O que é “enfermidade”
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948, definiu, numa forma bem simples, que saúde é “um estado de completo bem estar físico, mental e social”. Enfermidade, assim, é a “ausência de saúde”, uma situação anormal em partes ou sistemas do organismo humano. A Constituição Federal de nosso país estabelece que todos os cidadãos têm direito à saúde; promover, pois, a saúde da população é um dever do Estado. Acrescentaríamos, também, que promover a saúde é um ministério da igreja, instituído pelo Senhor Jesus Cristo – “Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para efetuarem curas. Também os enviou a pregar o reino de Deus e a curar os enfermos” (Lucas 9:1,2). O texto paralelo a esse, em Mateus, é ainda mais abrangente, especificando: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10:8). Assim, o assunto da saúde é próprio para a igreja nele investir.
A bíblia e as enfermidades
A Bíblia não encara a enfermidade da mesma forma como a ciência médica a considera. Enquanto a ciência se volta inteiramente para o corpo material, a igreja compreende que a enfermidade, em grande parte, está associada, também, a realidades espirituais. A Bíblia não procura explicar a natureza das enfermidades, suas origens, sua evolução ou seu tratamento. Categoricamente, ela vê a enfermidade de uma forma completamente diferente. A enfermidade é vista como: o fruto do pecado humano – é o “salário do pecado”; o resultado da ação de forças espirituais satânicas; uma repreensão que vem de Deus, ou conseqüência de debilidades físicas da pessoa e do envelhecimento natural do organismo, ou sua degeneração.
A Bíblia, normalmente, enfatiza a cura das enfermidades como resultante da manifestação direta do poder curador de Deus sobre o enfermo – o que, comumente, chamamos por “milagre”. Ensina, também, que, em certos casos, a libertação espiritual é um fator de cura física. Eventualmente, é citado o uso de medicamentos.
No Antigo Testamento temos muitos casos de milagres, libertações espirituais e curas de enfermidades pelo uso de medicamentos. Exemplo: Na cura do rei Ezequias, foi usado um emplasto de figos: “Ora Isaías dissera: Tome-se uma pasta de figos, e ponha-se como emplasto sobre a úlcera; e ele recuperará a saúde” (Isaías 38.21). No Novo Testamento, vemos Jesus efetuando milagres, expelindo demônios e, no caso de um homem cego, usando a sua própria saliva misturada ao pó, fazendo o barro para lhe restaurar a visão (João 9:1ss).
A Bíblia encara a enfermidade como o resultado bem característico do pecado. Pecado é o afastamento do homem dos propósitos e das leis que Deus estabeleceu para o viver humano. É tudo aquilo que põe em perigo a vida e o desabrochar das forças da vida É a negligência do homem em viver dentro das diretrizes que Deus estabeleceu para um viver normal. Sempre que o ser humano transgride a ordem estabelecida por Deus, em qualquer campo de seu viver espiritual, físico ou moral, ele estará pecando e, conseqüentemente, sofrerá uma punição que pode ser de ordem natural ou divina. Assim, a doença pode ser uma repreensão de Deus ao homem. Paulo nos apresenta um princípio que tem forte relação com a enfermidade: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7).
Quando, pela primeira vez, a Bíblia apresenta uma situação de juízo, dor e sofrimento, revela ser isso é a conseqüência direta da desobediência a uma ordem de Deus. “E à mulher (Deus) disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás luz filhos; o teu desejo será para teu marido, e ele te governará. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de tua mulher, e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses, maldita é a terra por tua causa: em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida” (Gênesis 3.16,17).
Em Números 12.10,11 temos, de forma bem clara, um caso de enfermidade como castigo ao pecado: “A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se leprosa, branca como neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa. Então, disse Arão a Moisés: Ai! Senhor meu, não ponhas, te rogo, sobre nós este pecado, pois loucamente procedemos, e pecamos”. Nesse caso, a lepra foi o castigo imposto à sedição de Miriã e Arão contra Moisés.
