No inicio deste ano, tive a oportunidade de vir aqui à frente e compartilhar o que o Senhor tem me falado acerca da necessidade de buscá-lo em oração. Falamos sobre a “Oração e Algumas Verdades” relacionadas a ela. Lembro de que falamos sobre o fato de que o Senhor busca aqueles que oram, e do desejo que deve haver em nós de sermos achados por Ele através da oração, Ez 22.30. Também falamos que a oração não é um “café expresso”, instantânea. A oração é algo que exige tempo, dedicação e um permanente buscar. Falamos que esta cultura do instantâneo que há no mundo não deve ser o padrão do nosso relacionamento com Deus (na verdade entendo que nada que há no mundo é parâmetro para a Igreja). Vimos que a oração pode guardar e proteger, que ela tem grau de intensidade (que deve crescer com o tempo), vimos sua eficiência e que o não orar é pecado, 1Sm 12.23. Lembro que encerramos naquela oportunidade com o texto do Noivo que clama por ouvir a voz da noiva (a igreja) em Ct 2.10-14 (e como ouvir a voz de uma noiva que não ora?).
Gostaria nesta manhã de continuar neste tema, e adicionar mais alguns itens a ele: vigilância e avivamento.
Casa de Oração
Uma situação que me chamou muito a atenção esta semana foi um fato que ocorreu com Jesus ao chegar no templo e o ver cheio de compradores e vendedores. Ele então, cheio de zelo por Deus, resolve expulsá-los. Depois disto Ele os exortou dizendo: (Mc 11.17) “E os ensinava, dizendo: “Não está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? Mas vocês fizeram dela um ‘covil de ladrões’”. Agora, sempre que leio este texto, a expressão “casa de oração” me salta aos olhos. E me pergunto: O que temos tornado o nosso lar? Creio que não é um covil de ladrões e salteadores, mas será que é uma casa de oração? Será que esta tem sido uma característica que distingue e qualifica os nossos lares e a diferencia das demais casas nas nossas ruas, nos prédios em que moramos? Será que somos individualmente conhecidos como uma pessoa de oração (1Tm 5.5)?
Entendo que há 04 expressões possíveis para a palavra casa: Casa como um lugar onde reside uma família, casa como sendo a igreja de Cristo e noiva do Cordeiro, casa como sendo um templo onde a igreja se encontra para prestar culto a Deus, e casa como sendo a pessoa que é templo e morada do Espírito Santo. Estas 04 expressões devem claramente manifestar esta característica de oração. Nestas casas devem haver oração. Só assim elas podem ser chamadas de fato “casa de oração”.
Ajoelho-me? Efésios 3:14-16
Há duas práticas que creio que o Pai vai restaurar nestes últimos dias e elas devem começar em nós. A primeira é a prática de orarmos de joelhos ou prostrados. Não quero trazer ou fazer uma doutrina acerca disto, mas creio nos exemplos bíblicos de que há alguma verdade espiritual que estamos perdendo quando negligenciamos esta prática. Não quero dizer que devamos orar todas às vezes de joelhos, mas identifico que é muito estranho o fato de nunca orarmos de joelhos, já que com frequência esta prática é citada na bíblia.
Aquele de quem se diz que todo joelho se dobrará diante dEle (Rm 14.11 e Fil 2.10), estando nesta terra se ajoelhou para orar diante do Pai como vemos em Lc 22.41 e em Mt 26.39. Também observamos Paulo de joelhos, At 20.36, Ef 3.14-16; Pedro de joelhos, At 9.40; grandes homens do passado de joelhos, como John Wesley, Dwight L. Moody, George Whitefield, etc.. De Paulo temos um fato muito interessante descrito no livro de Atos, ele se encontra numa praia e lá mesmo ele e os irmãos se põem a orar de joelhos, At 21.5.
Creio que há um sofisma sobre oração entre nós, este sofisma diz: eu tenho livre acesso ao Pai, Ele me ama, me aceita, eu conheço o Propósito Eterno, Reino de Deus, discipulado, autoridade espiritual, etc.. Para orar não é necessário formalidades ou atitudes religiosas como fechar os olhos, dobrar os joelhos. Posso orar em todo lugar, de olhos abertos, deitado em minha cama, não precisa ser de madrugada, etc.. Bem, reconheço que em parte isto é verdade, só questiono o fato de que não há entre nós alguém que conheça todas as verdades que citamos acima mais do que Paulo e o próprio Senhor Jesus, e mesmo assim eles oravam de joelhos e vigiavam! Jesus que quebrou regras religiosas como a do sábado e o lavar as mãos antes de comer, por que Ele não quebrou a “regra religiosa” do orar de joelhos? Há uma verdade espiritual, uma unção especial de Deus para quem ora de joelhos e quem o busca de madrugada, assim eu creio.
