Entre as muitas características do caráter do Pai, está a unidade. E a unidade entre o Pai e o Filho é o nosso padrão de unidade no lar e na igreja. No lar: somos 2, mas somos um. Na igreja: somos tantos, mas somos um. Um só propósito, um só espírito e intenção. Seu propósito é espalhar esta unidade no mundo
Estamos seguindo uma sequência de estudo acerca do Reino de Deus, e hoje falaremos sobre o tema Deus se deu a conhecer aos homens em Jesus Cristo. A apostila que estamos usando como base, divide este assunto em três aspectos: 1. Jesus Cristo é a revelação de Deus; 2. Jesus Cristo nos deu a conhecer o caráter de Deus (onde vamos nos deter por mais tempo, nesta característica de Deus de amar, querer a unidade e a comunhão); e, por último, 3. Jesus Cristo com seu exemplo e suas palavras, nos ensinou a vontade do Pai.
1. Jesus Cristo é a revelação de Deus
O que é revelar? O dicionário responde a esta pergunta da seguinte forma: Tirar o véu a; deixar ver; tornar patente aos olhos, mostrar, descobrir, fazer conhecer o que era ignorado ou secreto. Jesus veio tirar o véu que havia entre nós e Deus, ele veio para, entre outras coisas, tornar o Pai conhecido.
Ele nos deu a conhecer Deus. Agora não podemos dizer que Deus é um ser distante e desconhecido, pois Ele se deu a conhece em Jesus Cristo. João 1.18; 5.19-23; 14.6-11 (v. 6 e 9); 17.1-3; e Hebreus 1.1-3.
Deus se comunicou, se expressou, falou, se apresentou aos homens em seu Filho. Jesus é o mistério que esteve oculto desde a fundação do mundo, Romanos 16.25-27; Colossenses 1.24-29.
2. Jesus Cristo nos deu a conhecer o caráter de Deus.
A unidade
Mediante Ele, sabemos que Deus é amor, misericordioso, justo, santo, paciente, compassivo, sábio, perfeito. Ele é o Emanuel, o Deus conosco, Colossenses 2.9 e Mateus 1.23.
Entre as muitas características do caráter do Pai, está a unidade. E a unidade entre o Pai e o Filho é o nosso padrão de unidade no lar e na igreja. No lar: somos 2, mas somos um. Na igreja: somos tantos, mas somos um. Um só propósito, um só espírito e intenção. Seu propósito é espalhar esta unidade no mundo: Uma família de muitos filhos semelhantes a Jesus para a glória de Deus Pai. Uma família: Isto nos fala de unidade. De muitos filhos: Isto nos fala de quantidade. Semelhantes a Jesus: Isto nos fala de qualidade.
A unidade é como um cordão. Vocês sabem como é feito o cordão? É um conjunto de fiozinhos bem fininhos e entrelaçados entre si de tal maneira que formem um único conjunto. Assim mesmo acontece com a unidade. É um único conjunto, formados por várias peças que estão juntas. Assim Deus quer ver a unidade da igreja. Quando estamos juntos, somos fortes, separados somos muito fracos. Diz a bíblia que “um cordão de três dobras não se pode romper”. Tem 3 dobras mas é um cordão só. Eclesiastes 4.9-12
Somos feitos um com Ele no batismo, somos unidos a Ele. Nossa unidade com Cristo pode ser comparada a um alimento que comemos. É como uma comida que entra no corpo, como um feijão por exemplo. Se ele entrar e for digerido, ele deixará de ser feijão e se tornará parte de nós. Eu não olho para meu irmão e procuro ver quantos feijões há dentro dele. Mas eu sei que o que ele comeu, já não existe mais, se tornou parte dele. Agora é um com ele. Assim acontece conosco, no batismo fomos, por assim dizer, digeridos por Cristo. Falando exatamente sobre isto, Paulo confirma em Gálatas 3.27-28 e em Colossenses 3.8-11.
A ilustração do bife
No livro “O Discípulo”, Juan Carlos Ortiz usa a seguinte ilustração:
Jesus disse: “Quem me dera fosses frio, ou quente! Assim, porque és morno, e nem és frio nem quente, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.” (Apocalipse 3.15.16.)
