Se sofremos com ele, também com ele reinaremos.
Possivelmente a última epístola antes de seu fim, Paulo quis, então, escrever algumas instruções e advertências a seu amado filho Timóteo. Precisamos ter cuidado com alguns perigos que tentam nosso ministério.
Vejamos o texto de Paulo: 2 Timóteo 1.4-7.
“Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria, pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que primeiramente habitou em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também em ti. Por esta razão, pois, te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.”
Primeiro perigo: Profissionalismo
Ministro sem lágrimas
Paulo escreve a Timóteo que lembra de suas lágrimas, de suas orações em quebrantamento, em intercessão pelas igrejas. Esta sensibilidade interior é muito importante. Aqui Paulo está animando Timóteo a continuar com esta brandura de coração diante de Deus. Amados, que não faltem as lágrimas em nosso ministério. Passam-se os anos e corremos o risco de nos tornarmos profissionais, insensíveis, de nos acostumarmos aos velórios das pessoas, ao sofrimento, que já não nos comovemos tanto com a presença de Deus ao orar, ao adorar, ou frente aos pecadores que estão perdidos. Não sentimos mais aquela paixão que antes sentíamos pelo Senhor. Ou ainda o quebrantamento por nossas falhas, pecados e misérias. Deus nos ajude a não cair no profissionalismo.
Fé não fingida
Paulo diz “continue assim, por favor”. Uma fé fingida também é profissionalismo. Continuo pregando, cantando, proclamando, ensinando a mesma coisa, mas no fundo não creio no que estou dizendo. Por quê? O que aconteceu que perdi a fé verdadeira? Há uma condição para que a fé se mantenha imutável: é a consciência pura (v. 3). 1 Timóteo 1.18,19; 3.9 A fé é um mistério. Por que creio? Como creio? É um dom de Deus. É fruto do Espírito. É humanamente impossível, é um milagre que só Deus pode produzir. E quando eu peco, fico com a consciência suja. Se não atendo minha consciência, começo a anular o exercício de minha consciência, chega uma hora que me insensibilizo. Quando peco, o Espírito se apaga, apaga-se a alegria, a paz, a fé. Perdi a consciência limpa. Daí minha fé vai se tornando fingida. Não nos acostumemos a pecar e continuar vivendo. Se ofendermos, vamos pedir perdão.
Perder o fogo evangelístico
(v. 6) Creio que a maioria de nós está no ministério porque, quando jovens, ardeu em nosso coração um amor aos pecadores, aos perdidos. Saber que eles morreriam sem o Senhor e iriam para o inferno queimava em nossos corações. Com o passar do tempo, perdemos o fogo do evangelho. Quando foi a última vez que proclamaste o evangelho a um perdido? Quando tiveste a alegria de levar um perdido à salvação em Jesus? Paulo nunca perdeu isto!
Segundo perigo: Falta de Lealdade
2 Timóteo 1.13-18 “Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santo que habita em nós. Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Figelo e Hermógenes. Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas. Antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. O Senhor lhe conceda, naquele dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso.”
Falta de lealdade à palavra de Deus e aos colegas de ministério. Nas duas cartas temos muitos textos neste sentido: 2 Timóteo 2.2; 3.10,14,15; 4.2 Temos de ser fiéis. Não devemos pregar nossos conceitos, nossas ideias, mas o padrão das sãs palavras. Irmão, pregue o kerigma e o didaque dos apóstolos; as palavras de Jesus são as dos apóstolos. Apela para a palavra. Sejamos fiéis. Não podemos usar o púlpito, nem a posição de discipulador, para ensinar nossas ideias. Tratemos de ser fiéis. Também quanto aos companheiros de ministério. Há uns que não são leais a seus companheiros. A lealdade é uma virtude. Se teus companheiros caminham com Deus, não tens motivos para separar-te. Pela graça de Deus, desde que me converti continuo com os mesmos irmãos. A primeira congregação que iniciamos quando eu tinha 24 anos, sigo na mesma. Há irmãos com quem estou caminhando há 45 anos. Paulo disse com tristeza: “todos os da Ásia me abandonaram”. Lealdade agrada a Deus. Nosso compromisso de lealdade é com Cristo em primeiro lugar. Se tivermos de separar-nos, é porque há pecado, imoralidade, separação de Deus.
Terceiro perigo: Comodidade
2 Timóteo 2.1-13
Todas as palavras que temos lido falam de esforço, de sofrimento, de sacrifício, de trabalho. Começamos a obra com muita disposição. Mas, com o passar dos anos, enfrentamos o perigo de acomodar-nos.