Jesus nunca se preocupou em esclarecer a origem da enfermidade nas pessoas que curava. Quando os discípulos lhe indagaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?”, Jesus simplesmente disse: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (João 9.2,3). Já ao paralítico de Cafarnaum disse: “Filho, os teus pecados estão perdoados… Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa” (Marcos 2.5,11). Jesus, ao curar enfermos, era movido pela compaixão para com eles, sem ter na cura a ênfase maior de seu ministério. Ele veio ao mundo para libertar o homem da escravidão do reino das trevas em que se encontra. Entretanto, sua compaixão o levou a curar muitos enfermos.
Em Êxodo 15.26, Deus declara ao seu povo: “Se ouvires atento à voz do Senhor teu Deus, e fizeres o que é reto diante dos seus olhos, e deres ouvido aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma enfermidade virá sobre ti, das que enviei sobre os egípcios; pois eu sou o Senhor que te sara”. Dizendo assim, Deus mostra, indiretamente, a enfermidade como um castigo aos desobedientes que não dão ouvido aos seus mandamentos e não guardam os seus estatutos. Mas, também, afirma que ele é Jeová Raphá – o Deus que sara os que lhe obedecem. Verdadeiramente, Deus é soberano sobre tudo e a sua sabedoria e amor pelo homem que criou regem todos os seus atos.
Paulo cita exemplos da história de Israel, mostrando que “Estas coisas (os castigos) lhes sobrevieram como exemplos, e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (1 Coríntios 10.11). Deus nos deu a capacidade de reflexão. Ele espera que a usemos e aprendamos com as experiências negativas que o passado nos apresenta para não incorrermos nelas. Precisamos usar essa preciosa dádiva da reflexão com respeito à nossa saúde física. Quando, em sua Palavra, Deus dá regras de saúde, ele visa o nosso bem. Obedecendo-as, seremos beneficiados. Certamente, atentos ao que Deus determina, seremos saudáveis. Aprender com as experiências dos outros e levar aos outros o que sabemos que é bom para a saúde é uma mutualidade que deve ser exercida pela igreja.
Evitando a enfermidade
Deus criou o ser humano em perfeito estado de saúde. O texto de Gênesis tem um refrão que segue à descrição de cada coisa criada: “E viu Deus que… era bom” (Gênesis 1.4,10,18,21,25). Mas, após criar o homem diz: “e eis que era muito bom” (Gênesis 1.31). Entendemos que a saúde do primeiro homem e da primeira mulher era “muito boa”. A desobediência foi que abriu o corpo humano, criado perfeito, às enfermidades. Cremos, firmemente, que a obediência às leis de Deus é a fonte de perfeita saúde física.
Trazemos conosco uma herança de fraqueza, conseqüência do pecado, que nos pode levar a enfermidades. Por isso, devemos seguir o ditado que diz: “melhor é prevenir do que remediar”. Quantas enfermidades poderiam ser evitadas se tivéssemos mais cuidado com nossa maneira de viver. Evitemos fazer o que sabemos que não trará benefícios à nossa saúde. Exemplo: Deus nos entregou períodos de trabalho e períodos de descanso, devemos usá-los de forma inteligente de modo a não termos conseqüências que venham de excessos de um ou de outro. Se nosso corpo precisa de uma alimentação adequada, por que ter uma indigestão, sabendo que o nosso organismo tem um limite de ingestão de alimento? Precisamos respeitar os limites de nosso organismo. Havendo excesso de peso, por que ser glutões? Sigamos o conselho da Palavra: “mete uma faca à tua garganta, se és homem glutão” (Provérbios 23.2). Usemos nosso conhecimento, nossa inteligência, nossa atenção para evitar tudo o que sabemos, de antemão, que vai nos prejudicar de uma ou de outra forma.
Há uma relação estabelecida, muito séria e profunda, entre santidade e saúde – sabedoria e saúde. O povo santo (separado para Deus) é abençoado, poupado, curado, pois anda nos preceitos do Senhor. O livro de Provérbios aconselha: “teme ao Senhor e aparta-te do mal; será isso saúde para o teu corpo e refrigério para os teus ossos” (3.7-8) e “Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus ensinamentos inclina os ouvidos. Não os deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-os no mais íntimo do teu coração. Porque são vida para quem os acha, e saúde para o seu corpo” (4.20-22). Verdadeiramente, a vida piedosa, obediente aos preceitos da Palavra, livrará nosso físico de muitas conseqüências más.
