Quem foi Martinho Lutero (1483-1546)

Martinho Lutero (1483-1546)

Martinho Lutero (1483-1546)

Martinho Lutero (1483-1546) foi um sacerdote católico alemão, o principal personagem da Reforma Protestante realizada na Europa no século XVI, que contestava o poderio da Igreja Católica, o comércio de cargos eclesiásticos, a venda de dispensas, de indulgências e de relíquias sagradas.

Martinho Lutero nasceu em Eisleben, Saxônia-Turíngia, na Alemanha, no dia 10 de novembro de 1483. Filho de um mineiro que chegou a ser conselheiro na pequena cidade de Mansfeld foi criado em um ambiente religioso de violenta austeridade com histórias de demônios e feiticeiros, superstições que marcaram sua infância.

Com 16 anos, Martinho Lutero ingressou na Universidade de Erfurt, onde estudou Artes, Leis, Línguas e Filosofia. Com 18 anos já se tornara um brilhante aluno de advocacia, mas em 1505 decidiu entrar no Mosteiro Agostiniano de Erfurt. Em 1507 ordenou-se e prosseguiu sua formação na Universidade de Wittenberg.

Em 1511, Martinho Lutero visitou Roma e ficou chocado com a frivolidade da cúria romana. Em 1512 obteve o doutorado em Teologia. Neste mesmo ano foi eleito cônego do convento de Wittenberg. Os anos seguintes foram dedicados às atividades pastorais e ao ensino de Teologia, enquanto amadurecia sua doutrina sobre a “justificação pela fé”.

Contexto Histórico

No início do século XVI, não existia um Estado nacional alemão, a região estava dividida em vários estados, governados por príncipes cuja subordinação ao Imperador do Sacro Império Romano Germânico (ligado ao papa) era meramente nominal. Os assuntos gerais eram tratados pela Dieta Imperial – espécie de conselho formado pelos príncipes.

Os príncipes alemães não podiam dispensar a Igreja, mas se tornava cada vez mais difícil viver sob sua tutela. Todas as taxas arrecadadas pela Igreja fluíam para Roma. Nos Estados alemães, apesar da falta de unidade política, vários soberanos já não toleravam qualquer interferência externa em sua jurisdição.

A solução seria a formação de uma igreja nacional, que remodelasse os preceitos do cristianismo. A Alemanha estava pronta para uma reforma.

Reforma Protestante

Em 1517, o sistema teológico de Lutero ainda não estava completo. Fazia conferências na Universidade de Wittenberg, fundada por seu amigo Frederico I, príncipe da Saxônia, quando chegou à região um frade vendendo indulgências, que permitia a comutação parcial de penitências em troca do pagamento de uma soma em dinheiro.

Revoltado com a exploração da ignorância popular, feita pelo frei em nome do papa Leão X, Lutero elaborou uma série de “95 teses contra a venda de indulgências” e afixou na porta da Igreja, entre tantos outros avisos, duas grandes folhas de papel. Era 31 de outubro de 1517.

Em pouco tempo se tornou claro que as teses de Lutero exprimiam os sentimentos de boa parte da população e dos príncipes que mantinham relações tensas com Roma e com o imperador. O sucesso alcançado encorajou Lutero a enviar ao papa um documento no qual sustentava que as indulgências não haviam sido instituídas por Cristo.

O papa ordenou retratação de Lutero, mas este, sob a proteção do príncipe Frederico da Saxônia, recusou o pedido de retratação e deu início a uma campanha aberta dentro da própria Igreja.

Em 1529, Carlos V e os príncipes católicos aprovaram um decreto que aumentava a pressão dos estados católicos contra Lutero e seus seguidores. O protesto contra essa situação criou a denominação “protestante”.

O Luteranismo

Em 1520, Lutero redigiu três célebres tratados que estabeleciam a base do luteranismo e o início da Reforma: “A Nobreza Cristã da Nação Alemã”, “Da Servidão Babilônica da Igreja” e “Da Liberdade de um Cristão”. Neles, Lutero desenvolveu a doutrina que afirma que a salvação do homem é feita apenas pela “justificação da fé”. Jejuns, peregrinações e sacramentos – ou a intercessão de padres e santo – não têm qualquer efeito para a redenção do homem.

Lutero procurou estabelecer uma igreja independente, embora conservasse muitos dos elementos da doutrina católica. Alterou o cerimonial da missa e substituiu o latim pelo alemão nos serviços religiosos. Rejeitou todas as hierarquias eclesiásticas, desde os padres, até o papa. O homem comum poderia comunicar-se diretamente com Deus.

Lutero renegou a interpretação oficial da Bíblia, ou seja, cada indivíduo poderia interpretar livremente as Sagradas Escrituras. Os sacerdotes obtiveram permissão para contrair o matrimônio. Dos sacramentos, conservou o batismo, o matrimônio e a eucaristia.

Neste mesmo ano, Leão X promulgou uma bula em que dava sessenta dias para uma completa retratação. Lutero queimou publicamente a bula papal e, no ano seguinte, foi excomungado pela Igreja.

Em 1521, Lutero foi obrigado a se refugiar no castelo do príncipe Frederico. Ocupou-se em traduzir a Bíblia para o alemão. Em 1525, casou-se com a ex-freira Katherina Von Bora, rejeitando a imposição do celibato aos clérigos.

A Contra Reforma

Na formulação de suas doutrinas, Lutero foi ajudado por Felipe Melanchton, um professor grego da Universidade de Wittenberg que redigiu a “Confissão de Augsburgo” (1530) que foi aceita como credo luterano. O movimento Luterano teve consequências que revolucionaram a sociedade da época e abriu caminho para rebeliões políticas e sociais.

A forma de protestantismo proclamada por Lutero, além da Alemanha, chegou até a Suécia, Dinamarca e aos Países Baixos. Várias doutrinas seguiram seus princípios, criando igrejas nacionais, como o Anglicanismo na Inglaterra, o Calvinismo na Suíça, além de diversas ramificações.

A própria Igreja Católica, a partir do Concílio de Trento (1545-1563), procederia a sua própria reforma que ficou conhecida com o nome de Contra Reforma.

Martinho Lutero faleceu em Eisleben, Alemanha no castelo de Frederico I, Príncipe da Saxônia, no dia 18 de fevereiro de 1546.

Nós Indicamos

Seja o primeiro a comentar!



* Ao comentar você concorda com os termos de uso. Os comentários não representam a opinião do site e passarão por aprovação do administrador.