Oro em secreto?
A outra prática é a da oração em secreto, que de tão secreta em nosso dia-a-dia parece haver sido esquecida e negligenciada por causa disto. É tão secreta que parece que ninguém sabe e ninguém a viu. Ninguém nem mais se lembra dela. Mais uma vez reconheço que não tenho interesse de fazer uma doutrina acerca disto, mas creio que o Senhor vai também restaurar esta prática em nosso meio. Vejamos Mt 6.6:
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
Este é mais um daqueles textos que lemos como se fosse a primeira vez. Pois só me dei conta recentemente de que o texto fala de uma recompensa para quem ora no quarto em secreto. No grego a palavra empregada é apodidomi, que significa, além de recompensa: Abrir mão de algo que me pertence em benefício próprio, restaurar, pagar salário, cumprir coisas prometidas sob juramento. Assim é o nosso Deus, quando abrimos mão do nosso tempo e conforto para entrar no quarto e orar, ele nos recompensa este tempo que foi gasto em sua presença, como alguém que deve pagar o salário de um trabalhador. Que trabalho fizemos? O nosso trabalho espiritual é orar!
O texto ainda diz que esta recompensa será “publicamente”. No original aparece a expressão phaneroo, que traz a idéia de “abertamente, claramente identificado, ser feito conhecido publicamente”. Há uma recompensa para quem ora nos moldes deste texto (da oração em secreto), e esta recompensa não será em oculto, será diante de todos.
Além de Jesus, também vemos o apóstolo Pedro fazendo o mesmo, seguindo o modelo deixado por seu Mestre, At 10.9.
Será que lembramos qual foi a última vez que oramos de joelhos? Que separamos um tempo para ficar a sós com Deus sem nenhuma distração, só eu e Ele? Será ousado perguntar: Qual foi a última vez que oramos? Nestes últimos dias o Senhor quer nos converter à oração. Mas uma vez eu lembro de que queremos ter os frutos que estes homens de Deus tiveram, porém não queremos pagar o preço que eles pagaram!
O que é oração?
O significado mais simples de orar é falar com Deus, mas ao ler esta definição em um livro (The Hidden Life of Prayer, David MacIntyre), minha alma foi cheia do desejo de orar:
“Querido leitor cristão”, diz Jacob Boehme, “orar corretamente é trabalho intenso”. A oração é a energia mais sublime de que o espírito do homem é capaz de expressar. É um aspecto de glória e bem-aventurança, por outro lado, é labuta e fadiga, batalha e agonia. Mãos que se levantam tremulosamente, muito antes da batalha estar ganha; A oração são tendões em pleno esforço e a respiração ofegante que anunciam o esgotamento do “mordomo celestial”. É o peso que cai sobre um coração dolorido e enche a testa com a angústia, mesmo quando o ar da meia-noite é frio. A oração é a elevação da alma presa à terra ao céu, é a entrada do espírito purificado no Santo dos Santos, é o rasgar do véu luminoso que prende, como cortina, a glória de Deus. É a visão das coisas invisíveis, é o reconhecimento da mente do Espírito, é o esforço para enquadrar as palavras que o homem não pode expressar. “Um homem que realmente faz uma oração”, diz Bunyan, “nunca será capaz de expressar depois, com a boca ou caneta, os desejos indizíveis, o sentido, o afeto e a saudade que expressou a Deus em oração”.
Pelo que devo orar na vida dos irmãos e da minha família?
Esta semana me dei conta de que os apóstolos oravam por alguns motivos específicos na vida dos irmãos e da igreja. Dei-me conta de que os motivos pelos quais eles oravam não constavam de todo na minha lista de oração. Vi que havia uma boa diferença entre mim e eles, e então resolvi mudar. Vejamos alguns motivos:
a) Serem fortalecidos no homem interior, arraigados, alicerçados e terem compreensão espiritual, Ef 3.14-19
b) Conhecimento e sabedoria espirituais, Col 1.9-11 e Fm 1.6:
c) Libertação e perseverança, 2Tes 3.2-5:
d) Olhos espirituais iluminados e abertos, Ef 1.18-19:
e) Saúde e prosperidade, 3Jo 1.2:
Orar e Vigiar
Como na nossa vida espiritual nós vamos crescendo de glória em glória, de fé em fé e de graça em graça, creio que devemos acrescentar mais um nível na nossa oração: a vigília-vigilância. Vemos em Jesus a necessidade de estarmos vigiando e orando: Mt 26.38-40 (no Getsêmani) e Mc 14.38 (vigiai e orai para não cair em tentação); Mc 13.33-37 (digo a todos: vigiem!); Lc 21.36 (para estar de pé naquele dia). Temos o próprio exemplo de Jesus, Lc 6.12, o apóstolo Paulo também nos serve de exemplo, Ef 6.18, Col 4.2, 2Cor 6.4-5 e 11.27.