A cura das enfermidades
Enquanto a enfermidade, por um lado, pode ser um sinal de condenação ou maldição, a cura é um sinal da bênção e da graça de Deus. A vontade de Deus não é a morte do pecador, mas sua conversão – “Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? – diz o Senhor Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos, e viva?” (Ezequiel 18.23).
Louvemos a Deus porque as enfermidades desaparecerão no Dia do Senhor. Assim será também com a morte – ambas frutos do pecado. Mas, até chegar o grande Dia, saibamos que “Ele é quem perdoa todas as tuas iniqüidades; quem sara as tuas enfermidades; quem da cova redime a tua vida, e te coroa de graça e misericórdia; quem farta de bens a tua velhice, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia” (Salmo 103.3-5). Tal declaração é um grande apelo à nossa fé.
Jesus exerceu um ministério de cura de enfermidades intenso. Para ele afluíam muitos doentes. “Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele meramente com a palavra expeliu os espíritos, e curou todos os que estavam doentes” (Mateus 8.16). Ele os curou para acrescentar, à autoridade de sua palavra, o sinal visível do poder curador de Deus. Uma frase de Lucas indica qual era a fonte do poder que estava em Jesus: “E o poder do Senhor estava com ele para curar” (Lucas 5.17). O poder do Senhor é o Espírito Santo, que o acompanhou sempre em seu ministério. No dia de Pentecostes, Pedro, em seu sermão, disse: “Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis” (Atos 2.22). Notemos que o que Jesus fazia era sob o poder de Deus e do Espírito Santo. Assim será com todo aquele que crê e que depende, em tudo, de Deus. Isso anula qualquer pretensão humana para dizer: “eu tenho o dom de curar, curei tal pessoa; ela foi curada por minha oração”. Nada, no ministério da cura de enfermidades, vem da parte do homem. Tudo procede do poder do Alto. O homem é, apenas, o instrumento nas mãos de Deus, que é a fonte de todo poder curador. Jesus nunca exaltou sua pessoa ao curar um enfermo ou ao expelir demônios: ele sempre se colocou como um servo que realiza o propósito de Deus.
Não podemos perder de vista a relação que existe entre a redenção pelo sacrifício expiatório da cruz e a cura de enfermidades. O profeta afirmou categoricamente: “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si… e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Isaías 53.4,5). O Servo, puro e inocente, toma voluntariamente sobre si o sofrimento que deveria cair sobre o pecador. Ele levou consigo “as nossas enfermidades”. Que preciosa declaração esse texto apresenta! Há aqui um precioso ensino: Jesus, que nos beneficiou com o perdão dos nossos pecados, é o mesmo que, como servo sofredor, levou sobre si as nossas enfermidades. Foi por amor a nós que ele fez isso. Assim como nos apropriamos do perdão de pecados, pela fé na obra de Cristo, devemos, da mesma forma, nos apropriar da cura de enfermidades, pela fé em seu poder curador.
Como discípulos de Jesus, deveríamos estar gozando perfeita saúde, pois ele vive em nós. Sua presença é fonte de saúde. Entretanto, se estivermos enfermos não lhe perguntemos: “Senhor, por que eu estou enfermo?”, mas, sim, “para que estou enfermo?”, pois, muitas vezes, o Senhor tem um propósito a alcançar com nossa enfermidade. Exemplo: uma irmã foi, repentinamente, hospitalizada, estando muito mal. Sua cama era vizinha de uma senhora, também gravemente enferma, à qual a irmã teve oportunidade de ministrar o evangelho e levá-la à Cristo. Completado este trabalho, a irmã teve alta imediata. Há também situações em que Deus, para alcançar seu propósito de nos conformar, mais e mais, à imagem de seu Filho, tem a oportunidade de fazê-lo quando estamos presos a um leito. Deus visa sempre conduzir-nos a um bem maior. Ele é soberano sobre tudo. Nossa fé deve confiar no grande ensino da Palavra: “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8.28). Devemos lembrar sempre que a graça de Deus está conosco tanto na saúde como na enfermidade, tanto na fraqueza como na força.
