Igreja viva: Unidade, Amor, Comunhão e Serviço

Habitaria o Deus Todo-Poderoso em templos feitos por mãos humanas? Certamente que não! Isso é conhecido desde os tempos antigos (1 Reis 8.27) e reafirmado pelos apóstolos (Atos 7.48 e Atos 17.24).

Jesus disse que edificaria a sua Igreja (Mateus 16.18) e no texto de 1 Pe 2.4,5 encontramos que essa edificação está sendo realizada com “pedras que vivem”, os próprios discípulos, já que Jesus, o Senhor, é ele mesmo uma “pedra que vive”:
“Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual”

Assim, a igreja de Jesus é a sua “casa espiritual”, o seu próprio corpo (Ef 1.22,23), uma edificação viva feita pelas mãos de Deus. Essa edificação tem características que a tornam diferente de todas as outras edificações que o homem conhece: unidade, amor, comunhão e serviço.

A unidade: Um com Cristo, um com o corpo de Cristo

Seguir a Jesus significa não apenas um relacionamento com Ele, mas também um relacionamento com os outros que o seguem. Com eles temos muito em comum: uma mesma fé, um mesmo Senhor, um mesmo Espírito, um mesmo Pai, uma mesma esperança. Juntos formamos uma só família, um só corpo, uma só Igreja, uma comunidade (Ef 4.4-6). Essa realidade nos leva a ter relacionamentos para comunhão com nossos irmãos.

Quando alguém entrega a sua vida a Jesus e é batizado, imediatamente se torna participante de Jesus. A Bíblia diz que somos enxertados Nele e feitos um com Ele: “Mas aquele que se une ao Senhor é um Espírito com Ele” – (1 Coríntios 6.17).

Nossa participação na vida de Cristo nos coloca em um relacionamento direto com Seu corpo. Não podemos participar de Cristo sem participar uns dos outros. Nossa união com Jesus envolve nossa união com todos aqueles que estão unidos a Ele. Ao ser um com Cristo, também sou um com meus irmãos: “Assim também nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros” (Romanos 12.5)

O amor

Jesus disse que o que se destacaria na comunidade dos discípulos, ou seja, na sua igreja, seria o amor de uns para com os outros: “nisto conhecerão todos que sois meus discípulos se tiverdes amor uns aos outros” (João 13.35).

Quando perguntaram a Jesus “Mestre, qual é o grande mandamento da lei?”, Jesus respondeu, resumindo todos os mandamentos em somente dois: amar a Deus e amar ao próximo (Mateus 22.36-40).

Paulo declara: “Porque toda a lei se cumpre nesta palavra: Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (Gálatas 5.14,15). Também diz: “O que ama ao próximo tem cumprido a lei” (Romanos 13.8-10).

Jesus nos atinge e transforma a nossa vida com este mandamento: DEVEMOS AMAR NOSSOS IRMÃOS COMO ELE NOS AMOU. O propósito de Deus é que sejamos iguais a Jesus em tudo. O traço principal e que sobressai na vida e caráter de Jesus é o seu amor para conosco.

Amar é um mandamento. E o que se deve fazer com um mandamento? Simplesmente se obedece! Com este mandamento Jesus não está tratando com nossos sentimentos, mas com nossa vontade. Se o amor ao meu
irmão se baseasse nos meus sentimentos seria um amor fraco e inconstante. Determino amar a meu irmão em obediência ao Senhor. É um mandamento e eu obedeço; na obediência é liberado o poder que já estava dentro de mim pelo Espírito Santo: “O amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo, que nos foi dado” (Romanos 5.5). Na obediência com fé vem a benção de Deus. (Tiago 1.21-25).

Amar ao próximo é não apenas evitar lhe fazer o mal, mas, principalmente, se esforçar para lhe fazer o bem.

Se amar ao próximo é lhe fazer o bem, o que vamos precisar para cumprir esse mandamento? Vamos precisar conhecer as necessidades uns dos outros. E para conhecê-las precisaremos estar juntos e ter comunhão.

O estar juntos para a comunhão

A comunhão é algo inerente à própria natureza da Igreja, é uma de suas características fundamentais. Não pode haver igreja sem que haja comunhão (grego KOINONIA), já que a igreja é a casa espiritual de Deus construída com “pedras que vivem”, os filhos de Deus (1 Pedro 2.4,5), e essas “pedras vivas” precisam estar intimimante ligadas por vínculos fortes (Efésios 4.16).

