Baseado no evangelho de Mateus 19
Minha intenção ao compartilhar esta palavra não é a de julgar ou ferir quem quer que seja. Amamos a Deus e também amamos as pessoas.
Sei que muita gente experimentou frustrações, feridas e dissabores no passado. Muitos foram injustiçados, rejeitados, traídos e abandonados. Não há como desconsiderar estas coisas e não é esta minha intenção, no entanto, somos convidados a meditar nas palavras de Jesus e a levarmos em consideração o que Deus pensa sobre o divórcio.
Que o Espírito Santo ilumine nossos corações.
“Vieram a ele alguns fariseus e o experimentavam, perguntando: É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo? Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Replicaram-lhe: Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar? Respondeu-lhes Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio. Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério. Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar. Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado. Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir admita.” – Mateus 19: 3-12
O texto nos mostra os fariseus fazendo duas perguntas a Jesus acerca do divórcio
1) É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?
A pergunta veio com malicia; segundas intenções.
Eles não estavam interessados na verdade, queriam complicar o ministério de Jesus, Eles perguntaram sobre repudiar a mulher por qualquer motivo – em outras palavras, queriam dizer: existe algum motivo que torne a separação lícita?
Jesus respondeu que o Criador estabeleceu uma lei que torna o casamento indissolúvel.
Em outras palavras, não há motivo que separe um casal e nem existe possibilidade disto acontecer, exceto em caso de morte (Romanos 7.2; 1 Coríntios 7.39)
O quanto vale esta declaração “Até que a morte vos separe” ?
Mesmo que não tenha valor para o homem, para Deus continua valendo.
“Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choros e de gemidos, porque ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.” – Malaquias 2.13-14
Jesus deixou claro que aqueles que se casam (deixam pai e mãe e se unem) tornam-se uma só carne. Ele destaca que “já não são mais dois, porém uma só carne”. Assim, não há como separar.
Jesus encerrou o assunto no verso 6 – a resposta à pergunta dos fariseus foi dada e finalizada. Jesus concluiu dizendo: “Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem”.
Se cuidadosamente lermos o texto, veremos que o assunto foi encerrado no verso seis. Jesus respondeu a pergunta que os fariseus fizeram com base na vontade do Criador. Creio ser importante pensarmos mais no Criador que em nós mesmos. Tudo o que Deus criou tem um propósito. Devemos admitir que o matrimônio é um projeto de Deus, por isso, sua vontade não pode ser descartada.
2) Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?
A nova pergunta revela uma insatisfação com a primeira resposta.
eles quiseram dizer que o ensino de Moisés não concordava com o de Jesus – a verdade é que eles entenderam o que Jesus ensinou e, por isso, replicaram. Replicar significa responder aos argumentos ou às palavras de alguém. Será que nós também já entendemos, mas ainda estamos replicando com o Senhor, como os fariseus?
Eles não queriam saber do Criador, nem do ensino de Jesus (que era igual ao do Criador).
Por isso, colocaram Moisés acima de Deus “Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?”
Como líderes e pastores do rebanho de Deus, podemos correr o mesmo risco.
Já ouvi pessoas dizendo: “o pastor tal mandou fazer tal coisa”. Como isto é perigoso! As pessoas muitas vezes rejeitam o Criador e colocam a culpa nos “Moisés” de hoje.
Jesus esclareceu que Moisés não manda; quem manda é o Criador
Moisés permitiu o repúdio por causa do pecado da dureza do coração. A permissão de Moisés visava proteger as mulheres, pois, elas corriam sério perigo de vida. As mulheres eram as mais prejudicadas neste assunto. João 8, versos 1 a 11 é um bom exemplo de dureza de coração. A lei condenava não só a mulher adúltera, mas também o homem. Mais adiante falaremos um pouco sobre a lei.
3) Agora, o próprio Jesus toma a iniciativa e aplica o golpe de misericórdia
“Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério.”
Jesus reafirmou seu compromisso com o projeto original de Deus
Deus não muda; seu propósito é eterno. O homem foi quem se desviou e precisa ser restaurado ao propósito de Deus – o centro não é o homem.
Quando tiramos o Senhor do centro deste assunto ficamos confusos. Os sentimentos e outras coisas turvam nossa visão, impossibilitando-nos o acesso à perfeita vontade de Deus. Só uma pessoa pode ocupar o centro em qualquer assunto. Ou Deus é centralizado ou o homem.
A verdade é que toda ruína tem uma só explicação: O homem quer viver independente de Deus, fazendo sua própria vontade. O homem quer ser seu próprio deus.
Jesus esclarece que o assunto das relações sexuais ilícitas não cabe na conversa – não sendo por causa significa: tirando a parte; não comentando. Jesus falou sobre o Criador; eles falaram sobre a lei; Jesus voltou para o Criador.
Ao fazerem menção de Moisés os fariseus enfatizaram apenas o repúdio, como se fosse algo simples. Jesus sabia que o assunto das relações sexuais ilícitas envolvia até a pena de morte e não somente o lavrar um termo de divórcio, dar na mão da mulher e despedi-la de casa. Este assunto manipulado pela dureza de coração do homem poderia representar injustiça e uma grande crueldade contra as mulheres.
Como vimos anteriormente, os fariseus não tinham capacidade para tratar nem as relações sexuais ilícitas. João 8 revela sua incompetência e parcialidade quando, de forma tão fria, expuseram a mulher adúltera, acusando-a e não trazendo o homem com quem ela adulterara, como mandava a lei e veremos a seguir.