“Esforça-te” tem a ver com diligência, com sofrimento, com concentração. Paulo diz “Lembra-te de Jesus Cristo”. Que exemplo! Como se esforçava Jesus: recorriam ele todas as cidades e aldeias, ensinava nas sinagogas, curava a todos. Não tinha uma camionete 4×4, nem sequer um burrinho, mas tinha que chegar à próxima cidade! Recorda-te de mim, também, diz Paulo, porque estou na prisão por amor à obra. Tudo sofro para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus. Todo esse sofrimento tem um objetivo: mais um pecador, mais uma família que se converta e não vá para o inferno. Se sofremos com ele, também com ele reinaremos. Sim, somos filhos do Rei, mas não estamos em tempo de desfrutar plenamente, mas é tempo de cruz, de trabalho, de lutas, por amor aos escolhidos, para que eles também obtenham a salvação. Porque as pessoas estão perdidas, indo para o inferno. Precisamos dedicar toda acomodação, tempo, dinheiro, bens, tudo, para salvar mais alguns!
Quarto perigo: Falta de Integridade
2 Timóteo 2.14-22
Irmãos, Deus aprova tua conduta? Aquela parte da conduta que os irmãos não veem, mas Deus sim? Há coisas que te envergonhariam se os irmãos ficassem sabendo? Tens uma vida santa e íntegra ou praticas a iniquidade? Usas a mentira? Caíste em algum pecado sexual? Estás limpo na administração do dinheiro? Estás em paz com os irmãos? Procura apresentar-te a Deus aprovado… Há uns 4 ou 5 anos, Deus me sacudiu com uma palavra que recebi, que me aturdiu. Não pude crer que era palavra de Deus. Era esta palavra: “Ser usado por Deus não significa ser aprovado por Deus”. Como? Fiquei mal por esta palavra por uns três meses. Orando, buscando a Deus; falava com minha esposa: “Fomos enganados, nos enganaram”. Quem?, ela dizia. Os devocionalistas dos últimos 200 anos, pois todos os seus livros sempre disseram que para ser usado por Deus você tem que ser humilde, tem que se sacrificar, tem que fazer isto ou aquilo. Com base nisto, quando Deus usa alguém, esta pessoa tem a sensação de que se Deus a usa, então Deus a aprova. E descobri que era uma base equivocada. Ser usado por Deus não significa ser aprovado por Deus. Deus usou a Saul. Profetizava e era um assassino. Quem foi usado mais que Jonas? Que evangelista! Profeta desobediente. Pregou e converteu-se toda a cidade de Nínive, então se deprimiu. Veja Balaão, que unção profética! Ser usado não quer dizer ser aprovado. Eu cria que estava bem porque Deus me usava. Entrei num conflito! Senhor, por que usas a quem não aprovas? Por favor! Ajuda-me, dá uma resposta. Foram várias semanas de oração. A primeira resposta que me deu foi esta: “Porque eu sou soberano!” Que mais posso perguntar? “Eu tenho em minha casa vasos para honra e para desonra. Os que se limpam serão vasos para honra, os que não se limpam, eu uso mesmo assim!” Depois de uma semana, voltei à mesma tecla. Senhor, por favor, dá-me outra resposta! Por quê? E ele me disse: “Para ensinar-lhes que é por graça e não por méritos. São dons, instrumentos. Senão o instrumento poderia envaidecer-se. É graça! Para que ninguém se glorie por ser usado por Deus! Para que todos perseverem até o fim.” Se começamos bem, temos que terminar bem. Nem todos terminaram bem. Vejamos Salomão. Quando bem jovem, Deus lhe disse que pedisse o que quisesse e lhe seria dado. Como pode desviar-se do Senhor e tornar-se idólatra? Timóteo, procura com diligência apresentar-te a Deus aprovado. Todos querem ser usados. O que importa é ser aprovado! O Senhor me disse mais uma coisa: “Para que sigamos ao Senhor e não aos homens que ele usa.” Graças a Deus por seus servos, mas seguimos a Jesus. E agora, a pergunta: Como posso saber se sou aprovado? Só encontrei uma resposta na palavra: edifica tua casa sobre a rocha. Há algo em minha vida que está fora da palavra de Deus? Não quero trazer condenação, quero dizer, como Paulo: “Aparte-se da iniquidade todo aquele que invoca o nome do Senhor”. O Senhor conhece os que são seus. O fundamento do Senhor está firme, ele conhece. Qual o sinal que sou dele? Que me aparto da iniquidade. Não significa que nunca peco. Seria um grande erro pensar assim. Se pecar, me aparto, confesso, vivo na luz, em transparência, em obediência. Aborreço o pecado. Amém!
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