Palavra compartilhada no Encontro dos Intervalos Bíblicos da UFPE.
No livro “Qual é a tua obra?”, o escritor e filósofo Mário Sérgio Cortella levanta a seguinte questão:
“O que você sente ao ouvir esta pergunta – Qual é a tua obra? Você se sente confortável e satisfeito quando pensa na sua obra? Ou se sente inquieto e um tanto desconfortável? “.
Em seu livro, Cortella chama de “obra” o projeto de vida de cada pessoa, aquilo em que cada um está investindo a sua vida – tempo, esforços, intelecto – como resultado de um desejo forte de encontrar um sentido para a própria existência. Ele também afirma:
“As coisas não são um fim em si mesmas. Existem razões mais importantes do que o imediato”.
Assim, parafraseando o escritor, eu pergunto a cada um de vocês hoje: Qual é a sua obra? No que você está investindo a sua vida?
A busca por um propósito de vida tem sido a inquietação de homens e mulheres de todos os tempos, sejam ricos ou pobres, cultos ou analfabetos, poderosos ou simples. E, provavelmente, é uma inquietação para muitos de vocês: hoje são universitários do curso TAL, em sua quase totalidade jovens e solteiros (as). E depois?
Jesus tratou da questão do propósito de vida e deu a ela grande prioridade. Na verdade, ele fez desse tema o ponto central do seu ministério: por que, e para que o homem e a mulher foram criados? Por que, e para que eu e você existimos?
Na reflexão de hoje eu apresentarei a resposta de Jesus, e creio que é possível fazer isso em DUAS palavras, ou melhor, em DOIS VERBOS. Me acompanhe!
VIR: “Vinde a mim”!
No dia seguinte à multiplicação dos pães, uma multidão – impressionada com aquele milagre – procurou Jesus e ouviu dele as seguintes palavras:
Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim jamais terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede (Jo. 6.35)
VIR é o primeiro verbo, VINDE A MIM é o chamado de Jesus. Alimento e água são as duas necessidades mais básicas da vida e Jesus se apresenta como aquele que sacia a fome de sentido e a sede de significado!
Os pescadores ouviram “Vinde após mim, e eu farei de vocês pescadores de homens”. Mateus, “Vem e segue-me”. Zaqueu ouviu “Vem, desce depressa dessa árvore, quero me hospedar em sua casa hoje”. E todos eles foram!
O que Jesus podia oferecer a esses homens? Os pescadores abandonaram seus negócios, Mateus um emprego público federal. Zaqueu, reconhecendo que era ladrão, abriu mão da fortuna que tinha para restituir o roubo e socorrer os necessitados.
Que poder era esse que atraía as pessoas e as transformava, dando-lhes um sentido maior para o seu viver?
Alguns que estão aqui nasceram em um lar cristão ou, como se costuma dizer, num lar “evangélico”, e a sua fé foi formada na salinha da Escola Dominical ouvindo as histórias da Bíblia: Adão e Eva no jardim do Éden; Noé e a arca; Daniel na cova dos leões; Sadraque, Mesaque e Abidenego na fornalha de Nabucodonosor e outras semelhantes, lidas numa bíblia para crianças, cheia de figurinhas. Algum problema? Nenhum, são histórias reais! Mas a fé formada assim é uma fé para crianças, uma fé infantil. É perfeita quando se tem até 8, 9 anos de idade. Mas, e depois?
Outros entregaram a vida a Jesus durante um culto, com uma música sendo tocada no teclado ou no violão e um pregador entusiasmado fazendo um apelo para você levantar a mão ou ir à frente. Algum problema? Nenhum! Mas, e depois?
Qual a questão com esses cenários que citei? É que as crianças de antes se tornaram adultos e aquela fé infantil não se encaixa na vida adulta. Em nosso dia-a-dia não há Éden, nem arca, nem cova com leões, nem fornalha. Também não há alguém tocando um teclado, nem um pregador entusiasmado para nos falar as palavras da Bíblia o dia todo!
Aqui há PRESSÕES no AGORA e INCERTEZAS quanto ao AMANHÃ! Há tentações e lutas “pesadas” como a pornografia, o homossexualismo, o ficar ou não ficar com alguém, a doutrina do evolucionismo, o conhecimento científico tentando empurrar a tua fé para o ridículo. Como lidar com essas e tantas outras questões com uma fé infantil ou uma fé baseada nas emoções?
Será que a nossa fé serve apenas para os cultos de domingo ou os encontros do Intervalo Bíblico? Será que é uma ferramenta de 2ª classe, e não consegue encontrar nem espaço nem musculatura para se expressar diante das questões e desafios reais de uma vida real? A resposta é: Certamente não é assim!
O apóstolo João escreveu:
E esta é a vitória que vence o mundo: A NOSSA FÉ (1 Jo. 5.4)
A fé bíblica é uma fé adulta, robusta, uma fé real para uma vida real! Vida que acontece aqui fora, e não nos templos das igrejas. Uma fé que não apenas nos dá respostas satisfatórias para questões complexas como essas que citei antes, como também força, coragem, sabedoria, disposição e esperança.