Jesus ensina que divórcio seguido de novo casamento se caracteriza em adultério.
Adulterar significa falsificar.
Isto porque uma nova união representa uma interferência na primeira aliança, que perdurará enquanto viver o cônjuge.
Uma vez que nos casamos nos colocamos debaixo de lei de Deus. É isto que significa “o que Deus uniu” falado por Jesus.
Por isso entendemos que o que Deus uniu não separe o homem. Se porventura vier a se separar, que fique sem casar ou haja reconciliação (1 Coríntios 7.10,11).
Jesus veio para salvar o homem dos seus pecados (Mateus 1.21) e, por isso, nesta conversa ele expõe e combate 3 pecados diferentes: divórcio, dureza de coração (falta de perdão; injustiça) e adultério
A visão de Jesus era mais ampla. E creio que ela continua ampla nos dias atuais.
Como homens, nos limitamos àquilo que vemos ou ouvimos. Nossa tendência é parar no caso do divórcio e do adultério. Porém, Jesus quer expor algo mais profundo que leva a estes dois pecados citados: a dureza de coração.
Creio que sempre existirá uma justificativa humana para que um casal se divorcie e se uma a outra pessoa. Porém, aquele que sonda o coração sabe qual é a verdadeira razão.
Os fariseus não contavam com a “visão de raio X” de Jesus. Eles quiseram passear pelo exterior do homem e Jesus penetrou o interior deles para expor o pecado da dureza de coração.
Se a lei trazia uma rígida sentença neste caso, Jesus exigia o perdão. Em João 8 Jesus não feriu a lei. Ele só observou que aqueles que não tivessem pecado algum poderiam aplicá-la. Como todos tinham pecados, não puderam condenar a mulher. E o próprio Jesus, o único santo, não a condenou.
4) E os discípulos?
Por último, os discípulos, que também compreenderam o ensino de Jesus e eram diferentes dos fariseus, fizeram uma impressionante e sincera afirmação: “Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar”.
O que pode ser mais impressionante que ficar sem casar?
Com certeza, casar para toda vida. Os discípulos compreenderam o ensino de Jesus, por isso ficaram impressionados. Nós também ficamos impressionados mas nos falta a mesma sinceridade.
É impressionante como este assunto é alvo de divergência no meio cristão. Já ouvi pessoas omitirem sua opinião para não gerar polêmica. Não quero gerar polêmica e, sim, levar você a meditar no ensino de Jesus.
Se o ensino de Jesus estivesse de acordo com os argumentos dos fariseus, estes não fariam a nova pergunta e a resposta do Senhor não causaria tamanho impacto nos discípulos.
5) Considerações para compreendermos o caso de relações sexuais ilícitas
A lei tratava de casos diferenciados, com penas diferenciadas. Organizamos cada caso para uma melhor compreensão. Nos limitamos a apenas trazer os textos com marcações, sem comentá-los. Tirando a parte os casos que vem a seguir, fiquemos com o ensino de Jesus
Primeiro caso:
“Se um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a aborrecer, e lhe atribuir atos vergonhosos, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a achei virgem, então, o pai da moça e sua mãe tomarão as provas da virgindade da moça e as levarão aos anciãos da cidade, à porta. O pai da moça dirá aos anciãos: Dei minha filha por mulher a este homem; porém ele a aborreceu; e eis que lhe atribuiu atos vergonhosos, dizendo: Não achei virgem a tua filha; todavia, eis aqui as provas da virgindade de minha filha. E estenderão a roupa dela diante dos anciãos da cidade, os quais tomarão o homem, e o açoitarão, e o condenarão a cem siclos de prata, e o darão ao pai da moça, porquanto divulgou má fama sobre uma virgem de Israel. Ela ficará sendo sua mulher, e ele não poderá mandá-la embora durante a sua vida.” – Deuteronômio 22:13-19
Segundo caso:
“Porém, se isto for verdade, que se não achou na moça a virgindade, então, a levarão à porta da casa de seu pai, e os homens de sua cidade a apedrejarão até que morra, pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim, eliminarás o mal do meio de ti.” – Deuteronômio 22:20-21
Terceiro caso:
“Se um homem for achado deitado com uma mulher que tem marido, então, ambos morrerão, o homem que se deitou com a mulher e a mulher; assim, eliminarás o mal de Israel.” – Deuteronômio 22:22
Lembra de João 8?
Quarto caso:
“Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então, trareis ambos à porta daquela cidade e os apedrejareis até que morram; a moça, porque não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim, eliminarás o mal do meio de ti.” – Deuteronômio 22:23-24
Quinto caso:
“Porém, se algum homem no campo achar moça desposada, e a forçar, e se deitar com ela, então, morrerá só o homem que se deitou com ela; à moça não farás nada; ela não tem culpa de morte, porque, como o homem que se levanta contra o seu próximo e lhe tira a vida, assim também é este caso. Pois a achou no campo; a moça desposada gritou, e não houve quem a livrasse.” – Deuteronômio 22:25-27
Sexto caso:
“Se um homem achar moça virgem, que não está desposada, e a pegar, e se deitar com ela, e forem apanhados, então, o homem que se deitou com ela dará ao pai da moça cinquenta siclos de prata; e, uma vez que a humilhou, lhe será por mulher; não poderá mandá-la embora durante a sua vida.” – Deuteronômio 22:28-29
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