Ela passava a mão nos olhos, em meio a uma intensa raiva, com gestos fortes, tremendo, em meio a um pavor e culpa. Respirava como quem está com intensa dor na alma. Silenciou.
Ela respirou. Olhou para cima, enxugando os olhos com o punho, repetiu com orgulho: “Pastor, eu pequei porque quis e agora?”.
Ficou ali parada na minha frente. Com um riso fingido. Os lábios tremiam. Com um choro desesperado. Abraçou-me. Como uma filha pequena abraça o pai na hora do medo. Ela pedia socorro. Ela se sentia usada, suja, envergonhada. E, ao mesmo tempo “orgulhosa”. Um vazio espiritual. Ela se sentia só!
Dentro do meu ministério esta frase ocorre com grande frequência. Ocorre porque temos pessoas ainda imaturas espiritualmente, e outras mais maduras. Entre os imaturos isso é frequente.
De tempos em tempos, alguém me procura e a repete: “Pastor, eu pequei porque quis e agora?” Depois vem o “eu não sabia que era tão ruim, para mim mesmo, para os outros e principalmente para Deus”.
Por mais que ensine, estas atitudes acabam acontecendo. Nestes anos pude perceber que esta frase é produzida em função de duas direções, das quais poderão indicar as intenções desta fala:
Quem fala, fala porque tomou consciência do erro que cometeu. E, despertado de uma nova sensibilidade e entendimento de que houve uma atitude descontrolada. Atitude essa que a dominou em determinadas situações. E, ainda notou que vive escravizada pelo pecado.
Ou, (b) quem fala, fala porque tomou a decisão de enfrentar o Poder de Deus, e ainda confrontar com a Palavra de Deus. Tentando provar que a sua incredulidade e a sua rebeldia está acima dos julgamentos de Deus. Tentando desafiar os efeitos do pecado. Tentando provar que a sua rebeldia contra Deus se justifica pelos seus atos pecaminosos.
Quero lembrar de duas passagens bíblicas que nos mostram o que é o pecado:
Romanos 14:23 – “e tudo o que não provém de fé é pecado.”
1 João 5:17 “Toda injustiça é pecado.”
Por isso, neste momento, quero caminhar na direção daquele que tomou consciência do erro e pergunta: “e agora?”
Daquele que está realmente preocupado com as conseqüências do pecado cometido. A Palavra de Deus nos ensina que o salário (resultado, efeito) do pecado é a morte (distanciamento, rompimento, desligamento).
Uma pessoa sensível ao Espírito Santo, não um incrédulo, sente muito forte no peito, no espírito, que algo que tenha praticado possa ser identificado como pecado. Aquilo o atormenta, pois não é a sua vontade fazê-lo. Sente que aquela atitude magoou ao Pai Celestial e que suas orações perdem o vigor, o poder e a sua eficácia.
Um grande desânimo o atinge. Uma depressão espiritual. Medo e culpa, passam a aparecer nos seus sentimentos. E a humilhação e o sentimento de abandono parecem ficar ainda mais fortes. Bate um sentimento que podemos chamar de arrependimento.
Então a boca expressa o que o coração já está transbordando: “eu pequei”.
O sentimento da morte se instala. A sensibilidade espiritual denuncia que houve um distanciamento. E a morte é a terrível sensação de desligamento, de separação de Deus. É a quebra do acesso direto. É Deus não querendo mais falar comigo. É Deus não podendo mais falar comigo.
Uma grande barreira se levantou entre nós e o nosso Deus e nos distanciou, por causa do nosso pecado. A sua comunhão, depende da santidade dos meus atos. E eu traí a sua confiança!
Porém, o que mais nos deixa assustados é quando admito que “pequei porque quis!”. Porque algo incontrolável lá dentro de mim, me fez ter um comportamento que sei de antemão que não é a vontade de Deus. Mas, é a minha vontade. E ainda o pior: “eu gostei do que estava fazendo, enquanto estava fazendo – me deliciei!” Aí eu começo a questionar no meu coração: “será que Deus não quer que eu seja feliz?”