Sabe o que isto significa? Permitam-me citar esta ilustração, mas foi o próprio Jesus quem a apresentou. Quais são as coisas que vomitamos? São coisas que ingerimos e não são digeridas. Se comermos algo, e aquilo for absorvido pelo nosso organismo, não volta a sair pela boca.
As pessoas vomitadas são aquelas que se recusam a ser absorvidas pelo Senhor Jesus Cristo. E este processo de absorção implica num dissolvimento pessoal, implica no fim da vida própria. Somos transformados e passamos a integrar Jesus. Somos associados a ele de forma inconfundível.
Na Argentina fazem-se bons churrascos. Suponhamos que eu coma um bife. Ele cai no meu estômago e os sucos gástricos se aproximam dele, para o digerirem. Então eles dizem para a carne:
– “Boa noite! Como vai você?”
– “Muito bem!” replica o bife. “O que desejam?”
– “Nós estamos aqui para dissolvê-lo, e integrá-lo no organismo de Juan Carlos.”
Suponhamos então que o bife replique.
– “Ah, não. Espere um pouco. Já basta ele ter-me comido, mas desaparecer completamente, isso nunca. Estou no estômago dele, mas quero permanecer sendo bife. Não desejo perder minha individualidade. Quero preservar minha cidadania como churrasco.”
– “Não. senhor. Você tem que ser dissolvido e passar a ser Juan Carlos.”
– “Não; quero permanecer sendo bife.”
Aí começa a disputa. Se o bife vencer a briga, os sucos gástricos terão que permitir que ele continue a ser um pedaço de carne dentro do meu estômago.
Daí a pouco o bife será vomitado.
Mas se os sucos gástricos ganharem a briga, o bife perde sua personalidade individual e se torna Juan Carlos Ortiz. (…)
Assim acontece também com o Senhor. Nós estamos “em Cristo”. Cabe a nós escolhermos se permaneceremos nele ou não. (…)
A unidade na Ceia do Senhor
Outro exemplo disto é a Ceia do Senhor: embora sejam vários pedaços, é um só pão. E ao se referir a isto, o apóstolo Paulo, no capítulo 11 de 1 Coríntios, ele nos informa que a Ceia não é só a lembrança de Cristo até que ele volte, mas também um discernir do corpo. Fomos ministrados sobre Ceia pelo Jon Gottfridson de Porto Alegre e pelo Evangevaldo de Salvador, recentemente, e eles fizeram questão de salientar este aspecto. O Evangevaldo nos contou a seguinte ilustração:
Imagine uma conversa entre a boca e a mão.
Boca: E aí, como vai?
Mão: Tô bem, tô tranquila, sadia e trabalhando mas, quando eu apalpo o fígado aqui, sinto que ele está meio inchado, acho que é hepatite.
A mão não se dá conta que está amarela e que aquela hepatite pode levar todo o corpo à falência.
Então não existe uma parte do corpo doente e outra parte sadia. O corpo está enfermo então estou enfermo.
E Jan Gottfridsson nos ministrou que devo:
Olhar ao meu redor: É impossível cear sem olhar ao meu lado, ao meu redor. Podemos orar, ler a palavra, louvar e jejuar sozinhos, mas não podemos cear sozinhos, pois somos igreja, cada um é importante. Não há um congregar ou cear eu e Deus. Somos corpo, somos família. Congregar precisa interação, pessoa com pessoa. Não pode ser virtual ou pela internet. (…)
Somos família e corpo de Cristo, fala em discernir o corpo, a família. “Quando eu me reúno, eu espero meus irmãos”. Todo individualismo, autossuficiência, comparações caem por terra. A cruz tirou a divisão que havia entre mim e meu irmão. Somos da mesma família, temos o mesmo Pai. E não separação, divisão. “Fazemos parte” (da mesma família).