Avivamento
Nestes últimos dias tenho visto uma necessidade de um verdadeiro avivamento na igreja de Cristo e especificamente em minha vida. Avivamento é mais do que um grande mover para falar em línguas, profecias e curas e sinais. Avivamento nos leva a ser mais santos (como Jesus) e a pregar o evangelho com ousadia e intrepidez, tendo como resultado disto conversões verdadeiras e em massa. Segundo Leonard Ravenhill, a principal característica do avivamento é a transformação na personalidade.
O avivamento pode levar até à salvação política de uma nação. Um historiador, falando sobre o grande avivamento que ocorreu na Inglaterra na época de John Wesley, afirmou que foi este avivamento que salvou o país de uma revolução como a que houve na França e que a deixou em ruínas (a revolução francesa).
Entendo que avivamento deve ser uma manifestação da vida cristã normal, da vida que temos em Jesus a partir do batismo. Não só algo que deve refletir na nossa vida quando estivermos “frios” individualmente ou congregacionalmente, mas um estilo de vida. Jesus não precisava de avivamentos em sua vida, porque Ele vivia uma vida constantemente em estado de avivamento. Este é o estilo de vida que precisamos.
Na história da igreja temos vários exemplos de grandes avivamentos. Gostaria de citar o exemplo de dois desses homens que Deus usou para avivar a igreja e conduzir as pessoas ao arrependimento: John Wesley e Dwight L. Moody.
Sobre John Wesley (1703-1791) conta-se que aos oitenta anos, cultivava ainda o hábito de levantar-se às quatro da manhã, para dedicar duas horas à oração e uma hora para ler a bíblia diariamente, além de jejuar inicialmente duas vezes por semana, isto ele fez por mais de 50 anos, até a sua morte. John Wesley pregou uma média de três sermões por dia; pregou cerca de 780 vezes por ano, durante 54 anos (totalizando 42.120 pregações). A maior parte destas pregações foi ao ar livre tendo como resultado a conversão de milhares que também saíram da miséria e da imoralidade. Apesar de todas as dificuldades daquela época na Inglaterra, multidões de 5 mil a 20 mil pessoas afluíam para ouvir seus sermões. Tornou-se comum, nesses cultos, os pecadores acharem-se tão angustiados, que gritavam, gemiam e caíam ao chão como mortos, quando o Espírito Santo os levava a sentir a presença de Deus. Muitas vezes os ouvintes eram levados às alturas de amor, gozo e admiração; recebiam também visões da perfeição divina e das excelências de Cristo, até ficarem algumas horas como mortos. E isso em uma época em que não havia o movimento pentecostal.
Também foi perseguido. Diversas vezes John Wesley foi apedrejado e arrastado como morto, na rua. Certa vez foi espancado na boca, no rosto e na cabeça até ficar coberto de sangue. Qual a causa de tão grande oposição? Os descrentes não gostavam dele porque “levou o povo a se levantar para cantar hinos às cinco da madrugada”. Foi – junto com George Whitefield, Jonathan Edwards e seu irmão Charles Wesley, o principal responsável pelo avivamento que ocorreu na Inglaterra na sua época.
Dwight L. Moody (1837-1899) foi conhecido como o maior evangelista do século 19, narra-se em sua biografia que em todos os lugares Moody proclamava de maneira clara a mensagem do Evangelho. Nas suas campanhas havia ocasiões que eram realmente dramáticas. Em Chicago, o Circo Forepaugh, com uma tenda de lona que tinha assentos para 10.000 pessoas e lugares para outras 10.000 em pé, anunciou apresentações para dois domingos. Moody alugou a tenda para os cultos de manhã, os donos acharam muita graça em tal tentativa. Mas no primeiro culto a tenda ficou repleta. Foram tão poucos os que assistiram às apresentações do circo à tarde que os donos resolveram não fazer sessão no segundo domingo. Entretanto, o culto realizou-se sob à lona, o calor era tanto que dava a impressão de matar a todos, porém 18.000 pessoas ficaram em pé banhados em suor e esquecidos do calor. No silêncio que reinava durante a pregação de Moody, o poder desceu e centenas foram salvos.
