Não é possível ter uma boa relação com Deus sem ter uma boa relação com os irmãos. João 4.20. Consideremos algumas coisas:
O AMOR
Há diversos aspectos de amor, ou seja, o amor de Deus, o amor a Deus, o amor ao próximo, o amor entre esposo e esposa, o amor ao inimigo, etc. . Mas o tema que nos interessa, o que estamos estudando é o amor fraternal, isto é, o amor entre irmãos. Jesus disse que o que sobressairia na comunidade dos discípulos seria o amor entre si, “nisto conhecerão que sois meus discípulos se tiveres amor uns pelos outros” (João 13:55). Este é o mandamento principal e fundamental entre irmãos. O contrário do amor não é necessariamente o ódio, mas o egoísmo que leva ao individualismo. O egoísmo se manifesta por um cuidado excessivo por mim mesmo e desinteresse pelos demais. Nota-se isto quando todos os afetos e esforços convergem para si mesmo. Por outro lado, amar é dar-se, entregar-se, o que nos leva a vida comunitária.
O QUE AMA ESTÁ CUMPRINDO A LEI
Quando perguntaram a Jesus (Mateus 22:36-40). “Mestre, qual é o grande mandamento da lei?”. Jesus respondeu, resumindo todos os mandamentos em somente dois: amar a Deus e amar ao próximo. O fato é que os dez mandamentos se dividem da seguinte maneira: os primeiros quatro se conferem a deveres para com Deus e os seis restantes dizem respeitos aos meus semelhantes. Em relação a Deus, o mais importante é amar-lhe com todo o meu ser, e em relação ao nosso próximo o mandamento maior é também AMAR-LHES. Não é que os demais mandamentos não são importantes, mas se verdadeiramente amo meu próximo não furtarei, não o desonrarei, não lhe mentirei, não cobiçarei, não lhe matarei, não adulterarei, etc.
Paulo declara: Porque toda a lei se cumpre nesta palavra: Amarás a teu próximo como a ti mesmo (Gálatas 5:14,15). Também diz: O que ama ao próximo tem cumprido a lei (Romanos 13:8-10). Como também o que ama a seu próximo, não só evitará fazer-lhe mal, mas principalmente far-lhe-á o bem. Deste conceito surgiu o dito de Santo Agostinho: ame a teu irmão e faze o que quiseres.
O MANDAMENTO NOVO E PRINCIPAL QUE JESUS ENSINOU
Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros como vos tenho amado, assim amai uns aos outros (João 13:34; 15:12,17; I João 2:7-10; 3:23).
Por que este é um mandamento novo? Moisés já havia dito: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (Levítico 19:18). O novo do mandamento de Jesus consiste em que nos amemos COMO ELE NOS AMOU.
Jesus é a encarnação do amor. Nunca ninguém pode dizer: “Ame assim como eu lhe amo”. Jesus é a medida e expressão concreta, prática e visível do amor. Seus discípulos puderam apreciar o amor em uma dimensão prática e não em definições teóricas. Jesus nos atinge e transforma a vida com este mandamento: DEVEMOS AMAR NOSSOS IRMÃOS COMO JESUS NOS AMOU. Podemos dizer: da mesma maneira, com o mesmo interesse, com a mesma força, com a mesma plenitude, com o mesmo espírito, com as mesmas implicações, com o mesmo compromisso (João 3:16 e I João 3:16)., recordemos que o propósito de Deus é que sejamos iguais a Jesus em tudo.
O rasgo principal e que sobressai na vida e caráter de Jesus é o seu amor para conosco. É um mandamento: o que se faz com um mandamento? Simplesmente se obedece. Cristo não apela a nossos sentimentos, mas a nossa vontade. Se o amor ao meu irmão se baseasse nos meus sentimentos seria um amor débil e flutuante. Determino amar a meu irmão em obediência ao Senhor; é um mandamento e eu obedeço; na obediência rompe-se o poder que já estava dentro de mim pelo Espírito. Depois os sentimentos seguirão a minha ação. Na obediência com fé se desata a benção de Deus. (Tiago 1:26,27 / Mateus 5:21-22 / Romanos 12:10 / Colossenses 3:14/ I Tessalonicenses 4:9 / I Pedro 2:17 ; 3:8 / Hebreus 13:1 / II João 5,6 / I Tessalonicenses 5:12-22).