Devemos buscar fortalecer uma mentalidade de comunidade

Existem dois fatores que tentam nos afastar da comunhão, querendo nos prender a um estilo de vida individualista:

  • Um fator é exterior: a sociedade que nos rodeia. Em sua Palavra Deus nos diz: “…e não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Romanos 12.2).
  • O outro fator é interior: o egoísmo de nosso coração. O remédio de Deus é: “…no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano e vos renoveis no espírito do vosso entendimento” (Efésios 4.22).

Para combater esses dois fatores precisamos estar envolvidos por uma forma de pensar nova, uma mentalidade de comunidade. A prática constante dessa mentalidade vai nos ajudar a combater em nós mesmos o egoísmo, o individualismo, o personalismo, o exclusivismo. Somos membros de um só Corpo, filhos do mesmo Pai, pedras vivas de um só templo, somos irmãos por toda a eternidade, SOMOS UM EM CRISTO. Esta verdade deve encher os nossos corações até transformar o nosso viver! Como membros de um mesmo Corpo já não devemos pensar, sentir, agir e planejar somente como “indivíduos”, mas principalmente como participantes da “comunidade dos santos”, a família de Deus.

Satanás quer destruir isso. Ele sempre vai sugerir muitas maneiras para tentar nos levar a reafirmar os nossos DIREITOS PESSOAIS destruindo, assim, a UNIDADE: meu tempo, meu dinheiro, meu cansaço, meu carro, minha bicicleta, minha casa, meus planos, meus alvos, meus projetos, etc. O tanto de “eu” e “meu” que existir em nosso falar vai denunciar o quanto de mentalidade individualista ainda estamos acolhendo em nossa forma de pensar.

Mas nós já recebemos a mente de Cristo: “Nós, porém, temos a mente de Cristo” (1 Coríntios 2.16). E a mente de Cristo não é egoísta nem exclusivista. Portanto, é nossa responsabilidade manter e fortalecer a unidade criada por Deus, e faremos isso através da prática de uma mentalidade de comunidade.

Resumindo: Sabemos que o mandamento principal no relacionamento entre irmãos é amarmos uns aos outros como Jesus nos amou. O amor precisa de um fluir correto para que entre em ação o ESTAR JUNTOS PARA COMUNHÃO. Estando juntos e em comunhão teremos a oportunidade de nos conhecermos melhor, e descobriremos formas de servir uns aos outros.

O Serviço

Vimos que o amor fraternal nos leva ao estar juntos para a comunhão. Vimos também que ter comunhão é desenvolver e praticar uma nova mentalidade, uma mentalidade de comunidade. Portanto, a comunhão não é um fim em si mesma, não é o objetivo final. É aqui que alguns se perdem e transformam a comunhão apenas num “estar juntos para o seu próprio bem-estar”: churrascos, passeios, viagens, cinema, etc. Embora estas coisas sejam agradáveis e não constituam necessariamente um problema, elas não devem jamais ser entendidas como o propósito da comunhão.

A comunhão é a circunstância, o canal, a maneira que nos leva a conhecer e a descobrir as necessidades uns dos outros. Para que? Para ter a oportunidade de praticar o amor: quando vejo a necessidade de meus irmãos, tenho a oportunidade de servi-los.

Serviço é amor em ação (1 João 3.17-18). É a demonstração de que em verdade já não vivemos para nós mesmos. É o ingrediente que permite que os outros ingredientes (unidade, amor e comunhão) produzam exatamente o que Deus quer produzir, ou seja, a edificação do corpo de Cristo, a casa espiritual formada por pedras vivas: “Com vistas ao aperfeiçoamento dos santos, para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4.12).

A vocação da igreja é servir

“Aproximou-se dele, então, a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, ajoelhando-se e fazendo-lhe um pedido. Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino. Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos. Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de beber; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles para quem está preparado por meu Pai. E ouvindo isso os dez, indignaram-se contra os dois irmãos. Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. (Mateus 20:20-28)

A igreja é o corpo de Jesus Cristo, é a sua extensão ou prolongamento. Ela deve ser hoje tudo o que Jesus foi quando esteve aqui na terra.

O surpreendente na encarnação é que o Senhor do universo se fez servo. Jesus disse: “…o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10.45). Servir é se identificar com as necessidades dos outros, é dar de si mesmo para suprir os outros.

Com sua vida Jesus colocou em evidência o enorme contraste que deve existir entre este mundo, governado pelo império das trevas, e os seus discípulos, os “filhos da luz”. Assim como ele viveu para servir, o seu corpo, as “pedras vivas”, a igreja, deve fazer o mesmo: “Porque eu vos dei o exemplo, para que como eu fiz, façais vós também’’ (João 13.15).

