O Ministério didático da Igreja

O Ministério didático da Igreja

O Ministério didático da Igreja

Índice Geral:


Ao abordar este tema gostaria de destacar previamente que o ministério didático é o ministério básico da Igreja, pelas seguintes razões:

1) Jesus era mestre

Seu ministério básico foi o ensino. Ensinar foi a obra mais transcendente de seu ministério na terra, sem levar em conta aqui sua obra redentora. Os enfermos que curou morreram, os mortos que curou voltaram a morrer, etc. O fruto que se perpetuou dos três anos e meio de seu ministério público foi o ensino repartido com seus doze discípulos. “Os céus e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão” (Mateus 24:35).

Ele ensinava primordialmente a seus discípulos. Quando acabou de comunicar-lhes a revelação do Pai e de sua vontade mediante suas palavras, em João 17 orou assim: “Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer… porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam, e têm verdadeiramente conhecido que saí de ti, e creram que me enviaste.” (João 17:4-8)

Antigamente, alguém era qualificado como bom mestre não por sua eloquência, mas sim por sua habilidade de formar discípulos. Jesus veio para ensinar a vontade do Pai. Os destinatários de seu ensino não eram unicamente seus discípulos, mas todo o povo, todos os homens de sua geração e das gerações vindouras. Mas ele sabia que para alcançar a todos, não era questão de pregar às multidões, mas de concentrar-se em uns pouco (os doze), e transmitir a eles de forma clara, completa, intensa e eficiente todo seu ensino, para que eles por sua vez ensinassem aos demais.

2) O ministério da Igreja é a continuação do ministério de Jesus

Portanto, o ministério básico da Igreja é o ensino, mas o ensino no estilo antigo, que equivale a formar discípulos e não meramente dar discursos perante um auditório.

Hoje em dia, as igrejas tem entendido equivocadamente que seu ministério básico e principal é fazer reuniões. É certo que nas reuniões se dão ensinos, no entanto, na maioria dos casos é no estilo pouco eficaz de dar discursos perante um auditório e, pelo mesmo sistema os assistentes  se tornam ouvidores que se esquecem da palavra.

Nestes tempos de renovação, a igreja está em revisão e busca de caminhos mais eficazes de levar a cabo seu ministério. Tem havido tentativas de se fazer algo novo e tem conseguido certo progresso, mas nossos costumes e tradições ‘reunionistas’ nos atrapalham e nos impedem de decolar. Existe a consciência de que é na reunião congregacional onde damos máxima expressão de nosso ministério pastoral; que um bom pastor é principalmente um bom pregador; que a reunião é o melhor lugar para evangelizar, ensinar e edificar a igreja. Tudo isso nos tem levado a centralizar demasiadamente nosso ministério no púlpito.

Nos últimos anos tem-se falado de bastante sobre discipulado e mudança, mas temos que reconhecer que estamos mais adiantados a nível de pensamento do que de obra.

3) O propósito eterno de Deus

Durante muitos anos, ao fazer a obra sem entender o propósito eterno de Deus ( ter uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus ) críamos que a função da igreja era a evangelização. Salvar almas era a grande meta, e o ministério pastoral visava manter os crentes na fé até que chegassem ao céu.

Hoje entendemos que a evangelização é o começo da grande obra da igreja; que o objetivo é edificar a cada convertido até que chegue a ser como Jesus (Colossenses 1:28). Todos os ministérios se concentram para aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo (Efésios 4:11-16). O elemento básico para esta edificação é o ensino da palavra.

4) Termos bíblicos importantes

Consideremos alguns termos bíblicos que tem uma importância notável para definir a atividade do cristianismo primitivo, especialmente do ministério da igreja:

a) Didaké (grego)

Traduzido em nossas versões como: doutrina. Aparece 30 vezes no Novo Testamento, onde significa ensino, instrução. Seu conteúdo consiste em mandamentos que revelam a vontade de Deus.

  • Mateus 7:28
  • Marcos 12:38
  • João 7:16
  • Atos 2:42; 5:28
  • 1 Coríntios 14:26

b) Didaskalía

Traduzido como: doutrina. Significa o mesmo que didaké. Aparece 21 vezes no N.T.

  • Marcos 7:7
  • Romanos 12:7
  • Tito 2:1,7,10

c) Didaskalós

Traduzido como: mestre. Aparece 59 vezes no N.T. principalmente referido a Jesus. Referido aos pastores, é o termo literal, porque a função primordial do pastor é ensinar a didaké, pois é um didaskalós.

  • João 13:13
  • Mateus 23:8
  • Atos 13:1
  • 1 Coríntios 12:28
  • Efésios 4:11

d) Didaskein

Traduzido como: ensinar (didaskó = ensinou). O verbo ensinar aparece 135 vezes no N.T. e 101 vezes a tradução é didaskein. A função principal de Jesus e da igreja fica determinada com este verbo.

  • Mateus 5:2; 7:29; 28:20
  • Atos 1:1 5:45
  • Efésios 4:21

e) Didakticós

Traduzido como: apto para ensinar. Esta é a graça ou o dom que se requer para ser ancião ou pastor.

  • 1 Timóteo 3:2
  • 2 Timóteo 2:24

f) Mathetes:

Traduzido como: discípulo. Aparece 261 vezes no novo testamento. É o termo mais freqüente para designar os seguidores de Jesus. Mathetes significa aquele que aprende, um aprendiz, um aluno.

Todos estes termos tornam muito evidente que a dinâmica ministerial da igreja primitiva era eminentemente didática. O pastor era um mestre (didaskalós), um homem da didaké, um doutrinador, que tinha discípulos, alunos, aos quais transmitia a didaké para a formação de suas vidas.

Para enfocar adequadamente o tema, formularemos algumas perguntas básicas:

  1. O que ensinar ?
  2. Como ensinar ?

Em uma síntese muito breve responderíamos: O ministério didático da igreja consiste em ensinar o que Jesus ensinou, e ensinar como Jesus ensinou.

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