Alguns tem “alergia” a tudo que é método, uns por ter uma concepção muito idealista e fantástica dos carismas, outros por não querer se submeter a certa disciplina sua maneira de ser desordenada e pouco diligente, e outros pela combinação de ambas as coisas. Na realidade, “método” significa maneira determinada de fazer as coisas. Todos temos formas acostumadas de fazer as coisas.
Índice Geral:
O Ministério Didático da Igreja
O Que Ensinar? – Enfoque conceitual
O Que Ensinar? – Enfoque prático
Como Ensinar?
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Alguns tem “alergia” a tudo que é método, uns por ter uma concepção muito idealista e fantástica dos carismas, outros por não querer se submeter a certa disciplina sua maneira de ser desordenada e pouco diligente, e outros pela combinação de ambas as coisas. Na realidade, “método” significa maneira determinada de fazer as coisas. Todos temos formas acostumadas de fazer as coisas.
Devemos julgar os métodos com base na eficácia que tem de atingir os objetivos propostos. Qualquer método há de ser um meio para atingir um fim, por isso devemos buscar o mais eficaz e mais apropriado para alcançar os objetivos. Não façamos do método um fim em si mesmo. Não o perpetuemos quando não é eficaz, nem sacralizemos nossos costumes ou tradições, tenhamos liberdade para descartá-las quando acharmos outra maneira mais eficaz de fazer as coisas. O melhor método é aquele que é o mais efetivo e mais apropriado para alcançar os objetivos.
Os três objetivos que devemos ter ao ensinar a Palavra de Deus
Todo discípulo é ensinado na Palavra de Deus visando estes três objetivos:
- Primeiro objetivo : CONHECER ( que conheçam bem a Palavra )
- Segundo objetivo : VIVER ( que vivam a Palavra )
- Terceiro objetivo : ENSINAR ( que sejam idôneos para ensinar a outros )
Seguiremos esta ordem ao considerar os métodos que devemos empregar em nosso ensino.
Primeiro objetivo : QUE CONHEÇAM A PALAVRA
João 8:32 e Colossenses 1:9
Diferentes métodos de ensino para alcançar estes objetivos:
1) Discurso: Isto é o que mais se tem feito. Suas vantagens são que: inspira, infunde fé, causa impacto. Desvantagens: cria ouvidores esquecidos. É o método mais ineficaz se queremos que aprendam bem a palavra. Quem se recorda o conteúdo da grande mensagem que foi pregada a três meses atrás?
2) Discurso com ouvintes que tomam nota: Este é um pouco melhor. Mas nem todos podem tomar boas notas, nem tampouco podem anotar tudo.
3) Discurso com notas escritas para os assistentes: A vantagem é obvia. A desvantagem é que muitos arquivam sem estudar o material.
4) Discurso com ajudas visuais: retém-se muito mais (gráficos, planilhas, projeções, etc).
5) A catequese: significa repetir a viva voz (derivado de catequesis). Se designa assim o método peculiar que os apóstolos e os primitivos propagadores do evangelho usavam, para ensinar oralmente a doutrina de Cristo, fazendo repetir a viva voz, servindo-se principalmente da memória. O método se remonta às escolas rabínicas nas quais o discípulo aprendia memorizando o ensino recebido, repetindo as mesmas palavras do mestre, frase por frase. É o método que a igreja usou durante séculos. Ver Lucas 1:4 ; Gálatas 6:6 ; Atos 18:25. Com esse método se pode aprender as partes principais, versículos chaves, sínteses, etc.
6) Cânticos: Martin Lutero disse: “A fé que não canta morre”. Hoje o povo de Deus sabe de memória muitas partes da palavra de Deus. Que bom se pudéssemos cantar todo o kerigma e a didaké! O Canto faz mais fácil a memorização e agrega unção e fé.
7) Apostilas, livros, cassetes: graças a Deus pela imprensa e pela eletrônica. Saibamos usar bem estes meios. Os livros recomendados devem ser não apenas lidos mas estudados.
8) Estudos guiados em grupos: comentários, perguntas e respostas. Criam uma boa dinâmica de grupo com a participação de todos.
9) Responder as perguntas dos discípulos: Jesus utilizou muito esta forma de ensino. “Que farei para herdar a vida eterna?”, “Qual o maior mandamento?”, “Por que teus discípulos não jejuam?”, “É lícito repudiar a mulher por qualquer causa?”, etc. O valor principal de tudo isso é que “se vá direto ao ponto”.
