Lucas 24
A historia dos discípulos no caminho de Emaús me lembra do cumprimento da profecia de MATEUS 12.20-21 acerca de Jesus: “Não esmagara a cana quebrada, e não apagara o pavio que fumega, ate que faca triunfar o juízo; e no seu nome os gentios esperarão”. Cleopas e seu amigo eram uma cana quebrada e um pavio que ainda fumegava. Este texto e sobre ir atrás de discípulos que estão em dificuldades, se afastando da comunhão. Demonstra o amor de Jesus por nos. E bom ressaltar que esta passagem não e uma parábola, ela aconteceu de verdade.
PROVÁVEL HISTÓRICO
Penso em Cleopas e o “anônimo” como discípulos que participaram direta ou indiretamente das grandes ações de Jesus. Penso neles como remanescentes daquele evento em que Jesus afirmou categoricamente que aquele que não comer da sua carne e beber do seu sangue não teria parte com Ele (JOAO 6.52-68), depois de ouvir este discurso duríssimo, percebo que eles não abandonaram Jesus como tantos outros. Ao contrario, os vejo animados com aquele discurso, crendo na “restauração de Israel”.
Dai em diante eles teriam participado, embora não tão de perto como os doze, de varias ações de Jesus: curas, expulsões de demônios a ressurreição de Lazaro. Os vejo participarem dos muitos encontros realizados por Jesus, e isto não lhes era um peso. Interessante que, diferente de nossa realidade, todo dia com Jesus era um encontro. Jesus fazia encontro todos os dias: 24 horas por dia!
Percebo suas fisionomias mudarem, a alegria e afirmação se tornam em incredulidade. Apos a morte de Jesus naquele bendito domingo em que as mulheres recebem aquela feliz noticia, depois de estar com os outros, os vi incrédulos:
– E ai Cleopas, o que tu achas disso tudo? Perguntou-lhe o discípulo anônimo.
Ele responde tristemente:
– Acabou, “cara”! Eu nunca vi um morto ressuscitar a si mesmo! Eu vou embora. O que farei aqui? Não e agora que Israel será redimida, foi tudo uma ilusão, um sonho. Acabou! Eu vou para Emaús e você?
– Eu vou contigo. Você tem razão. Foi tudo um sonho e já acabou.
Em desobediência flagrante a ordem do Senhor (Deveriam ter ido para a Galileia, MATEUS 28.5-7), eles voltam para Emaús. Eles devem ter voltado para as suas casas, já que e em uma casa em Emaús que eles recebem a Jesus e a pratica dos discípulos apos a ressurreição de Cristo, nos dias em que ficaram sem saber o que fazer, foi cada um voltar para o seu oficio anterior a chamada feita por Cristo.
PONTOS A DESTACAR DE CLEOPAS E DO “ANÔNIMO” EM LC 24.13-35
– v. 13-14 – Estes dois não eram um dos “onze”, ou seja, se verificarmos os níveis (a multidão, os 500, os 120, os 70, os 12 e os 3) eles não estavam entre os onze. Não eram do grupo mais próximo a Jesus. Deveriam fazer parte dos 120, ATOS 1.15, entre aqueles que esperaram a descida do Espirito Santo.
– v. 19 – Cleopas, ao falar de Jesus, o apresenta como “profeta” (≠ Cristo, Messias), e demonstra pouco ou nenhum entendimento da obra real de Jesus, v. 21 (suas esperanças estavam ligadas a redenção politica de Israel em relação a Roma).
– v. 22-24 – Demonstram também certa incredulidade.
– v. 25-26 – Jesus ao falar de si mesmo se apresenta como Cristo e os mais íntimos tinham a mesma revelação dele, LUCAS 9.18-20. Cleopas não tinha a mesma visão do Mestre.
TIPOS
– Eles saem de Jerusalém e ao final retornam. Jerusalém representa a comunhão (os momentos de comunhão), os encontros da igreja, os grupos caseiros.
– O caminho, em si, representa a trajetória de quem esta perdendo a comunhão. Representa aqueles que estão nos encontros e ainda não viram a Jesus.