AQUELE QUE NÃO AMA A SEU IRMÃO PERMANECE EM TREVAS E MORTE
O amor a nosso irmão é a prova de nossa permanência em Cristo. É o teste que demonstra se estamos na vida do Senhor ou em trevas. A primeira epístola de João é muito clara e objetiva neste respeito:
Leiamos com cuidado I João:
2:9-11 “o que aborrece a seu irmão está em trevas”
3:10,11 “o que não ama a seu irmão não é de Deus”
3:14 “o que não ama a seu irmão permanece na morte”
3:15 “todo aquele que aborrece a seu irmão é homicida”
4:7,8 “todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus”
4:12 “se nos amamos uns aos outros, Deus permanece em nós”
4:20,21 “se alguém diz: “amo a meu irmão e o aborrece, é mentiroso”.
É impossível seguir a Cristo e não amar a seu irmão, a qualquer irmão, a todos os irmãos.
O AMOR É A ÚNICA MOTIVAÇÃO LEGÍTIMA PARA A PRÁTICA DA VIDA CRISTÃ
Se tivesse todos os dons e a maior consagração e sacrifício e não tenho amor, nada sou e isso de nada serve (I Coríntios 13:1-3). Isto é: o verdadeiro e genuíno amor deve ser nossa mais íntima motivação em cada coisa, em cada ação. Deus não nos mede pelas ações exteriores, nem pela operação dos dons, ele não olha unicamente para a intensidade de nossos esforços e sacrifícios pelos irmãos, mais ele olha os nossos corações para ver se o que nos move em nossas ações é o amor de Deus. Os serviços e ações mais sagrados como orar, jejuar, dar esmolas, pregar, profetizar, etc., podem vir de motivações impuras tais como ostentação, vanglória, disputas etc. . Se a profunda intenção do coração não é AMOR, o que faço não tem valor, é vaidade.
Muitas vezes é normal ter uma mistura de motivações, é por isso que precisamos freqüentemente da operação da cruz em nosso homem interior para que, despojados de toda intenção natural, estejamos imbuídos e motivados pela vida de Cristo em nós e o amor de Cristo governe nossas ações. A operação da cruz deve preceder, acompanhar e penetrar nossas intenções em cada coisa que fazemos (I Coríntios 13:4-7).
O AMOR É FRUTO DO ESPÍRITO
O IMPOSSÍVEL TORNOU-SE POSSÍVEL
Recordemos que o novo mandamento de Jesus é: “Que vos ameis uns aos outros COMO EU VOS AMEI”. Esta é a pergunta chave: Quem de nós pode amar a seu irmão como Jesus nos amou? Este é um mandamento humanamente impossível, pois somos por natureza egoístas, amamo-nos a nós mesmos demasiadamente.
Cristo é a encarnação do amor. Ele trouxe o verdadeiro amor ao mundo. Aqui está um homem que habitou entre os homens sem a herança adâmica pecaminosa, mas o próprio Deus feito homem, e Deus é amor. O amor de Deus habitava em Sua plenitude, em um homem: Jesus.
Ele havendo demonstrado o que é o amor com sua vida e obra, finalmente se fez um com o nosso pecado (II Coríntios 5:21). E, quando morreu na cruz o fez matando nosso velho homem. Uma nova criação emergiu no dia da ressurreição para dar essa vida nova a muitos e dar assim aos homens a possibilidade de vencer, pela fé essa herança adâmica. O Espírito Santo veio para comunicar-nos a vida de Cristo, para formar Jesus em nós com toda a sua capacidade de amar. É por isso que Paulo diz em (Cl 5:22-23): “Mas o fruto do espírito é AMOR, gozo, paz, paciência, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança; contra tais coisas não existe lei”. O Espírito nos deu a capacidade de amar. Aleluia. De amar como a Jesus. Deu-nos o próprio Jesus. Notemos que amor aparece encabeçando a lista e, ainda em outras passagens englobando todas as demais coisas. A manifestação fundamental do Espírito em nós é o AMOR.