Outro evento que quero relatar foi que durante um evento chamado de Exposição Mundial, no dia designado em honra a cidade de Chicago, todos os teatros da cidade fecharam as portas, pois esperava-se que todo o mundo fosse à Exposição a seis quilômetros de distância. Porém Moody alugou o Central Music Hall e o público era tão grande, que ele só conseguiu entrar por uma janela dos fundos do prédio. Os cultos de Moody continuaram tão concorridos que a Exposição Mundial teve de deixar de funcionar aos domingos, por falta de público.
Falando sobre avivamento em uma entrevista, Leonard Ravenhill disse que “é imprescindível que tenhamos um avivamento”. “Os jovens neste país (EUA) nunca viram um avivamento. Eles nunca viram as reuniões que vão até duas ou três da manhã. De pessoas que não voltam para casa. E os que voltam para casa, dizem: Eu não posso ouvir o rádio. Eu não posso ligar a minha TV. Estou com tanta fome de Deus. Estou tão cansado de ver os meus vizinhos indo para o inferno”.
CONCLUSÃO
Ah, queridos! Precisamos de um aviamento que nos leve a desligar a tv e computador e nos leve a orar e vigiar. Um avivamento que nos faça esquecer os tais “facebooks” da vida e nos leve a orar e vigiar!
FONTES: The Hidden Life of Prayer, David MacIntyre.
Heróis da Fé, Orlando Boyer
Entrevista com Leonard Ravenhill – site semelhantesajesus.com
Outros textos:
Exemplo de oração em Jesus e dos apóstolos
Eles perseveravam na oração: At 1.14; 2.42-47; 1Tes 3.9-10. E nos aconselharam a fazermos o mesmo: Ef 6.18; Rm 12.12; Col 4.2; 1Pe 4.7. Somos incentivados a dedicarmo-nos à oração: Presbíteros, At 6.3-4, Casados, 1Cor 7.5. Uma prática de oração de todos os homens por todos os homens, 1Tm 2.1
Um relato
“Nos dias da Commonwealth, um dos meus primeiros amigos, “um servo do Senhor, porém um estranho para os demais”, entrou em uma assembléia de pessoas sérias, que se reuniram para adoração. E depois de algum tempo, ele esperou no Senhor em espírito e ele teve a oportunidade de falar, estando todos em silêncio, então ele disse por meio de exortação estas palavras, sendo que ele as falou no poder de Deus: “Mantenham-se sob a vigilância do Senhor”. O que foi dito teve sua operação sobre a totalidade ou a maior parte da reunião, de modo que eles sentiram grande pavor e medo dentro de si. Depois de um pouco de tempo ele falou novamente, dizendo: “O que eu vos digo, digo a todos: Vigiai”. Então ele ficou em silêncio outra vez. Mas fez-se notório a toda a reunião que este homem estava em um espírito extraordinário de poder, foi uma voz que nunca havia se ouvido ante, em que havia tão grande autoridade que a todos eles foi exigido estarem sujeitos ao seu poder”. Soldado de Cristo, você está em um país inimigo; “Mantenha-se sob a vigilância do Senhor”. The Hidden Life of Prayer, David MacIntyre.
Frases sobre oração
“Muita oração, muito poder – pouca oração, pouco poder”.
“Pais de joelhos, família de pé”.
“A oração é a chave do céu, e o Espírito ajuda a fé a girar esta chave”- Thomas Watson.
“Aquele que ama pouco, ora pouco; e aquele que ama muito, muito ora”, Agostinho.
“Quem tem um coração puro nunca deixará de orar, e só saberá o que é ter um coração puro aquele que for constante em oração”, Père la Combe.
“Se tu não és uma pessoa de oração, não és um cristão”, John Bunyan (de “O Peregrino”).
“O segredo da oração é orar em secreto. Quem se entrega ao pecado pára de orar. Mas aquele que ora pára de pecar”. Leonard Ravenhill
“A estatura espiritual de um crente é determinada pelas suas orações. O pastor ou crente que não ora está se desviando. O púlpito pode ser uma vitrine onde o pregador exibe seus talentos. Mas no aposento da oração não temos como dar um jeito de aparecer”.
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