– No final eles veem a Jesus, numa casa (num lar), em meio a noite (não o viram durante o dia), dai resolvem voltar a Jerusalém (para a comunhão), mesmo com todas as dificuldades que a noite representava naquela época (assaltos, feras, o frio, a escuridão extrema – não havia iluminação publica), eles andaram por fé.
QUEM ELES REPRESENTAM?
Parecem representar muito bem aqueles irmãos que mesmo participando durante tanto tempo conosco, nunca conheceram de fato a Jesus. Falta-lhes algo. Participam de nosso encontros, reuniões e comunhão e ainda assim não conseguiram enxergar Jesus. Precisam de um segundo abrir de olhos, MARCOS 8.22-25.
QUATRO TIPOS DE PESSOAS DE Lucas 24
- Os que estão em comunhão (juntos), embora com dificuldades em crer e ver a Jesus – os discípulos;
- Os que se afastam da comunhão e andam em incredulidade – Cleopas e o anônimo;
- Os que estão retornando a comunhão com passos de fé (mesmo durante a noite, que significa ter fé diante das dificuldades); e
- Os que ficaram na comunhão e permaneceram na fé – as mulheres.
FÉ E COMUNHÃO. O QUE É FÉ? O QUE É COMUNHÃO?
Percebendo a existência destes quatro tipos de pessoas, vejo que as deficiências deles giram em torno de dois itens: fé e comunhão.
– Fé: HEBREUS 11.1 e 6; Obediência e sinal de fé, TIAGO 2.18-25
– Comunhão: E o estar juntos. E melhor serem dois do que um, ECLESIASTES 4.9-12. O solitário, PROVERBIOS 18.1
SUSTO OU INCREDULIDADE (V.22-23)?
O que e susto? Medo repentino provocado por perigo IMPREVISTO. Ser pego desprevenido, ser surpreendido. Eles não previam que Jesus fosse ressuscitar, quando as mulheres chegaram, eles se assustaram com a historia delas, eles não esperavam por isso. Eles não tinham fé naquilo que Jesus tinha predito. Este fato representa a nossa vida de questionamentos as coisas do Senhor, as verdades de Jesus. De julgar as coisas de Deus um fardo, de achar que e mais um encontro, mais uma ministração ou retiro. Lembra Pedro ao ver o lençol descer com animais e ouvir a ordem do Senhor: “Pedro, mata e come!”, e reagir com incredulidade e desobediência. E um sinal de que algo vai mal em nossa vida. ATOS 10.9-16.
No v. 25-27, Jesus lhes mostra que o que aconteceu a ele não foi algo IMPREVISTO, ao contrario:
Moises e os profetas (as escrituras) já haviam PREVISTO estas coisas. Estas verdades acerca de Cristo estavam na palavra.
O DIAGRAMA DA FÉ
Sei que eles foram incrédulos e eu me encontro na mesma situação. O que e que eu faço? Como a fé chega ate mim? A fé vem pelo ouvir a palavra de Cristo (ROMANOS 10.17).
O que a fé mais a palavra produzem em mim? Salvação (entre outras coisas). Salvação no grego e SOUZO e também significa CURA. A palavra produz salvação (vida eterna, JOAO 5.39). Devo dedicar-me a leitura da escritura pois isto produz salvação (TIAGO 1.21; 1 TIMOTEO 4.13 e 16 e SALMOS 119.9).
A vida eterna e conhecer a Deus, JOAO 17.2-3, e Jesus se da a conhecer pelas escrituras.
A PERGUNTA
O que eu faço diante de uma situação semelhante: um irmão fraco, se afastando da comunhão, débil na fé e no conhecimento do Senhor, que por incredulidade desobedece a direções claras, que não parece compreender o Proposito Eterno de Deus?
O QUE JESUS FEZ:
a. Naquele mesmo dia Jesus foi busca-los, v. 13, não deu um largo espaço de tempo. Deve-se tomar uma atitude logo que se percebe certo afastamento.
b. Mais uma vez gastou-se em explicar-lhes as mesmas coisas, v. 25-27.
c. Testou-os, para saber o que eles realmente desejavam fazer e o quanto tinham entendido destas explicações, v. 28-29 (só cedeu diante de muita insistência).
d. Andou uma segunda milha com eles (Jesus os acompanhou ate o povoado de Emaús, v. 28a).
e. Jesus poderia ter resolvido tudo da maneira mais rápida: se apresentaria de maneira que eles o reconhecessem, v. 15-16, e lhes daria uma ordem simples para que voltassem a Jerusalém.