PODEMOS AMAR COMO JESUS AMOU
Quando Cristo manda que amemos como Ele amou, está pedindo algo impossível de conseguir por nós mesmos, mas Paulo nos diz que o que era impossível por causa da nossa debilidade Deus fez possível o cumprimento pelo Espírito. A lei do Espírito de vida em Cristo me livrou da lei pelo pecado do egoísmo. Agora tenho em mim uma nova força, a vida de Cristo. Tenho a capacidade de amar como Jesus amou, porque estou livre da lei do pecado, porque morri para ela, agora não vivo eu, mas Cristo vive em mim (Gálatas 2:20). Já não sou eu quem tenta amar, é Cristo quem ama em mim. A lei do Espírito de vida me livrou da lei do egoísmo e enche-me com uma nova lei: a lei do amor. O amor não é uma nova lei, mas uma graça (capacitação), uma dádiva. Sim, é um mandamento porque revela a vontade de Deus, mas é uma graça porque é fruto do Espírito.
SEUS MANDAMENTOS NÃO SÃO PENOSOS
Satanás, primeiro quer fazer crer que é impossível amar como Jesus, de qualquer maneira, e uma vez que somos libertos dessa mentira pela verdade de Deus, faz-nos crer que se bem que possível, é muito difícil amar como Jesus amou. A palavra nos declara: “Seus mandamentos não são penosos”. (I João 5:3). Justamente esta epístola onde mais se fala de amor ao irmão, até dar a vida ao irmão, é onde se fala que os seus mandamentos não são penosos. Seu jugo é fácil porque Ele não só ordena, mas ajuda a cumpri-lo. Não só nos mostra a Sua vontade, mas nos capacita a fazê-la.
O AMOR DE DEUS foi derramado em nossos corações pelo Espírito que nos foi dado (Romanos 5:5 / II Timóteo 1:7 / Filipenses 4:13). Ele nos capacitou com o amor de Deus, não com o nosso para amar como Jesus.
ESTE AMOR FLUI DE UM CORAÇÃO SINCERO E PURIFICADO
Como amor é fruto do Espírito Santo se o meu coração não está limpo, o espírito não flui e portanto o amor não flui também. Em (I Timóteo 1:5) Paulo fala do “amor fraternal não fingido”.
Quando nosso coração não está bem com Deus é muito comum praticar o amor fingido, exteriorizações sem vida nem realidade. “As Relações Públicas” tem muito disso. Confessemos todo pecado, rejeitemos as obras da carne, vivamos no Espírito para que o Seu amor flua em nós livremente.
O AMOR DEVE ENVOLVER E ABUNDAR CADA VEZ MAIS EM NÓS
(Filipenses 1:9 / I Tessalonicenses 3:12 ; 4:9-10). Tudo o que tem vida cresce e se desenvolve. O amor a vida de Cristo em nós tem que crescer. A medida que conhecemos a verdade de Deus e à medida em que conhecemos os nossos irmãos e sua necessidades, iremos crescendo em amor.
Também iremos desenvolvendo maneiras práticas de amar. Pela renovação de nosso entendimento, iremos sendo transformados até o fim; nosso caráter, nossa conduta, nosso estilo de vida, nossas aspirações, a administração de nossos bens e talentos; tudo irá se modificando para chegar a ser autêntica demonstração do AMOR DE DEUS derramado em nossos corações. Que toda a nossa vida possa resumir-se dizendo que temos disposto toda ela em favor de nossos irmãos. Como Cristo.
APLICAÇÃO PRATICA
A aplicação prática deste tema é serviço.
O estar juntos é a forma que Deus nos dá de praticar o amor servindo uns aos outros. Portanto, os dois próximos temas estão intimamente ligados a este:
AMOR → ESTAR JUNTOS → SERVIÇO
No grego do N.T. o gráfico aparece assim:
AGAPE → KOINONIA → DIAKONIA
O ESTAR JUNTOS.