Curar enfermos: a missão dada à igreja
A essa altura quero fazer uma declaração pessoal: Eu creio em milagres. Creio que o Deus que fez o nosso corpo é soberano sobre ele. Deus é o único que pode curar toda e qualquer enfermidade. Muitas vezes, não podemos explicar como Deus age, mas afirmo juntamente com Paulo: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Romanos 11.33-36).
O ministério de cura divina é uma parte importante do Evangelho do Reino de Deus. A história da igreja encontrada no Novo Testamento é repleta de narrativas de milagres feitos em nome de Jesus. Foi somente após a secularização da igreja, com o imperador Constantino, que a torrente de cura de enfermidades, presente nos primeiros séculos da igreja, tornou-se um fraco riacho de águas curadoras. Com a Reforma Protestante, há 500 anos, essa verdade esquecida foi, em parte, restaurada pela igreja.
Graças a Deus que o Espírito Santo se move no meio da igreja, restaurando-lhe o que ela tem olvidado. Quando Deus trouxe o avivamento entre nós, no ano de 1973, ele reavivou, também, o ministério de cura em nosso meio. Precisamos manter esse ministério em ação. A ordem de Jesus aos seus discípulos: “curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios, de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10.8) nos atinge. E com ela vem o maior apelo lançado ao exercício da fé. Diante de uma enfermidade, nossa ou do nosso próximo, temos o momento para demonstrarmos o vigor ou a fraqueza de nossa fé. Assim como a igreja primitiva clamava, nós devemos rogar: “agora, Senhor… concede aos teus servos que anunciem com intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios, por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus” (Atos 4.29,30). Notemos bem, foi, é e será por intermédio do nome (da Pessoa) de Jesus que a cura se efetua!
Jesus não detalhou a forma de como realizar o ministério de cura ou a forma da oração pela cura de enfermidades. Ele, apenas, esperava uma atitude de obediência e de fé. Obediência à sua determinação e fé em seu poder para curar. Nossa fé deve repousar no fato de que o Espírito Santo opera com poder onde e quando o Senhor determinar. Os discípulos de Jesus, que o livro de Atos dos Apóstolos apresenta, eram homens cheios do Espírito Santo e de fé. Temos o exemplo de Filipe, do qual é dito: “As multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia, ouvindo-as e vendo os sinais que ele operava. Pois os espíritos imundos de muitos possessos saíam gritando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados” (Atos 8.6,7). Pessoas cheias do Espírito Santo são as que o Senhor espera encontrar para usá-las nesse ministério. Ele deixou um desafio: “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará” (João 14.12).
Parte prática
Jesus entregou à igreja a tarefa de exercer o ministério de cura. Temos, na vida da igreja, momentos bem apropriados para efetivar esse ministério. Exemplo:
- A cura junto com a evangelização – Em reuniões onde o Evangelho do Reino é pregado, Deus une à pregação a cura de enfermidades. A oração da igreja, em Atos, era: “concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra, enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios, por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus” (Atos 4.29,30). Notemos duas coisas aqui:
(a) a igreja pede que Deus estenda a sua mão para curar. Não é o pregador quem cura, e sim, a mão de Deus;
(b) é no nome de Jesus que as curas se efetuam.
Isso é de vital importância, pois nada é do homem, tudo vem de Deus. Notemos que a cura nas campanhas de evangelização é um ministério aos não convertidos, convencendo-os da veracidade e da realidade da salvação que há em Cristo Jesus.
