Valores Absolutos

Tenho tido novamente a chance de aprender coisas do tempo de escola para poder ensinar Laura e Diogo em suas preparações para as provas. Muitas vezes sou obrigado a relembrar alguns conceitos matemáticos para poder explicar o caminho que fiz para resolver um problema que em uma situação normal eu resolveria no automático, sem me preocupar muito com os princípios que me levaram àquela solução.

Na matemática, por exemplo, tive que me lembrar do conjunto dos números naturais que se resolveu dividir em números absolutos e relativos com o objetivo de resolver problemas do tipo 8-10= -2, onde “-2” é um número relativo, ou seja, um número que era absoluto e que ao receber um sinal de menos se torna relativo.

Concluímos então, que o número natural pode variar de valor dependendo da sua posição em relação ao numeral zero. Se o número está colocado à esquerda do zero ele tem valor negativo, se é colocado à direita do zero seu valor é positivo.

Enquanto que o valor absoluto de um número é aquele que não varia, onde 2 é 2 e pronto.

Por que eu quis dar esta aula de matemática no início dessa palavra? Porque me parece que tem se tentado trazer este princípio matemático para a igreja, tentando-se fazer com que os princípios e as verdades expressas na palavra de Deus e que devem nortear nossas vidas, se tornem relativas, dependendo não do numeral zero, mas do meu olhar sobre elas.

Com isso, o homem se coloca no centro tal qual o numeral zero, e as verdades que deveriam pautar sua conduta são colocados ora à minha esquerda, perdendo assim valor, ora à minha direita, sendo-lhe admitido valor.

Alguém acha que quando o nosso Deus resolveu passar ao homem Suas leis, Seus mandamentos e ordenanças, enfim, a Sua vontade para o ser humano, Ele nos colocou na posição de julgar o valor destas verdades? Será que Deus, ao deixar claro o propósito de nossas vidas e de todas as coisas, tendo fixado as regras que deveriam ser obedecidas para que andássemos no Seu propósito, Ele esperava que nós julgássemos estas regras definindo quais deveriam ser seguidas e quais poderiam ser desprezadas?

Este mês fomos instados pelo pastor Luciano a ouvir um conjunto de 03 palavras ministradas pelo irmão Jorge Himitian sobre o reino de deus. Esta será uma preparação para os encontros que teremos na semana santa.

Ao ouvir aquelas palavras, tem ficado tão claro pra mim o quanto o mundo tem se colocado na posição de Deus, até eu mesmo às vezes me pego nesta postura de tentar definir coisas que Deus já definiu com a autoridade que possui. Muitos se acham no direito de julgar as verdades que o nosso criador nos revelou e dizer o que deve e o que não precisa ser obedecido.

Este relativismo ao qual me refiro é também fruto do humanismo, que colocou o homem no centro do universo, o homem é agora o juiz que pode decidir se aquilo que Deus determinou como conduta deve ou não ser seguida. Ou seja, algumas leis são colocadas à esquerda do zero, que é o homem, e assim perdem seu valor; já outras condutas são colocadas à direita do zero e assim continuariam em vigor.

É claro que Deus não autorizou o homem a relativizar o conjunto de suas ordens, princípios e verdades. O homem sempre foi chamado a obedecer de forma absoluta tudo que Seu criador lhe tem ordenado.

A igreja dita católica está neste momento passando por um tempo de sérias decisões, com a renúncia do papa. Os cardeais estão reunidos em Roma para decidir quem será o homem que conduzirá os católicos durante os próximos anos. Tem havido muita especulação sobre os rumos da igreja católica a partir da eleição do novo papa.

Grande tem sido a cobrança para que a igreja repense, reinvente, reinterprete algumas verdades que são apresentadas nas sagradas escrituras sobre temas como: o divórcio, a homossexualidade, o aborto, a posição de autoridade do homem, enfim o mundo espera que a igreja venha a se adaptar às erradas decisões que o homem tem tomado relativizando todas as coisas, não permitindo que nada mais seja absoluto, nem mesmo a vontade de Deus para sua criação.

Irmãos, desejo com esta palavra, nos advertir que não podemos abrir mão das verdades expressas na palavra de Deus. Não podemos relativizar aquilo que é absoluto e eterno, pois as verdades de Deus são imutáveis, assim como Ele, que é o mesmo ontem, hoje e sempre.

Essa realidade deve nos trazer segurança, para nos comportarmos de acordo com Seus padrões, ainda que sejamos, com isso, excluídos de muitos círculos, e até condenados pelo mundo que deverá ficar chocado com a nossa firmeza, pois foi para isso que fomos chamados, para sermos perseguidos por causa da justiça, humilhados e até mortos pelo Evangelho, foi assim que fizeram com nossos irmãos que vieram antes de nós.

A igreja em todo o mundo tem sido chamada a reafirmar as verdades sobre as quais nossa fé está embasada, e nas quais devemos nos mover.

Jesus nos afirma em João 14:6 “eu sou a verdade”, e em João 8:32 lemos que a verdade nos libertará. Nosso mestre afirma, diante de Pilatos, que veio ao mundo para dar testemunho da verdade (Jo 18:37), e o apóstolo Paulo relatou que “Deus quer que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2:4) e continuando no versículo 15 do capítulo 3, Paulo afirma que “a igreja é a coluna e o fundamento da verdade”.

Irmãos, não podemos nos render à “ditadura do relativismo” que vai oprimindo quem não a aceita. Quem não estiver dentro do “politicamente correto” é anulado, desprezado, zombado. Devemos resistir e não nos deixar levar por qualquer vento de doutrina, como nos adverte o apóstolo Paulo em Efésios 4:14, a quantos ventos de doutrina temos sido expostos, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensar.

O pequeno barco do pensamento de muitos cristãos é frequentemente agitado por estas ondas, lançados de um lado a outro. Todos os dias nascem novos pensamentos e teorias que tentam com astúcia nos levar ao erro como completa o apóstolo Paulo.

Ter uma fé clara, baseada nas verdades bíblicas, é normalmente chamado de fundamentalismo. Eu já tive a oportunidade de, diante de pessoas relativistas e liberais, afirmar que meu desejo é ser conhecido como fundamentalista, se este fundamento é a palavra de Deus.

O relativismo, que coloca o olhar do homem no centro das decisões, vê Deus como um escravizador do homem, e Suas leis como destinadas a tornar o homem um ser infeliz. No entanto, não podemos deixar de ver que o homem nunca foi tão infeliz como tem sido nesta era do relativismo. Nunca houve tantos suicídios, nunca se usou tantos antidepressivos e remédios para os nervos, nunca a família esteve tão frágil. E nós, discípulos de Jesus, como devemos nos mover diante disso? Certamente não é baixando a cabeça e aceitando estas distorções como fruto natural da evolução das relações humanas.

O princípio disso tudo é, de fato, o homem continuar desejando ocupar o lugar de Deus. Termino com o rogo do apóstolo Paulo aos romanos e também a nós: “Portanto rogo-vos, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que comproveis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:1-2). E essa vontade é absoluta, não cabendo nenhum tipo de relativismo.

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