O estar juntos é necessário para conhecermos e servirmos uns aos outros.
- Devemos nos encontrar todos juntos (Atos 5.12).
- Devemos nos encontrar em grupos pequenos nas casas (Atos 5.42; Romanos 16.5).
- Devemos nos encontrar com os irmãos com quem estamos relacionados (discipuladores, companheiros) – Mateus 18.20.
- 3. O SERVIÇO.
O SERVIÇO É A CONCRETIZAÇÃO DO AMOR
a) É o amor em ação (Gálatas 5.13; I João 3.17-18).
b) Jesus é nosso modelo (Marcos 10.45; João 13.13-15).
DEVEMOS SERVIR
a) Aos de nossa casa (I Timóteo 5.8);
b) Aos da família da fé (Gálatas 6.10);
c) A todo o próximo (Gálatas 6.10);
d) Aos inimigos (Romanos 12.20).
COM QUE SERVIR
a) Com nossa casa: hospitalidade (I Pedro 4.9; Romanos 12.13);
b) Com os bens e dinheiro (Tiago 2.15-16);
c) Com nossa energia, capacidade física e habilidades (Tito 3.1);
d) Com amizade, companheirismo e amabilidade (Romanos 12.15);
e) Com oração, edificação, etc (Tiago 5.16; Colossenses 3.16).
AUTORIDADE E SUBMISSÃO.
A IGREJA É UMA CASA DE OBEDIÊNCIA.
O reino de Deus põe fim a nossa independência e nosso individualismo. Na igreja não há democracia, mas teocracia. Democracia é o governo do povo, pelo povo, e para o povo; mas a igreja não é do povo, é de Deus. Portanto, na igreja temos uma teocracia: ‘governo de Deus’ Romanos 11.36.
No pecado nós éramos rebeldes a Deus (independentes de Deus) Efésios 2.3, e éramos individualistas (independentes dos homens) Judas 8; mas, agora, batizados em Cristo Jesus, estamos debaixo da autoridade e do governo de Deus – I Pedro 3.15.
DEVEMOS NOS SUBMETER
a) Aos pastores e presbíteros (I Tessalonicenses 5.12-13; Hebreus 13.17);
b) Aos demais líderes e discipuladores (I Coríntios 16.16);
c) Nas juntas de companheirismo (Efésios 5.21).
COMO SUBMETER-SE
a) Procurando ajuda e conselho nas juntas de companheirismo;
b) Procurando ajuda e conselho no discipulador, líder ou pastor; acatando conselhos e orientações;
c) Me sujeitando a correções e admoestações; sendo tratável e maleável;
d) Confessando os pecados.
SOLUCIONANDO CONFLITOS
QUANDO PECAMOS E OFENDEMOS UM IRMÃO.
Ao saber que um irmão está ofendido devemos procurá-lo (Mateus 5.23-24).
QUANDO ALGUM IRMÃO PECA (Lucas 19.16-18)
NÃO DEVEMOS
a) Contar a outros: isto é mexerico (v. 16);
b) Calar e ficar aborrecidos (v.17);
c) Guardar rancor e ressentimento (v.18);
d) Agir sem ouvi-lo primeiro;
e) Julgá-lo (isto é, condená-lo – Mateus 7.1-2).
MAS DEVEMOS
a) repreendê-lo (v.17);
b) corrigir com brandura (Gálatas 6.1)
c) orar por ele (1Jo 5.16).
QUANDO ALGUM IRMÃO PECA CONTRA NÓS
(Mateus 18.15-17; Mateus 18.21-22).
a) Como no caso anterior, não devo calar, nem guardar rancor, nem contar a outros, mas: argüi-lo e repreende-lo a sós (v.15);
b) Se ele não aceitar devo procurar a ajuda de um ou dois irmãos (v.16);
c) Se ainda não aceitar, devo deixar o caso com a igreja (v.17). Mas o importante é manter o perdão (v.21.22) (Efésios 4.32).
Seja o primeiro a comentar!