10) Dramatização: certos profetas comunicavam a mensagem desta forma : Atos 21:10-11 ; Jeremias 13:1-11.
11) Exame escrito: todo o grupo responde certas perguntas por escrito ou faz um resumo sobre o assunto ensinado. É uma maneira muito boa de conseguir que estudem a fundo o ensino e de saber o que é que ainda não aprenderam bem.
12) Exame oral: ao perguntar a cada um no grupo, as resposta e esclarecimentos criam uma boa dinâmica.
Não é questão de escolher uma maneira e descartar as outras, e sim utilizar todas e cada uma segundo a circunstâncias e necessidades. O importante é atingir o primeiro objetivo: que conheçam bem a palavra ensinada. Mas se nos limitarmos a dar discursos do púlpito, nunca chegaremos lá.
A aprendizagem da Palavra de Deus, dentro deste primeiro objetivo tem dois aspectos. Um é o conhecimento intelectual = informação. O outro é o conhecimento espiritual = revelação. Nunca deve limitar-se ao primeiro aspecto. Mediante a oração, a meditação, a fé na ação do Espírito, deve-se procurar a revelação. Pois somente assim se pode chegar ao verdadeiro conhecimento (João 14:26; 16:13).
Segundo objetivo : QUE VIVAM A PALAVRA
Mateus 7:24-27; Tiago 1:22-25; Lucas 6:46; Mateus 28:20
Um discípulos é uma pessoa comprometida com Jesus Cristo, a quem reconhece como Senhor. É uma pessoa disposta a ser ensinada, é um aprendiz, um aluno, alguém que te avidez por aprender, não meramente para saber, mas para ser. Não é alguém que quer aprender coisas novas por curiosidade, mas sim que quer conhecer a vontade de Deus para obedecê-lo. A conversão produziu nele uma atitude tal que recebe com submissão o ensino, imita o exemplo dos que o precedem, suporta a correção, se sujeita ao conselho e aspira progredir.
1) Ensinamos com exemplo: 1 Timóteo 4:12. É essencial que o discípulo conheça aquele que lhe ensina: sua vida em família, sua conduta profissional, sua forma de tratar conversar com seus semelhantes, sua atitude ante ao dinheiro, etc. (é neste ponto que podemos arruinar ou edificar o discípulo). Na verdade, com o bom exemplo, atingimos a maior parte de nosso segundo objetivo.
2) Devemos conhecer a vida do discípulo: Se só nos encontramos com os discípulos em reuniões formais nunca poderemos conhecê-lo. É necessário estar juntos, ir a sua casa, conversar com a família, escutar suas confissões e problemas, conhecer seu orçamento, sua forma de vida, seus pensamentos, sua atitude frente ao trabalho, ao dinheiro, ao sexo, etc.
3) Instruímos especificamente: Ao conhecê-lo, traduzimos o ensino geral em uma instrução específica a sua situação e necessidade. Por exemplo, a um pode dizer: “deves trabalhar mais”, e a outro “deves trabalhar menos”.
4) Corrigimos o deficiente: No que diz, pensa, sente e atua. Também supervisionamos para ver se foi corrigido. Se faz evidente a importância de se conhecer o discípulo de perto.
5) Admoestamos, repreendemos, disciplinamos: Nunca devemos admoestar se antes não tivermos ensinado sobre o assunto. Se sabe e não faz, o admoestamos; se persiste, repreendemos. Se é mais grave, disciplinamos. ( 2 Timóteo 4:2 ; Tito 2;15 )
6) Alentamos, infundimos fé: Isto é fundamental e deve ser a tônica que sobressai em nossa relação com os discípulos. Tenhamos sempre presente que estamos em luta contra “o desalentador”, que com suas mentiras quer destruir. Devemos infundir fé mediante a proclamação da verdade, animando, estimulando, reconhecendo os progressos. Exortar significa alentar. (1 Coríntios 14:3; Colossenses 3:16; 1 Tessalonicenses 5:14)
É importante destacar que este segundo objetivo não se pode atingir meramente dando lições; é necessária uma relação vital com os discípulos. O discipulado não é um sistema, senão uma relação vivencial e pessoal como é a paternidade. Um pastor pode pregar a centenas cada domingo, mas não pode formar senão a uns poucos discípulos. Para formar a outros tem que darse a si mesmo. Esta é uma obra muito absorvente, intensa e comprometedora; requer responsabilidade e dedicação.
Para tudo isto é necessário que exista um ambiente de confiança, amor, fé, muita paciência, humildade, amizade, sujeição e autoridade.