- A cura através do trabalho pastoral. O texto de Tiago 5.14-16 traz a instrução sobre o que se deve fazer para a cura dos irmãos enfermos: “chame os presbíteros (os líderes) da igreja” para que orem e façam a unção com azeite em nome do Senhor Jesus. Há, aqui, a indicação de elementos importantes:
a) “os presbíteros”: o plural evita que a cura seja atribuída a uma determinada pessoa, pois a cura vem do poder curador de Deus;
b) “façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo”: há aqui uma ação conjunta de oração e unção – nesse caso, unção com azeite é símbolo da ação do Espírito Santo sobre o corpo enfermo, curando-o, e sobre a alma, livrando-a do pecado (ver Marcos 6.13);
c) “(oração) em nome do Senhor”: a oração é, claramente, o centro desse texto, pois o termo é mencionado em cada um de seus versículos – destaca-se que é “a oração da fé”, pois Deus age mediante a fé em seu poder de curar. Lembremos a mulher citada em Mateus 9.21 que declarou: “Se eu apenas lhe tocar a veste, ficarei curada”. A fé pode ser a do enfermo ou da pessoa que ora, ou de ambos. Notemos que o texto afirma “em nome de Jesus” – foi com essa declaração que Pedro transmitiu cura ao coxo à porta do templo (Atos 3.6);
d) “e o Senhor o levantará”: tenhamos sempre bem claro diante de nós que é o Senhor quem levanta o enfermo;
e) “se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”: notemos o binômio – pecados e perdão. Muitas vezes as doenças começam na alma ou no espírito. Isso precisa ser reconhecido, confessado. E havendo o necessário arrependimento, a cura virá. O texto insiste: “Confessai, pois, os vossos pecados… para serdes curados”. Ao finalizar, o texto reforça o elemento “fé”, lembrando o profeta Elias, um dos grandes heróis da fé.
- A cura onde “dois de vós concordarem”. Mateus 18.19: “Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer cousa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus”. É proverbial a frase: “Na unidade há força”. Quando Jesus enviou os setenta discípulos para que o precedessem em cada cidade ou lugar onde ele estava para ir, mandou-os de “dois em dois” (Lucas 10.1). Ele sabia que “melhor é serem dois do que um” (Eclesiastes 4.9), pois um edifica, anima, fortalece o outro e juntos podem fazer o que se espera deles. Quantas curas ocorrerão quando a igreja orar com a concordância de toda a congregação, pela cura de enfermos!
Curar enfermos: uma manifestação do Espírito Santo
1 Coríntios 12.9 ensina que a um discípulo foi dado um dom “e a outro, no mesmo Espírito, dons de curar”. Paulo ensina nesse texto que o Espírito Santo distribui dons “visando a um fim proveitoso” (v. 7). O Apóstolo deseja que toda a igreja possua dons e os use para demonstrar que Jesus está presente nela, convencendo o mundo a nele crer. Ele mostra que a igreja é composta por “muitos membros” (v. 14) e que há “diversidade nos serviços” e há “diversidades nas realizações” (v. 5,6). Em outras palavras, há diferentes serviços e realizações que o Espírito entrega a diferentes irmãos, como lhe apraz.
Qualquer discípulo de Jesus pode ser usado pelo Espírito Santo com o dom de curar enfermidades do físico, da alma ou do espírito. Onde o Espírito Santo se mover haverá sempre curas. Jesus não muda, “ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre” (Hebreus 13.8). Seu poder não tem limites e ele quer nos envolver em distintos ministérios. Ele nos deu a grande e preciosa promessa: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (João 14.12,13).
Jesus nos capacita a fazer as mesmas obrar que ele fez nos dias de sua carne e outras maiores. Essa declaração, certamente, nos causa surpresa. Mas ela não nos autoriza a olharmos para nós mesmos, pois em seguida Jesus começou a falar aos discípulos sobre o Consolador que viria para habitar neles. Nós, discípulos, somos apenas o instrumento através do qual Aquele que habita em nós operará. Nós sempre seremos apenas os canais humanos através dos quais o Espírito operará. Que bela interdependência há entre nós e o Senhor nessa manifestação de curas! Nós somos o instrumento através do qual seu poder operará. Quando oramos em seu nome, atestamos que Jesus é o Curador que faz todas as coisas – e todas as curas – para que o Pai seja glorificado nele. Amém.
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