Após pregarmos o evangelho, um novo desafio se levanta que é o consolidar a vida dos novos. Alguns questionamentos se levantam em nossos corações em relação aqueles que já caminharam conosco e hoje se encontram desviados.
Creio que não haja algo tão intenso que nos leve a chorar como o pastoreio.
O exemplo de Jesus e de Paulo
Já temos aprendido sobre o que Jesus falou e como Jesus trabalhou com os seus discípulos, Atos 1:1-3. Nosso interesse está no que ele fez e ensinou.
Como Jesus trabalhou com os seus discípulos? Mesmo depois de ter ressuscitado, Ele investiu mais quarenta dias falando das coisas concernentes ao Reino de Deus. Não mudando o assunto, não se distraindo nem distraindo os discípulos. Este era o assunto de Jesus.
Em Atos 28:30-31 vemos que Paulo não perde o foco, continua trabalhando com intensidade falando sobre o Reino.
A balança da consolidação – Atos 20:18-21(20-21)
Deus me mostra através deste texto a figura de uma balança (que definia o peso e o preço a ser pago). Deus me fala da balança da consolidação: num lado da balança fica o arrependimento e do outro a fé. Esta balança precisa estar equilibrada, para que o discípulo de Jesus chegue onde Deus quer que Ele chegue. Se não for do jeito de Deus, da forma que Ele tem determinado, ninguém tem chance. Não devemos nos iludir com os discípulos, nem superestimando nem subestimando ninguém, mas mantendo os olhos no Senhor.
Disse Paulo: “Jamais deixei de anunciar todo o desígnio de Deus”, como isto foi possível? O resumo está no v. 21: anunciando sobre o arrependimento e fé.
É o que de fato temos que trabalhar com os discípulos. É um problema seríssimo quando falta uma destas características: fé sem arrependimento ou ainda arrependimento sem fé. Arrependimento sem fé produz o religioso. Fé sem arrependimento temos o hipócrita. Então esta balança precisa estar equilibrada. Então Paulo trabalhou desta maneira. Jesus deseja continuar trabalhando em nossas vidas desta maneira. Deixa o filho do homem trabalhar.
Arrependimento e fé – Gálatas 2:20
Mateus 28:18-20 – É a tarefa principal, devo me sacrificar quando for preciso e necessário por esta tarefa: Jesus nos mandou fazer discípulos. Pode parecer que haja um atalho para chegar à consolidação, mas não: Jesus nos ordena fazer discípulos.
1. O que é um discípulo?
“E façam com que sejam meus seguidores”, em outra tradução deste mesmo texto. Consegues perceber quão séria é esta tarefa? Nós cooperamos com o Senhor na tarefa de que as pessoas sigam Jesus. É como uma cirurgia plástica delicada, se você não tiver cuidado pode-se ficar além ou aquém. Quantos de nós nos apossamos dos discípulos? Quantos de nós não os fizemos nossos seguidores? Devemos fazê-los seguidores dEle.
Como fazer com que um ser humano seja seguidor de Jesus? Nossa responsabilidade aumenta e muito. Fui chamado para uma tarefa que foge da minha força, só através da nossa dependência dEle podemos cumprir esta tarefa.
2. Quem coopera para que eu seja seguidor de Cristo?
O posto mais alto que podemos alcançar é o de Cooperador (1 Coríntios 3:9). Não é fácil ser ajudador. Dependendo do caráter do ajudador ele pode achar que o chefe não esta fazendo um bom trabalho. Somos cooperadores de Jesus. As coisas precisam ser resolvidas com Jesus.
3. O que é necessário para sermos seguidores de Jesus Cristo?
Jesus usava uma linguagem, que nós conhecemos bem, que tem tudo a ver com discípulo: quando ele diz “segue-me”, ele dá uma ideia de uma coisa dinâmica e não estática, vai muito além do grupo caseiro. Jesus nos mandou fazer discípulos e não grupos caseiros. Não digo que devemos acabar com os grupos, mas devemos ver bem estas coisas.
Esta coisa dinâmica: “vinde após mim” e/ou “segue-me”, nos revela um Jesus focado na vontade de Deus, e as pessoas vinham atrás. Era uma amorosa ordem.
Então para segui-lo teremos que ter três partes de uma mesma atitude (3 em 1):
a. Negar-se a si mesmo,
b. Tomar a cruz diariamente; e
c. Segui-lo.
Em Mt 16:24 vemos que Jesus disse isto aos seus discípulos. Em Marcos 8:34 diz: convocando a multidão e os discípulos. Já em Lucas 9:23 Ele dizia a todos (multidão e discípulos). Então, a mensagem era para qualquer um.
“Se alguém quer“ – isto toca na vontade. É alguém que segue o Mestre em toda parte e em todo lugar, não só sob as vistas dos pastores e discipuladores. Ele enxerga Jesus. Ele está seguindo Jesus em toda parte e lugar, mesmo diante das mais difíceis circunstâncias. Ele sabe com quem está compromissado.
Estas eram as primeiras palavras de Jesus a alguém que desejava ser discípulo. E isto não mudou. Continua assim ainda hoje.
As duas primeiras (“a” e “b”) tratam com o nosso EU (Ele não está dizendo quem quer fazer parte de um grupo caseiro, de uma denominação). Ele começa mexendo com a coisa mais preciosa que o homem tem que é o seu EU. É muita presunção estarmos cheios de nós mesmos e acharmos que somos discípulos de Jesus.
A terceira (“siga-me”) fala de fé. Você segue alguém em quem você não confia? Obedece alguém em quem tem dúvidas e questionamentos?
A maior barreira que nós temos, talvez a única, somos nós mesmos. Se não for desta forma não tem como! O Senhor tem me mostrado o quanto cheio de mim mesmo eu sou.