Unidade não é “panelinha”
Uma das dificuldades da unidade é a formação de “panelinhas” dentro da igreja local. Isto aconteceu na igreja em Coríntios: “eu sou de Paulo”, “eu sou de Pedro” e “eu sou de Cristo”. “Panelinha” é a formação de pequenos grupos dentro de um grupo maior que é a igreja. Estas “panelinhas” são formadas, muitas vezes, por afinidades (coisas em comum), como por exemplo: de jovens, solteiros, casados, de irmãos que moram no mesmo bairro. Estes pequenos grupos nos dão a impressão de que há alguma unidade na igreja, mas não percebemos o quanto estamos separados como um todo. É claro que a formação de pequenos grupos não é o perigo em si. A “panelinha” é que é perigosa, pois olhando bem, veremos que ela é excludente, ela se manifesta pela separação entre irmãos dentro da mesma congregação, de maneira que não há um fluxo de pessoas entre os grupos formados. Um exemplo disto, é a forma como nos sentamos: Veja como basicamente, sempre sentamos no mesmo lugar e rodeados pelas mesmas pessoas! E isto, às vezes, é uma coisa que nos passa de forma despercebida, não é maldade em si. É desatenção. É falta de exercício de olhar para os lados, de ver o próximo, de ser inclusivo. É um sacerdote desatento com as suas funções, que vai servir no altar e esquece de trazer o fogo. Esta palavra também é para mim.
Não sejamos tímidos! Se é um casal que está visitando o nosso encontro, eu devo ir lá com a minha esposa. Se um jovem solteiro ou solteira, outro deve ir recebê-lo. Não devo ficar sentado no meu lugar pensando que alguém vai fazer isto, é tomar a iniciativa!
Para corrigir isto, temos que estar atentos aos novos, aos visitantes. É chamar para almoçar, jantar, etc.. Se não for para comer, deve-se convidar para passar o tempo juntos, orando, lendo, comunicando algo do Senhor, em comunhão. Isto precisa ser prático, nortear as nossas vidas! Atos 2.41-47.
Um exercício prático
Veja se há alguém novo, diferente a sua frente, ao seu lado, atrás de você. Fale com ele. Pergunte como ele está, se apresente! A unidade é um exercício que precisa ser desenvolvido em nós e também desenvolvido no discipulado. O discípulo tem que ver o discipulador chegando junto, recebendo as pessoas nos grupos caseiros no grande encontro, e deve desejar imitá-lo!
Nosso DNA
Devo exercer o “ministério do prestar atenção”. É um “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite”, um sorriso, um “qual é o seu nome?”, um “de onde você é?”. É um convidar para almoçar, ser hospitaleiro. Diz a bíblia que alguns sem saber, já hospedaram até anjos! Hebreus 13.1-2.
É em hospitalidade que devemos andar. Devemos exercer a hospitalidade até para com os desconhecidos. Há a hospitalidade entre conhecidos, e há a hospitalidade para com os desconhecidos. Esta era um prática judaica. Um exemplo disto se encontra em Juízes 19.13-21(v.17) e outro em Gênesis 19.1-3(v.1).
Queridos, esta sempre foi a nossa característica, nosso DNA: o amor e o cuidado para com todos e para com uns aos outros! Não devemos perder esta simplicidade que é devida a Cristo, 2 Coríntios 11.3.
Desenvolvendo a Unidade na Comunhão, no estar juntos.
Jorge Himitian, em seu livro Jesus Cristo é o Senhor, nos relata como devemos desenvolver esta unidade na comunhão, no estar juntos:
JESUS CRISTO É O SENHOR DE MEU TEMPO
“Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos por meio dos apóstolos. Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam, a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos”.
Dedicavam-se. Que palavra linda! A que eles se dedicavam? Em estar juntos. Se havia uma reunião de doutrina, de ensinamento, ali estavam todos. Se de oração, estavam todos. Na divisão dos pães, a Ceia do Senhor, não faltava ninguém. Parece que o lema da Igreja Primitiva era: “Toda Igreja em todas as atividades”. Por isso o texto diz: “Dedicavam-se… Perseveravam unânimes todos os dias… juntos”.
Notemos o seguinte. Havia ali 3.000 pessoas que não estavam habituadas a participar de reuniões. Em Pentecostes ou na Páscoa iam ao templo, como bons religiosos. Talvez, alguns dos mais devotos, fossem ao santuário uma vez por semana. Mas, nesse momento se produziu uma revolução em suas vidas. Experimentaram algo completamente diferente e começaram a reunir-se todos os dias. Todos os dias, nos templos e nas casas. Como conseguiam, se tinham tantas coisas para fazer? O trabalho, a casa, a horta, os negócios.
Quando alguém reconhece a Cristo como seu Senhor, o ritmo, a programação de sua vida diária, muda. Ocorre uma revolução. E foi isso o que se pode notar neles.
Quantas vezes por semana você se reúne? Alguns dizem: “Pastor, agradeça se vou no domingo.”