Jesus quer que a mesma mentalidade esteja conduzindo/governando a vida do Seu corpo: o serviço é a nossa vocação de vida, nós fomos criados para servir. Aquele que é nosso redentor, Salvador, Cabeça e Senhor serviu e ainda vive para servir (Hebreus 7.25). Nós somos dele, somos um com Ele … o que devemos fazer? Servir! Desta forma experimentaremos que “coisa mais bem aventurada é dar do que receber ” (Atos 20.35).

Como discípulos de Jesus e pedras vivas de sua casa espiritual, devemos buscar crescer no serviço até que a consciência/mentalidade de servos seja formada em nós. Esta consciência de servo trará efeitos muito saudáveis para nossas vidas, como, por exemplo:

  • Nos livrará de uma vida egoísta.
  • Nos dará a motivação correta para as atividades que realizamos. Por exemplo: se pregamos o evangelho, é para servir aos pecadores. Se ensinamos algum discípulo, é para servi-lo. Se intercedemos, é para servir aos irmãos e ao Espírito Santo. Se profetizamos, é para servir e edificar a igreja.
  • Até mesmo em nossas profissões. Todo trabalho sadio pode ter como meta servir à comunidade, e não apenas ganhar dinheiro. O discípulo de Jesus, seja ele carpinteiro, padeiro, vendedor, chofer, professor, médico, advogado, etc, vai experimentar grande transformação em sua vida na medida em que encarar seu trabalho como oportunidade de servir aos outros e trazer glória a Deus: “Assim, brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mateus 5.16).

Como devemos servir?

KOINONIA define um estilo de vida. É derivado da palavra KOINOS, que significa ter algo em comum. Quando duas ou mais pessoas têm algo em comum, então nessa área há KOINONIA . O texto de At 4.32 declara que na Igreja todas as coisas eram comuns a todos. Isso é KOINONIA. Sendo assim, devemos servir:

  1. Motivados pelo amor (1 Coríntios 13.3)
  2. Com alegria: Deus ama a quem dá com alegria (2 Coríntios 9.17; 1 Pedro 4.9)
  3. Com fé e liberalidade (Lucas 6.38; Romanos 12.8; 2 Coríntios 9.6-15; Provérbios 31.20; Isaías 58.6-7; 1 Coríntios 12.13-27)
  4. Não para sermos vistos (Mateus 6.1-4)

A quem devemos servir?

Jesus serviu a todas as pessoas que se consideraram necessitadas: coxos, aleijados, cegos, surdos, endemoninhados, ricos, pobres, ladrões, pessoas do povo, autoridades, sendo ou não conhecidas, sendo ou não seus discípulos. Parece que o único impedimento ao serviço de Jesus era a incredulidade de quem poderia ser servido (Marcos 2.17). Mas, se pensarmos bem, até esses foram servidos com o máximo do seu serviço: Jesus também morreu pelos pecados deles, de maneira que, havendo arrependimento, pudessem ser salvos.

No entanto, é importante lembrar que Jesus servia a todos sem nunca se esquecer do cuidado com seus discípulos (Jo 17.11,12). Isso nos mostra a suprema importância do serviço ser desenvolvido e aperfeiçoado em nossos lares:

  • Que lição aprenderá o filho(a) que vê seu pai (ou sua mãe) sempre pronto a ajudar os outros enquanto tropeça no cuidado e na atenção com os de sua própria casa?
  • Como fica o coração de uma esposa que observa seu marido cheio do Espírito para dar uma palavra do Senhor e edificar os irmãos, mas não se enche do mesmo Espírito para ter disposição para lhe ajudar a varrer a casa, lavar os pratos, ou participar dos outros afazeres domésticos? Ou que afirma não ter tempo para ouvir com paciência suas necessidades, mas passa horas escutando e aconselhando os discípulos?

Para casos semelhantes a esses Jesus usou palavras muito fortes (Mateus 23.23). Seu mandamento para nós é “devíeis, porém, fazer essas coisas, sem omitir aquelas”.

Com o que podemos servir?

Podemos servir com tudo que temos e tudo que somos, assim como Jesus. Deus quer que cresçamos mais e mais até chegarmos “à estatura da plenitude de Cristo”. Portanto, não devemos colocar limites ou restrições ao chamado do Espírito Santo para o serviço.

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