Quero impor minha vontade, proteger a minha vida. O culpado de todo atraso da minha vida até hoje é o meu EU. O Espírito Santo vai me dizendo:
– Desiste dele senão ele acaba com você!
Neste sentimento de auto repugnância o Espírito Santo vai revelando mais de Jesus. Vai me mostrando que estas são pessoas incompatíveis. Um tem que viver e outro tem que morrer. Um tem que ceder o controle ao outro.
4. Conseguindo seguir a Jesus – Lucas 9:26-27 e 23
“Se alguém não aborrece pai e mãe não pode ser meu discípulo” (no texto “aborrecer” é “amar menos”).
Seguir com uma entrega total de fé. Não quer dizer que seja uma proibição, pois ele deseja a salvação de todos. “Não pode ser meu discípulo”, neste texto significa “não consegue ser meu seguidor”. Ele quer que todos sejamos seguidores dele. Não é uma proibição. Jesus quer e tem os recursos para que todos sejam seus seguidores. O que ele quer dizer é o seguinte: sem tirar o EU do centro e sem crer em mim não vai conseguir! Se tem dúvidas, se acha que tem direitos, não vai conseguir ser meu seguidor.
O único problema que tenho SOU EU. Não é a igreja, pastor ou discipulador. Jesus já apresenta o problema: “se alguém”. O EU no centro e a incredulidade tem impedido as pessoas de serem seguidoras de Jesus.
Vivemos um tempo em que os discipuladores têm “peitado” os seus pastores. Usando até a palavra. Cheios de si mesmos, fazendo isto sem um coração cheio de graça. Queremos ser melhores que Jesus. Estamos nos exaltando acima do Filho de Deus, do Mestre, do Senhor.
“Não pode” não é uma proibição. Na realidade Ele fala com muito amor: Desse jeito você não vai conseguir. Na realidade só há uma maneira de conseguir: abrindo mão do eu e da incredulidade.
A minha grande crise é não manipular este processo que é tão fundamental na vida destes aspirantes a seguidores de Jesus. Corro o risco de produzir um aborto espiritual.
Talvez seja necessário alguns entre nós definirmos se somos realmente seguidores de Jesus.
O principio de uma vida abundante está na morte do EU e quando creio totalmente no Senhor Jesus. A mesma mensagem da porta do reino nos acompanhará durante toda a nossa vida.
O padrão do novo testamento
1. Filipenses 2:1-8(5-8) – No começo do v.5 a expressão “mesmo sentimento” é ter a “mesma atitude”, a “mesma forma de pensar” que Jesus teve. Se compararmos com as passagens de Lucas, a expressão “Ele a si mesmo se esvaziou” é “Ele negou-se a si mesmo”. Esta era a forma de pensar dEle. Arrependimento é uma mudança de mente e de pensar. Nós vemos isto nesta passagem em relação a Jesus. Se penso que sou um rei, vou viver como tal: Impondo-me. Esta atitude é diferente da que houve em Cristo.
Há um pastor de uma igreja que está crescendo muito que diz que desistiu de trabalhar com gente viva. Nunca tive esta experiência, mas dizem que trabalhar com gente morta é muito fácil. São pessoas que perderam a vida.
Já e complicado para quem está vivo ser humilhado. E muito menos pensar em humilhar a si mesmo. Jesus se deixou prender, tinha poder para chamar miríades de anjos. Deixou-se levar.
Foi como ovelha muda. Enquanto a minha boca não se fecha, não pára de me proteger. A de Cristo só se abriu para cumprir a vontade de Deus. Eles não conseguiam nem condenar Jesus, então Ele disse: “eu o sou e vocês verão o filho do homem…”, só aí eles tiveram como condená-lo.
2. 1 Pedro 2:22-25 – Pensamos que seguir Jesus é participar dos encontros, ou até ter aprofundando conhecimento das apostilas. E este conhecimento nos enche de orgulho. E Deus percebe isto de longe.
3. 3Jo 1:3-4 – O sentimento de João foi o de estar “feliz em ver os que andam na verdade”. A verdade é que só existe um Deus. A mentira é que o diabo quis ser Deus. Andar na verdade é estar vivendo como discípulo, sendo seguidor da verdade, andando nela.
4. João 1:6-9, 15, 32-51; 3:27-36 – Diferente de João Batista, em João 1:7-9, tem muito discipulador achando que é a luz! Lendo João 1.37, pergunto: A quem segue os teus discípulos? Não devemos carregá-los no colo, devemos fazer com que sejam seguidores de Jesus.
Pergunta: Quantos de nós querem perder os seus discípulos para Jesus?
Eles ficaram com Jesus, João 1:39. Tem discípulo alegando que tem tido problemas porque não tem tido tempo com os seus discipuladores. Não percebe que o seu problema é o EU.
Conseguimos ver o trabalho de João fazendo com que os seus discípulos sigam a Jesus. Apontando Jesus.
Temos investido tanto tempo tratando os discípulos, e quanto mais tratamos mais aparece coisa a ser tratada. Só há uma coisa a ser tratada: quem quer ser meu seguidor a si mesmo se negue!
Conclusão
Eu não tenho nenhum problema além de mim. Se não fosse EU, eu seria uma pessoa muito mais parecida com Cristo.
Se não fosse eu:
- Eu oraria mais;
- Me submeteria mais;
- Seria mais feliz;
- Não teria problemas com o cônjuge;
- Pregaria mais o evangelho;
- Não atrasaria o programa de leitura.
“Se, pois o Filho vos libertar verdadeiramente sereis livres”, João 8:36. De quem devemos nos libertar? De nós mesmos.
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