As vezes queremos soluções rápidas para resolver dificuldades nas vidas dos discípulos.
f. Demonstra o amor de Jesus por eles e por nos: depois de morrer na cruz, derramando todo o seu sangue, assumido os nossos pecados para que fossemos livres, depois de ter dito: “Esta consumado”, etc.. O que faltaria para ele ainda fazer por nos? Ele ainda se gasta e se deixa gastar por aqueles dois, pois se isto tudo que ele fez ainda não for suficiente, ele resolve se dar um pouco mais: vai atrás dos dois discípulos incrédulos e que se afastam da comunhão.
Nos faríamos o mesmo? Depois de ter feito tudo (como se fosse pouco), Jesus ainda fez mais um pouquinho.
CONSELHOS
– O primeiro passo para a resolver este problema (falta de fé e comunhão) e se dedicar as escrituras
– O segundo e crer que o Espirito Santo trará revelação sobre o que estamos lendo, JOAO 16.13-15
– Se juntar com aqueles que creem. Não devemos fazer como Cleopas: se juntou a outro que não cria, v. 34-35. Devemos escolher bem as nossas amizades, ISAIAS 41.6, HEBREUS 3.12-13.
1 CORINTIOS 15.33
– Não demorar para tomar esta decisão. Cleopas e o outro discípulo imediatamente se arrependeram e retornaram a Jerusalém durante a noite mesmo, v.33.
O DEPOIS (LUCAS 24.36-48) – A VIDA DE CLEOPAS E DO “ANÔNIMO” APÓS RETORNAREM A COMUNHÃO
Atitudes de Cleopas e o outro discípulo mudou muito apos o encontro com Jesus. Já que todos os discípulos no texto citado agem deste jeito, subentendemos que os dois também tenham feito o mesmo:
– v. 36-40 – Desenvolveram um relacionamento com Deus, embora com duvidas. Tiveram experiências com Deus.
– v. 41-46 – Recebendo mais da palavra.
– v. 47-48 – Recebendo comissão.
– v. 49 – Enchimento do Espirito Santo
– v. 50-52 – Recebendo benção, participando da adoração, tendo grande alegria.
– v. 53 – Uma vida de perseverança (constantemente) no estar juntos e no louvor a Deus.
Essa será a vida de qualquer um que tiver um encontro ou reencontro com Ele.
CONCLUSÃO
A incredulidade deles lembra muito a incredulidade demonstrada pelo povo de Israel ao sair do Egito: Eles viram as 10 pragas, o mar se abrir, o monte fumegar, receberam a “revelação” de Deus daquele período (a lei). Cleopas e o “anônimo” vivenciaram de perto (como testemunha ou não) muitos dos milagres de Jesus e também as suas palavras, e agora tinham perdido a fé e estavam abandonando a comunhão. Devemos ficar atentos a admoestação feita pelo escritor aos Hebreus que me parece bem atual (HEBREUS 3.7-19): “Pelo que, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto, onde vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram por quarenta anos as minhas obras. Por isto me indignei contra essa geração, e disse: Estes sempre erram em seu coração, e não chegaram a conhecer os meus caminhos. Assim jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.
Vede, irmãos, que nunca se ache em qualquer de vós um perverso coração de incredulidade, para se apartar do Deus vivo; antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado; porque nos temos tornado participantes de Cristo, se é que guardamos firme até o fim a nossa confiança inicial; enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações, como na provocação; pois quais os que, tendo-a ouvido, o provocaram? Não foram, porventura, todos os que saíram do Egito por meio de Moisés? E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi porventura contra os que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? E a quem jurou que não entrariam no seu descanso, senão aos que foram desobedientes? E vemos que não puderam entrar por causa da incredulidade”.
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