Nunca lhes falte o zelo, sejam fervorosos no espírito. Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes; Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade; Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram. – Romanos 12:11-15
Creio que muito já foi dito sobre a atitude de um verdadeiro discípulo para estes dias difíceis que vivemos, cheios de restrições causados pela pandemia do Covid-19. Ouso ser mais um. Meu texto é voltado para aqueles que se sentem um pouco desencorajados ou até mesmo frios nestes dias em que o calor do encontro congregacional lhes são negados. Dias em que o estar juntos, parece estar limitado a um encontro virtual, um culto televisionado, um grupo de irmãos vendo a mesma coisa, mas separados no tempo e espaço.
Uns assistem às reuniões ao vivo, outros veem a gravação mais tarde, outros nem coragem para isto têm. Estamos vivendo dias em que até o “onde estiverem 2 ou 3”, nos parece profeticamente ser a única coisa que se pode ser vivida. Mas, precisamos lembrar e fazer com que esta promessa de Jesus ecoe e reverbere dentro de nós mais forte do que nunca nestes dias: “Onde estiverem 2 ou 3 reunidos em meu nome, eu estarei presente”. Mais do que nunca, nestes dias, precisamos do “um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: Esforça-te!” Is 41.6. Precisamos reatar nossos laços com aqueles que estão perto!
Vida de lutas e tribulações
Sei que a vida cristã é de lutas e tribulações, o próprio Senhor Jesus Cristo já nos advertira disto em João 16.33: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Ter bom ânimo é perseverar. É crer em Cristo e viver na prática de sua mensagem para estes dias difíceis.
Mas, como viver para o Senhor na conjuntura destes nossos dias? Creio que precisamos responder esta pergunta de maneira simples e direta à luz do Propósito Eterno: devemos viver como discípulos: alguém que ama Jesus acima de tudo e faz tudo que ele manda!
Perseverança – o grande segredo
O grande segredo da vida do discípulo não é só ter fé, é o manter-se crendo perseverantemente. A palavra perseverar (hupomone, em grego) significa paciência, fortaleza, firmeza. Não é uma atitude negativa, ela é positiva, ela nos leva a suportar as dores e ao mesmo tempo assumirmos as nossas responsabilidades. E a nossa responsabilidade é continuarmos a fazer a vontade de Deus. Não é esperar amarguradamente no sofá ou na cama como se não tivéssemos o que fazer, é esperar enquanto se continua a fazer aquilo pelo que foi chamado por Deus.
Conselhos para estes dias
Daí eu leio os 5 versículos do texto de Romanos 12.11-15 e vejo Paulo nos trazendo 4 mandamentos para estes dias (os verbos estão no imperativo) e estes mandamentos giram em torno da ideia do sermos perseverantes em todo momento e a todo custo:
Primeiro mandamento (v.11): Ele já inicia nos orientando a NUNCA nos faltar o zelo, a sermos fervorosos no espírito. Dentro de nós deve arder uma chama, a chama do zelo pelo Senhor e suas coisas. Que não nos falte o zelo de ler a palavra, de orar e jejuar, de estar com os poucos irmãos com quem podemos no encontrar de forma segura. Que NUNCA nos falte vontade de viver para Deus, mesmo diante de tantas dificuldades que estes dias nos trazem.
Dificuldades de ordem emocional, do estarmos distantes de familiares, amigos e irmãos que amamos, até de um abraço temos que ter cuidado! Dificuldades de ordem financeira, onde alguns irmãos não podem trabalhar e outros mesmo que trabalhem, não veem ninguém chegar à sua porta para lhes comprar serviço ou um produto vendido na sua loja. Temos também dificuldade de ordem sanitária, onde nunca vimos tantos morrendo, inclusive familiares e irmãos, de uma doença a que não podemos ver, mas pode estar agora ao nosso lado!