Talvez você possa pensar: isso é conversa de teólogo, coisa de religião, e não serve para mim!
Tudo bem. Mas eu não sou teólogo e nunca assisti a uma aula de seminário! Minha graduação foi aqui na UFPE, nesse Centro, em Ciência da Computação. Por 30 anos trabalhei em tecnologia como especialista em Bancos de Dados, em importantes projetos de grandes empresas. Também fui consultor de empresas e professor de Banco de Dados do curso de Ciência da Computação da Faculdade Guararapes.
Assim como eu há muitos outros profissionais bem-sucedidos, e até cientistas. Conheço um doutor em Anatomia pela USP, pós-doutor pela Universidade de Chicago, professor de Anatomia da UFPB. Também um outro que é doutor em Química pela mesma USP. Dois doutores em Biologia Marinha pela UFPE. Um doutor em Engenharia Civil pela Universidade do Porto. Um mestre em Física pela UFRPE. Há médicos, advogados, empresários. Também conheço muitas pessoas simples, com pouca ou nenhuma instrução.
O que há em comum entre todos nós? Uma fé adulta e robusta no homem da cruz, o Filho de Deus que se esvaziou da sua glória para se fazer homem, se entregou numa cruz pelos nossos pecados, foi ressuscitado pelo poder de Deus e pode salvar completamente os que se achegam a Ele. Ele nos deu libertação do poder do pecado! Ele nos capacita a viver as questões práticas da vida, como relacionamentos, vida estudantil e profissional, casamento, criação de filhos, relações de trabalho. E tudo dentro de um propósito, um sentido para a vida! E o início foi a resposta que cada um de nós deu ao “Vinde a mim” de Jesus!
O último registro que há na Bíblia do “VINDE” de Jesus está no Evangelho de João e foi dirigido a um homem da cidade de Betânia. Para esse homem as palavras de Jesus foram:
LAZARO, VEM PARA FORA (Jo. 11.43).
Onde Lázaro estava? Morto, enterrado há 4 dias! Morte, a fronteira da vida, o impossível dos homens! Para Lázaro nada mais havia, apenas as lembranças que os seus parentes e amigos tinham dele. Com ele estavam enterrados seus sonhos, projetos e o próprio sentido da vida.
Quatro dias! Um corpo em decomposição, sendo comido pelos vermes! Até que Jesus se posiciona na frente do túmulo e o chama para fora. E tudo muda!
Aquele que trouxe Lázaro de volta à vida tem poder para restaurar a sua fé e instruir você, e capacitar você no caminho em que deve andar, seja qual for a circunstância!
O apóstolo João escreveu:
Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? (1 Jo. 5.5)
Você crê que Jesus é o Messias prometido, o Filho de Deus? Então atenda ao Seu chamado e vá a Ele, hoje mesmo!
IR: “Ide e pregai o evangelho”, “ide e fazei discípulos”!
No início dessa reflexão afirmei que a resposta de Jesus ao sentido da vida se concentra em dois verbos.
O segundo verbo é IR, e a ordem de Jesus “IDE E PREGAI O EVANGELHO”, “IDE E FAZEI DISCÍPULOS”. Ou, trazendo para a nossa realidade, “Vá e compartilhe sua fé com os outros”.
Paulo escreveu:
Eu não me envergonho do evangelho, porque é o PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO DE TODO AQUELE QUE CRÊ (Rm. 1.16)
Não se intimide: UM CONHECIMENTO CIENTÍFICO HONESTO APONTA PARA JESUS!
Um homem que devolve vista aos cegos, audição aos surdos, que faz paralítico de nascença andar e morto ressuscitar tem muita coisa para ensinar aos médicos! Aquele que cessa os ventos e acalma as tempestades tem o que dizer aos meteorologistas. Sendo o firme fundamento, a rocha inabalável, a torre forte, não ministraria aos engenheiros civis?
Se conhece cada estrela pelo nome, não falaria aos astrônomos? Tendo medido as águas nas conchas das suas mãos e os céus a palmos, não ensinaria aos auditores fiscais? Sendo o Maravilhoso Conselheiro, não poderia aconselhar os psicólogos? Se ensina os pescadores profissionais a encontrar grandes peixes e até moeda na boca de peixes, não teria uma palavra para os engenheiros de pesca e biólogos marinhos? Se enfrentou e resolveu as armadilhas da Lei trazidas pelos fariseus, não poderia ensinar advogados?
Todos somos missionários, a ordem foi para todos os discípulos!
Onde? Em qualquer lugar em que estamos! Aqui mesmo na universidade, o “templo do conhecimento e do saber”, segundo dizem.
Quando? Quando se formar e tiver um emprego? Quando terminar o doutorado? Quando estiver na África, ou no sertão? Não, aqui e agora!
Você será rejeitado, é claro! Jesus disse que isso iria acontecer. Mas também terá a satisfação de conduzir vidas a Cristo. Compartilhe a sua fé e você começará a ver sentido em cada lugar que estiver, com cada pessoa que encontrar!
Apenas comece. A prática se adquire praticando!
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