Terceiro objetivo : QUE ENSINEM A PALAVRA
Mateus 28:19-20 ; 2Timóteo 2:2 ; Hebreus 5:12 ; Atos 8:4
Esta é a dinâmica do crescimento contínuo e é essencial que alcancemos este terceiro objetivo. Jesus ensinou aos doze e encarregou-lhes de ensinar a todas as nações. Paulo ensinou a Timóteo para que este por sua vez ensinasse a homens fiéis que ensinassem a outros. Segundo a passagem de Hebreus 5:12, o normal é que os que são ensinados na palavra cheguem a ser mestres.
Deve-se instruir a cada novo convertido, fazendo-o ver que é um obreiro do Senhor, por isso é necessário capacitá-lo e ensina-lo de tal modo que ele possa pregar com clareza o evangelho do reino, guiar os pecadores a conversão e dedicar-se logo a sua edificação e formação. Logicamente, nem todos tem a mesma medida de graça, mas cada um segundo seu nível e fé poderá fazê-lo.
1) Para ensinar a outro é essencial que o discipulador conheça bem a palavra e que a viva: A igreja se estanca em seu desenvolvimento quando os discípulos se limitam a viver a palavra sem ensinar a outros (se é que tal coisa possa existir). A igreja se destroi se os discípulos conhecem a palavra, e sem vivê-la, ensinam a outros. Portanto, podemos atingir este terceiro objetivo somente se atingirmos os dois anteriores.
2) Levar algumas vezes os discípulos conosco quando fazemos a obra: Seja evangelizando ou edificando, para que aprendam na prática como se faz (Jesus fez isso com seus discípulos).
3) Animar os discípulos a cuidar de novos discípulos e contatos que tenham, uma vez que hajam alcançado certo crescimento básico.
4) Instruí-los no que devem ensinar e como devem tratar seus discípulos. Na verdade eles discipularão a outros da mesma maneira que foram discipulados.
5) Supervisionar a obra que fazem, escutando suas informações e inicialmente estando perto das pessoas que eles estão ensinando.
6) Delegar responsabilidades, e na medida que crescem, dar-lhes certa liberdade para que façam a obra a seu próprio estilo e graça. Dar-lhes campo para que ensaiem, provem, se equivoquem, perguntem, se corrijam, e assim aprendam experimentalmente.
7) Orar sempre pelos discípulos, suas famílias e suas obras: Ser uma verdadeira cobertura espiritual sobre eles. Seguir sempre instruindo sobre a pratica e desenvolvimento da obra. Orientá-los e animá-los a crescer em estatura espiritual. Reconhecer sua graça e seu dom e promovê-los a funções de maior responsabilidade.
Conclusão
1) A igreja primitiva não tinha seminários, pois a igreja era o “seminário” e cada crente era considerado um “seminarista”. Os obreiros não se formavam na frieza de uma aula acadêmica senão no contexto normal de sua vida e seus relacionamentos. O ensinadores eram homens experimentados em pescar homens, formar obreiros e edificar comunidades. Los pastores no recebiam. Os pastores eram recebidos de fora, mas eram reconhecidos pela ascendência que haviam adquirido, por sua maturidade e pelo fruto de seu ministério. Os pastores surgiam no meio da comunidade.
2) Se nós pastores nos dedicarmos intensamente a estes três objetivos apresentados, estaremos criando o ambiente e a dinâmica para o surgimento de novos obreiros, estaremos aperfeiçoando os santos para a obra do ministério. Fazer bem esta obra significa lançar as bases para a formação de novos pastores e ministérios.
3) É necessária uma estrutura de funcionamento apropriada a esta maneira de ensinar. Por exemplo:
- Os pastores formam um presbitério plural sobra a congregação.
- A congregação está integrada por diferentes núcleos em grupos familiares.
- Cada pastor tem debaixo de sua responsabilidade líderes dos grupos dos lares, que são seus discípulos. A função principal dos pastores é a formação dos líderes, ainda que na etapa inicial eles tenha seu próprio grupo no lar.
- Os pastores supervisionam os grupos liderados por seus discípulos para orientar, corrigir e impulsionar a obra.
- Cada líder é responsável por seu grupo, que preferencialmente funciona em sua casa.
- O líder se rodeia de vários colaboradores (eus discípulos mais maduros) e junto com eles se responsabiliza por discipular os demais membros do grupo.
- Cada discípulo é atendido por alguém que assume a responsabilidade de velar e edificar, ensinando-lhe a palavra para que a CONHEÇA, a VIVA, e a ENSINE a outros.
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