Aí eu volto a questionar no meu coração: “se foi tão bom e me trouxe tanta felicidade, por que fiquei com o gosto de fel no final? Por que fiquei enojado? Por que agora carrego uma horrível sensação de culpa? Por que me sinto sujo? Por que estou com tanta vergonha? Por que tenho a certeza de que estou fora da vontade de Deus? Por que preciso de ajuda? Pastor, e agora?”
Passo a entender que vive dentro de mim duas naturezas: a carnal e a espiritual. A carnal grita: “eu quis”.
Faço o que “EU” quero, mas um fel invade a minha boca. Que livre arbítrio é esse? Preste bem a sua atenção na sua luta, e na luta que o apóstolo Paulo viveu:
“Eu não entendo o que faço, pois não faço o que gostaria de fazer. Pelo contrário, faço justamente aquilo que odeio. Se faço o que não quero, isso prova que reconheço que a lei diz o que é certo. E isso mostra que, de fato, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Assim eu sei que o que acontece comigo é isto: Quando quero fazer o que é bom, só consigo fazer o que é mau. Dentro de mim eu sei que gosto da lei de Deus. Mas vejo uma lei diferente agindo naquilo que faço, uma lei que luta contra aquela que a minha mente aprova. Ela me torna prisioneiro da lei do pecado que age no meu corpo. Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte? Que Deus seja louvado, pois ele fará isso por meio do nosso Senhor Jesus Cristo! Portanto, esta é a minha situação: No meu pensamento eu sirvo à lei de Deus, mas na prática sirvo à lei do pecado.”
Romanos 7:15-25
“e agora?”
1 João 1:9 “Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, ele cumprirá a sua promessa e fará o que é certo: Ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade.”
Eu preciso confessar à Deus. Primeiro, reatar a minha comunhão com o Pai. “Pai, pequei contra ti.”
Eu preciso, depois da minha confissão, buscar quem eu ofendi. Esta tarefa é a mais difícil. Requer muitas vezes de humilhação. Me humilhar e, ainda perdoar.
Observe como Paulo explica esta situação:
“Agora já não existe nenhuma condenação para os que estão unidos com Cristo Jesus. Pois a lei do Espírito de Deus, que nos trouxe vida por causa da nossa união com Cristo Jesus, livrou você da lei do pecado e da morte. Deus fez o que a lei de Moisés não pôde fazer porque a natureza humana era fraca. Deus condenou o pecado na natureza humana, enviando o seu próprio Filho, que veio na forma da nossa natureza pecaminosa a fim de acabar com o pecado. Deus fez isso para que as ordens justas da lei pudessem ser completamente cumpridas por nós, que vivemos de acordo com o Espírito de Deus e não de acordo com a natureza humana. Porque os que vivem de acordo com a natureza humana têm a sua mente controlada por essa mesma natureza. Mas os que vivem de acordo com o Espírito de Deus têm a sua mente controlada pelo Espírito. Os que têm a mente controlada pela natureza humana acabarão morrendo espiritualmente; mas os que têm a mente controlada pelo Espírito de Deus terão a vida eterna e a paz. Por isso os que têm a mente controlada pela natureza humana se tornam inimigos de Deus, pois eles não obedecem à lei de Deus e, de fato, não podem obedecer a ela. Os que vivem de acordo com a sua natureza humana não podem agradar a Deus. Vocês, porém, não vivem como manda a natureza humana, mas como o Espírito de Deus quer, se é que o Espírito de Deus vive realmente em vocês. Quem não tem o Espírito de Cristo não pertence a ele.”
Romanos 8:3-9
O que é o pecado? É uma afronta à Deus. É ofender a Deus.
Como? Através dos nossos relacionamentos pessoais ofendemos à Deus quando o negamos, quando o maltratamos, quando o desprezamos.
O que precisamos é do arrependimento sincero. A verdadeira tristeza que provém de Deus produz arrependimento autêntico. Acarreta mudança de vida, não apenas lamento (mero remorso!)
Então, pense comigo, qual é o pecado que devo confessar?
Então, confesse.
Qual é a atitude que devo mudar?
Então, mude.
Você está precisando de ajuda?
Fale com Deus e ele fará o que seu coração deseja.
Obrigada por isso!! Deus te abençoe!