Há algum tempo eu tive um sonho muito interessante. Havia um grupo de irmãos em uma casa, muito desejosos de crescer espiritualmente e de viver a verdadeira igreja. Só que eles não se deixavam ser tocados pelos outros e muito menos estavam dispostos a tocar quem quer que seja. Não queriam falar ou cooperar com ninguém, queriam viver suas próprias vidas. Também, não havia abertura em seus corações para receber qualquer palavra. Quando acordei, senti Deus fazendo uma pergunta ao meu coração: “Qual é a chance deste grupo crescer?” Crescer fala de maturidade, de qualidade, de santidade. Eu respondi ao Senhor dizendo que era algo muito difícil, pois não queriam tocar e nem se deixar ser tocados.
Gálatas 5:19-21: “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.
Quando o texto acima veio a minha mente, o Senhor me perguntou então se seria possível este grupo ser salvo, se poderia haver salvação sem transformação. Entendi que não seria possível, pois este grupo precisaria estar aberto para a santidade, para o crescimento, pois os santos é que verão a Deus. A bíblia diz que há um caminho aberto a todos para a salvação (João 1:12), mas também diz que, se o homem não fizer a vontade de Deus, não entrará no Seu Reino:
Mateus 7:21: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
Assim, não é possível haver salvação sem passar pela transformação e, se não aceitarmos a transformação que Deus quer operar em nós, estaremos indo contra o plano d’Ele de nos salvar. A salvação é uma obra plena e não apenas uma experiência de um dia. Sei que alguém pode argumentar e dizer que o ladrão na cruz teve um único encontro com Jesus e foi suficiente. É verdade, mas não podemos ignorar que ele também não teve tempo de lambuzar mais uma vez sua vida. Ele não saiu dali para viver deliberadamente no pecado.
“Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários. Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés. De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.” Hebreus 10:26-30, RA.
O texto acima, curiosamente, é a conclusão de um mandamento apostólico:
Hebreus 10:25: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia. Porque, se vivermos deliberadamente em pecado,…”
A santidade também passa pelos confrontos no corpo de Cristo. Existe muita gente que não tem disposição para tocar ou ser tocado. Na verdade, a maioria das pessoas não gosta de ser repreendida ou corrigida. Custa muito alguém chamar a nossa atenção e dizer que estamos errados; ficamos intimidados, chateados. Somos muito justos aos nossos próprios olhos, estamos sempre prontos para vermos os erros dos outros e não os nossos. Não somos bons para vermos as virtudes alheias. Mas ninguém cresce vendo os erros dos outros e vendo apenas sua própria justiça. Começamos a crescer quando enxergamos nossos erros, pois é a única chance que temos de nos arrepender, de mudar, de ver as nossas misérias.
Hebreus 10:25: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia.”
Neste texto, o autor de Hebreus denuncia o motivo de muitas pessoas não quererem viver como igreja. Nós gostamos de grandes reuniões pois não precisamos nos envolver, mas apenas cantar e ouvir uma palavra abençoada. Ou, então, assistir ao culto pela internet; assim não precisamos sair do conforto do lar. Mas, infelizmente, muitos se tornaram “consumidores evangélicos” – só pensam em si, querem apenas consumir o que o evangelho dá, querem ouvir e conhecer boas palavras mas sem nenhuma intenção ou desejo de viver o que ouvem. Gostam de prédios de igrejas que disponham de um bom estacionamento para seu carro, de um ambiente agradável com ar condicionado, escola para cuidar de seus filhos, etc. Se der dízimo ou oferta, então se sente com mais direitos ainda, como se estivesse pagando por estas “benfeitorias”. Em um “ambiente de culto” é muito fácil vivermos apenas como cristãos “comuns”. Mas, quando temos de ir para um ambiente menor, onde precisamos relacionar e viver o que ouvimos, os desafios aumentam.
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