não trabalhava de qualquer maneira, mas com metas, alvos, propósito, visando resultados a longo prazo.

A Graça de Deus tem um propósito eterno. Deus não é Deus de apenas uma geração. Ele é geracional, vê lá na frente. Nossa geração é muito imediatista. Davi, por exemplo, preparou material para seu filho Salomão construir o Templo. Graça é fazer para outros desfrutarem.

Precisamos aprender a receber a Graça de maneira adequada

“E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação); não dando nós nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não seja censurado. Pelo contrário, em tudo recomendando-nos a nós mesmos como ministros de Deus: na muita paciência, nas aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.” – 2 Coríntios 6:1-10

Quando Deus nos dá Sua Graça precisamos recebê-la logo para que ela não se torne uma coisa vã em nossa vida. É preciso abrir o coração para deixar a semente cair e frutificar na melhor terra que temos. Muitas pessoas abrem o coração para um monte de porcarias e, quando chega a hora da salvação, da Palavra de Deus, elas se cansam, se fatigam e fecham o coração. Julgam Deus como alguém “chato”, cobrador, ou então vão dando à Ele apenas pequenas medidas de abertura.

Eu mesmo fui assim. Quando me converti tive contato com a Graça de Deus, comecei a gostar, mas disse à minha esposa: “Denise, tudo isso é legal, mas domingo não vou à igreja, porque esse é o ‘meu dia’!” Como estava livre da minha vida de pecado, agora conseguiria desfrutar melhor o domingo. Mas, aos poucos, fui-me apaixonando pela Graça de Deus, comecei a ter uma sede intensa de Deus, vontade de conhecê-Lo cada vez mais e vi que poderia Lhe dar o melhor do meu coração. E assim tem sido até hoje: não tem mais domingo ou feriado; todo dia é dia do Senhor. A Graça do Senhor nos atrai profundamente.

Precisamos ter cumplicidade com a Graça

“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente…” – Tito 2:11,12

A Graça nos educa, ensina, mas somos nós quem temos de renegar a impiedade e as paixões mundanas. Deus não vai fazer isso por nós. Nós escolhemos aprender, escolhemos a Graça, escolhemos fugir do pecado, escolhemos a sabedoria de Deus.  Sem isso estaremos perdidos, vivendo em tristezas, acusações, culpas. Quem é sábio e prudente entende e aceita o que é bom e anda no caminho do Senhor. A Graça nos dá sabedoria e prudência, mas somos nós quem dizemos ‘não’ para aquilo que nos afasta de Deus.

“Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (GRAÇA). Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo…” – Filipenses 2:12-15

Quem desenvolve a salvação somos nós, com temor e tremor. Mas é Deus, segundo a Sua Graça, quem efetua em nós o querer e o realizar. É Ele quem põe em nosso coração o desejo e a capacidade de acertar, quem opera em nós o querer e o fazer. Entretanto, às vezes fazemos murmurando, de má vontade, por obrigação, forçado. Mas Paulo diz “fazei tudo sem murmurações nem contendas”. Tudo que Deus promove em nossas vidas deve ser feito com alegria. Existem, inclusive, muitas doenças somáticas que são causadas pela interiorização de problemas emocionais. A Graça nos capacita a tornarmo-nos pessoas irrepreensíveis e sinceras com o propósito de expressarmos a luz de Deus para as pessoas.

O perigo de negligenciar a graça de Deus

Deus, o justo Juiz, jamais colocará alguém na cadeira de réu sem que essa pessoa possa responder pelos seus atos. Cada pessoa rejeita por si mesma a Graça e o favor de Deus, escolhe o caminho mal, peca porque quer, prefere e opta pelo pecado e, depois, não poderá dizer que Deus não lhe deu oportunidade para escolher. Nós é quem fazemos nossas escolhas e iremos responder por elas.

“Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade.” – Hebreus 2:1-4

O autor da carta aos Hebreus está falando para a igreja, para pessoas que já conheciam o Senhor. O que vai nos guardar no final dos tempos será o fato de nos apegarmos com mais firmeza às verdades que temos ouvido. A única maneira de não nos desviarmos da verdade é nos apegarmos a ela. Quem negligencia a Graça não escapa do justo castigo. Como escaparemos se tratarmos a Graça com negligência, com preguiça, se não reagirmos, trabalharmos, correspondermos a ela?

“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” – Hebreus 10:26-31

Quem escolhe viver deliberadamente em pecado mesmo depois de ter conhecido o pleno conhecimento da verdade e a Graça de Deus em sua vida, receberá o severo e justo castigo de Deus. O autor fala sobre como Deus vê o pecado voluntário cometido pelo crente:

  1. Calcar aos pés o Filho do Homem (subir em cima de Jesus). É isso que a vida deliberada de pecado faz. Quando alguém recebe um sacrifício, uma bênção como a da salvação e rejeita, é como pisar em cima de Jesus. Para Deus, quando alguém rejeita a Sua Graça, Seu dom, Seu presente é como se estivesse subindo e pisando em cima do filho Dele. Com a Graça não se brinca, não se negligencia.
  2. Profanar o sangue da aliança com o qual foi santificado. Isso significa pegar o sangue de Jesus e misturar com sangue impuro, sangue de pecado. Quando alguém escolhe viver em pecado está brincando, profanando o sangue de Jesus.
  3. Ultrajar o Espírito da Graça.