Segundo mandamento (v.12): A estes Paulo ainda insiste: “Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes”. A esperança que temos não está neste mundo. Aqueles que perderam familiares e irmãos, tem a vívida esperança, ou melhor, a certeza de naquele grande dia poderem se encontrar novamente. Que suas mortes nunca foi uma partida e sim um breve até logo. E esta esperança nos conforta e consola, nos dá força para ser paciente nesta tribulação causada por esta pandemia e seus mais catastróficos efeitos colaterais: mortes, desemprego, proibição de cultos, etc.
Os números de divórcios nunca foram tão grandes quanto agora, é uma verdadeira pandemia, maridos, esposas e filhos “forçados” a estarem na mesma casa, convivendo por muito mais tempo, gerando conflitos que não são resolvidos com um pedido franco e sincero de perdão. Pessoas que não conhecem ou, se conhecem, abriram mão do mandamento de se perdoarem uns aos outros. Pessoas que não conseguem se alegrar na esperança, ser paciente no relacionamento, perseverar na oração que pode mudar suas vidas.
Terceiro mandamento (v.13,15): Vejo ainda Paulo a dizer: “Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade”. Mas como? Simples: abrindo os nossos olhos para enxergarmos além das nossas vidas e dificuldades. Vendo se há alguém ao nosso redor que está passando necessidade, e se abrindo para ajudar. Somos tantos irmãos e tantos de nós ou perderam seus empregos ou tiveram diminuição na renda. O que fazer com estes? Compartilhar o que temos, seja comida a quem tem fome, seja consolo a quem perdeu um ente querido. Reconheço que há necessidades que não cabem no nosso bolso, estes casos nós devemos observar e comunicar ao presbitério da igreja. Mas mesmo estes casos, exigem que nós estejamos prestando atenção, ouvindo e distinguindo que há irmãos nossos em necessidade ou até passando fome!
Devemos ousadamente ser hospitaleiros, termos casas e dispensas abertas para acolher o necessitado. É claro que não vamos esquecer o álcool em gel, do lavar as mãos e até, se necessário, do uso de máscara. Mas não podemos fechar nossas portas aos necessitados! Isto é o que no texto Paulo chama de “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”. É o estar atento aos necessitados e aflitos.
Quarto mandamento (v.14): Por último e não menos importante está o “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis”. Ao ler este texto penso nas nossas autoridades que nos recomendam e impedem também de nos reunirmos congregacionalmente, nos limitando os movimentos e determinando a porcentagem de irmãos que podem estar em nossas reuniões e os horários em que podemos nos reunir. A estes devemos abençoar, nunca amaldiçoar.
Neste contexto de pandemia há alguns que querem enxergar nestas proibições uma forma de perseguição à igreja, pessoalmente não vejo assim, mas não vou entrar no mérito da questão e nem vou desmerecer quem assim pensa. Só sei que como discípulo tenho que tomar a atitude de abençoar, nunca maldizer. Não me cabe achar que determinada autoridade é louca ao proibir de abrirmos o comércio, de irmos a um parque, cinema ou praia. Ou o que me parece bem pior: frequentar as reuniões da igreja que tanto amamos. Vou abençoar, vou orar por eles para que Deus lhe dê sabedoria, pois eles também estão diante de um difícil dilema:se abrir as pessoas morrem do vírus, se fechar as pessoas morrem de fome e desemprego! É uma dura decisão. Que Deus lhes ajude!
Conclusão
1 PEDRO 3:8-15
Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes. Não retribuam mal com mal, nem insulto com insulto; ao contrário, bendigam; pois para isso vocês foram chamados, para receberem benção por herança. Pois, “quem quiser amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade. Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança. Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos e os seus ouvidos estão atentos à sua oração, mas o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal”. Quem há de maltratá-los, se vocês forem zelosos na prática do bem? Todavia, mesmo que venham a sofrer porque praticam a justiça, vocês serão felizes. “Não temam aquilo que eles temem, não fiquem amedrontados.” Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês.
TIAGO 5:7-11
Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o juiz está às portas. Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.
Excelente texto. Traz encorajamento com fé.