Tais pessoas ainda pensam que o fato de irem à igreja é um favor que estão fazendo para a Igreja ou para o pastor.
A Igreja verdadeira é aquela na qual cada membro declara e demonstra com sua vida que Jesus Cristo é o Senhor de seu tempo. Se Ele me tirasse, por minutos, o ar que respiro, meu tempo não seria mais meu. Porque, o tempo é essa sucessão de momentos que controlo com relógio e calendário. É simplesmente o desenrolar da vida. Assim, que, se Ele é Senhor de minha vida, é também Senhor de meu tempo, porque meu tempo é minha vida que vai transcorrendo aqui na Terra. Isso é o tempo. É sábio, pois, dizer a Deus: “Pai, és meu Senhor, dono de mim e de tudo o que tenho. O tempo que tenho também é Teu. Os dias que tenho são Teus. As semanas, os anos, minha vida inteira.”
(…)
Quem é o senhor de seu tempo?
(…)
Quantas vezes por semana se reunia a Igreja Primitiva? “Todos os dias… no templo e pelas casas”. “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações.” Isto é, viviam para o Reino de Deus. Viviam para uma única coisa.
Devemos preservar a unidade.
A unidade é um anseio do coração do Pai que Jesus expressou em sua oração de Jo 17, apresentando a unidade entre nós como uma forma de fazer com que o mundo creia que ele foi enviado de Deus (João 17.20-21). É como ele apresentasse a desunião com um dos sinais dos fins dos tempos: o mundo vai estar tão desunido, que a união entre os discípulos faria com que até um ateu cresse que Jesus foi enviado ao mundo. Pois, na cabeça dele, seria impossível haver unidade e amor entre as pessoas.
Temos muito mais coisas que nos unem aos nossos irmãos do que os problemas que nos separam. Devemos exercer o perdão e o suportar uns aos outros sempre, Colossenses 3. 12-14, Efésios 4.1-6.
3. Jesus Cristo com seu exemplo e suas palavras, nos ensinou a vontade do Pai.
Sua vida e conduta são ensinamentos vivos que Deus nos deu para que todos nós sejamos como Ele. Como homem, foi tentado em tudo, igual a nós, porem, jamais pecou (1 Pedro 2:21-23). Jesus Cristo é o modelo que Deus nos apresenta para que todos vivam como Ele viveu: em santidade, amor, humildade e serviço.
Percebemos que primeiro Jesus se esvaziou tornando-se homem. Depois, como homem, continuou se esvaziando. De que forma? Não fazendo nunca a sua própria vontade. O texto de Filipenses 2:8 diz: “… Se humilhou, sendo obediente até a morte…” Qual foi o pecado de Adão? Fez a sua própria vontade. Agora, Jesus, veio para fazer sempre à vontade do Pai. Ele sempre fez o que agradava ao Pai, (João 4:34 e 8:29). Por isso a escritura diz que ele não cometeu pecado. Porque ele nunca fez a sua própria vontade. O diabo tentou a Jesus desde o princípio para que ele fizesse a sua própria vontade, mas Jesus permaneceu obediente ao Pai até a morte e morte de cruz, Hebreus 4:15, 7:26; 1 João 3:5.
CONCLUSÃO
Para concluir, gostaria que lêssemos mais um trecho do livro “O Discípulo” do Juan Carlos Ortiz:
Amor Unificador
“Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e ainda o farei conhecer, afim de que o amor com que me amaste esteja neles e eu neles esteja”. (João 17.26.)
O terceiro grau de amor vai além do velho e do novo mandamentos. É o amor da Trindade.
Será que podemos imaginar como é o amor que liga as pessoas da Trindade? Como será que o Pai ama o Filho? Como será que o Filho ama o Pai? Como é que o Espírito Santo ama o Filho? E como é que o Espírito Santo ama o Pai? Como o Pai ama o Espírito? Como o Filho ama o Espírito? Que coisa grandiosa!
É o amor eterno. Um amor para pessoas maduras. Este grau de amor é sólido e nunca admite um desacordo. No Velho Testamento, vemos como o Pai realizou prodígios e milagres, ressuscitou mortos, curou enfermos. Depois, o Filho veio à terra e fez as mesmas coisas. O Pai não sentiu inveja. Ele disse até que estava muito satisfeito. (Mt 17.5.)