Quem será mais punido? Alguém que rejeitou a Lei de Moisés ou alguém que rejeita a Graça, que brinca com o presente que Deus lhe deu? “De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno…?”

“Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus?” – 1 Pedro 4:17

Lendo a história do povo judeu, vemos que desde o dia em que disseram: “Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” (Mateus 27:25) começou uma história de perseguição, sofrimento e destruição.

Deus, nosso Pai, nos corrige e não nos deixa brincar com coisas sérias. A Graça é uma bênção mas torna-se perigosa quando a rejeitamos. De que adianta dar um presente para uma pessoa teimosa, orgulhosa, soberba? Uma pessoa que não quer esse dom e prefere viver uma vida em pecado?

Alguns dizem: “Não dá para entender esse mundo, esse Deus. Um bandido recebe trinta tiros e está vivo; outro, trabalhador, chefe de família, levou um tombo da escada e morreu!” Parece que Deus é injusto. Mas procure conhecer a história dessas pessoas e verá que Deus é justo, é santo, é bom, é Pai. Ele é amor mas também é fogo consumidor (Hebreus 12:29).

A Graça de Deus é um presente maravilhoso, mas não pode ser negligenciada. Não se pode receber Jesus e tratá-lo como algo qualquer. Quando alguém conhece a Deus e a Palavra e os desprezam, é como diz em 2 Pedro 2:22: “Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal. um porco que volta ao seu lamaçal”.

Tempos atrás recebi uma ligação de um irmão do Chile dizendo que havia acontecido uma tragédia lá. Um pai que havia se desviado do Evangelho levou seus três filhos para o mundo. Um dia seus filhos resolveram ir para um baile. Lá chegando, um deles viu uma garota, gostou e mexeu com ela. Mas havia lá um rapaz ciumento, endemoninhado, que pegou uma faca e matou-o diante de todos. Escutamos algo assim e pensamos: “Que tragédia!” Mas a maior tragédia é alguém pisar sobre Jesus, profanar o sangue Dele e ultrajar o Espírito da Graça.

Para muitos de nós essa cena acima é chocante, mas o que choca profundamente a Deus é a nossa dureza, nossa soberba, nossa carnalidade. Assim, de vez em quando, Ele também permite que fiquemos chocados com algo que acontece. O pai desse rapaz morto estava desesperado. Fui conversar com os dois garotos que sobreviveram, e um deles estava revoltado com Deus. Perguntei o motivo e ele disse: “Por que Deus fez isso? Todas as vezes que íamos para uma balada pedíamos que Ele nos guardasse!”. Fiquei pensando… os bandidos dos morros no Rio de Janeiro fazem a mesma coisa. Quando eu entro lá, chega alguém com um fuzil na mão e diz: “Pastor, ore por mim.” Eles pedem oração para cometerem crimes. Conheço pessoas que chegavam em frente a prostíbulos e oravam para Deus guardá-los de doenças venéreas. É isso que eu chamo de oração sem doutrina:

ANTES DE ENTRAR NO PROSTÍBULO – “Senhor livra-me das enfermidades DST, Guarda-me de ser roubado,…”

ANTES DE COMETER UM CRIME – “Senhor livra-me de ser preso, guarda-me de levar um tiro…”

Os meninos também me lembraram alguns políticos corruptos que apareceram num vídeo agradecendo a Deus pelo dinheiro sujo. Muitos pedem cobertura para assaltar, roubar, pecar, se prostituir. Essas pessoas estão ofendendo profundamente a Deus. Estão pisando em Jesus, profanando o sangue da aliança e afrontando o Espírito da Graça. Em algum momento Deus dirá: “Chega! Basta!” e, não importa a idade da pessoa, seu fim chegará.

Rogo a Deus que essa palavra sirva para tirar de você um entendimento errado da Graça de Deus, que você reconheça a verdadeira Graça e que essa responsabilidade pesa sobre sua vida – você responderá por ela diante do juízo de Deus.

Essa Graça que Ele nos deu é maravilhosa, é maior do que a vida, mas exige de nós responsabilidade para saber lidar com ela. Precisamos desejar nos relacionar cada dia mais com a Graça de Deus, desenvolver nossa salvação com temor e tremor e podermos dizer: “Pai, Tu me destes o Teu melhor e eu não vou perder ou usar essa Graça de qualquer jeito. Eu vou corresponder a ela. Tenho meu coração aberto e não vou deixar que ela passe em branco na minha vida! Amém!”

por Sergio Franco

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