“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” (João 12.24) Durante muito tempo Deus me sacudiu com esta palavra, e eu pensava que a aplicação dela se referia à conversão de uma pessoa, em que a semente era a […]

O grão de trigo
“Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, produz muito fruto.” (João 12.24)
Durante muito tempo Deus me sacudiu com esta palavra, e eu pensava que a aplicação dela se referia à conversão de uma pessoa, em que a semente era a palavra de Deus e a terra era a própria vida. Depois eu entendi que também se referia à formação de um discípulo, o tratar de seu caráter como um todo e, eventualmente, algum aspecto específico de sua formação. Era assim que eu pensava e ensinava, ministrava e auxiliava baseado nisto.
Porém, toda vez que se falava em frutificação – seja em ensino, seja em sua prática – parecia que uma faca se cravava em mim, lembrando deste texto, tentando aplicá-lo no devido momento…
Ao final do ano passado já estava tremendamente angustiado com isto, lembrava de vários textos sobre frutos, frutificação, vida com Deus, fruto que permanece… Entretanto, olhando para mim, não percebia a prática. Não consigo precisar quando aconteceu, porém entendi esse texto de uma outra maneira.
A semente, o grão sou eu…
O Senhor diz que os campos estão branquejando para a ceifa, campos de quê?
De onde saíram as espigas?
Como ouvirão se não há quem pregue?
Cada semente produz ao seu tempo o seu fruto, mas para produzi-lo tem de morrer…
Hoje entendo este texto assim: eu sou o grão que tem que morrer como discipulador, renunciar à própria vida, negar a si mesmo, perder a vida para produzir discípulos de Cristo, pois se meu “eu” estiver vivo, de quem serão os discípulos?
“…pois fostes regenerados, não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente. Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva, seca-se a erva, e cai a sua flor; a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada.” (1 Pedro 1.23-25)
Hoje eu creio que é impossível cuidar de vidas se “eu” estiver vivo. Se alguém acha difícil cuidar de uma vida, imagine não mais uma, mas duas, três ou quatro, ao mesmo tempo, com suas necessidades, dificuldades, problemas. Não sei quanto a vocês, mas a idéia me apavorava…
“Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.” (João 15.16)
Não tenho como expressar tudo o que o Senhor tem me ensinado a cada dia. O que tenho feito é tatear junto com o Senhor para deixá-lo fazer o que ele quer em mim e através de mim, e esse texto vem à tona toda vez que surge um novo desafio, uma nova vida, um novo contato, um novo discípulo…
“meus filhos, por quem de novo sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gálatas 4.19)