Depois, o Espírito Santo veio e começou a operar as mesmas coisas. Ainda assim, havia uma perfeita unidade neles. O amor deles é tão maduro que nada os ofende.
O amor do tipo da Trindade é o que faz com que três sejam um. Dois mais amor eterno, igual a um. Três mais amor eterno, igual a um. Quatro mais amor eterno, igual a um.
E cem cristãos mais amor eterno, igual a um. Com qualquer número dá o mesmo resultado.
Jesus orou a Deus pedindo que este mesmo grau de amor “esteja neles” — referindo-se a nós.
Quando eu era garoto, certo domingo na escola dominical, o professor ensinou uma lição sobre como nós estamos em Cristo. Compreendi muito bem.
Mas depois, no domingo seguinte, ele falou sobre Cristo em nós. Objetei. “O senhor deve estar enganado. Se nós estamos em Cristo, como é que Cristo pode estar em nós? Se uma coisa contém a outra, o menor não pode conter o maior, ao mesmo tempo.”
Mas agora tudo está claro. Se eu estou no coração de meu irmão e ele está no meu coração, nós estamos um no outro. Somos um pelo amor.
(…)
Contudo, Deus está-nos reagrupando. Ele já começou a unificar-nos. Todavia, ele não nos agrupa segundo nossas categorias. Ele tem apenas dois grupos: os que amam uns aos outros e os que não amam.
Portanto, se me perguntarem: “Irmão Ortiz, de que grupo é o irmão?”, responderei: “Sou do grupo dos que amam uns aos outros.” (…)
Mas ouçam — Deus não está apenas reagrupando seu povo. Ele está unificando-o. Desejo ilustrar isto falando sobre as batatas. Cada pé de batata de uma horta tem três, quatro ou cinco batatas no solo. Cada batata em si pertence a uma planta ou a outra.
Por ocasião da colheita, todas as batatas são arrancadas e colocadas num saco. Dessa forma elas ficam agrupadas. Mas ainda não estão perfeitamente unidas. Elas podem dizer: “Graças a Deus! Agora estamos todas no mesmo saco.” Mas ainda não são uma só massa.
Depois, elas são lavadas e descascadas. E aí pensam que agora estão mais unidas. “Como é belo este amor que nos une!” dizem elas.
Mas o processo ainda não terminou. Elas têm que ser cortadas em pedaços, os quais serão misturados. A esta altura, elas já perderam bastante de sua individualidade, e pensam que já estão como o Mestre deseja.
Mas a união que Deus realmente quer é a do “purê” de batatas, onde haverá não muitas batatas, mas uma única massa de batatas. Pois nesse caso, nenhuma batata pode erguer a cabeça e dizer: “Ei, aqui estou. Eu sou uma batata.” O pronome que ela tem que usar é nós. É por isso que o Pai Nosso se inicia com esta expressão: “Pai nosso que estás no céu…” e não: “Meu Pai que estás no céu…”
Com toda a reverência, quero dizer que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três batatas que se tornaram um purê. E Jesus deseja mais destes purês. E vai conseguir. Ele está realizando uma obra profunda em sua Igreja.
(…)
Em todas as nossas conversas sobre o amor, lembremos de suas duas dimensões: a mística e a pragmática. A mística diz: “Ah, irmão, eu sinto um grande amor por você.” A pragmática fala: “De quanto é que o irmão precisa?”
Há pouco tempo atrás, assisti a uma reunião em Córdoba, na Argentina, onde ia se realizar a Ceia do Senhor. Os dirigentes disseram: “Hoje não teremos pregação. Vamos empregar estes momentos na celebração da Ceia do Senhor. Compramos dez quilos de pão, pois a Bíblia não define o tamanho do pedaço de pão que deve ser utilizado na Ceia. Por isso, dividiremos todos em grupos de quatro pessoas, e daremos a cada grupo um pão, para que o dividam entre si como desejarem.”
Ficamos naquele salão comendo pão por mais de uma hora. Nós nos abraçamos e choramos, e daí a pouco vimos dinheiro passando de um lado para outro, e os problemas financeiros mais imediatos de alguns irmãos foram resolvidos pelo amor, durante a Ceia do Senhor.
Amar é um mandamento. O amor é o oxigênio do Reino de Deus. O amor é vida.
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